Por Valdir
José Nogueira...pesquisador/escritor
O senhor Henrique Gonçalves de Lima (Henrique Curinga), residia atrás da casa
do coronel Gonzaga Ferraz, e contava que na madrugada do dia 20 de outubro de
1922, numa sexta-feira, cerca das 4 para as 5 horas da madrugada, fora
despertado pelo ruído de tiros que se fazia ouvir, pensando a princípio
tratar-se de bombas dos festejos religiosos em honra ao Coração de Jesus,
conhecendo em seguida que se tratava de verdadeiro tiroteio o qual se
verificava a pouca distância de sua casa, sendo que perto da mesma se
encontrava um grupo de assaltantes, que para penetrar na residência do coronel
Gonzaga, fizeram dois dos bandidos Vereda e José Dedé, conhecido por Baliza,
escalar o muro e uma vez dentro, sustentar o fogo, para que permitisse ao
restante dos atacantes arrombar o portão de entrada para o quintal do dito
coronel. Que o Sr. João Gomes de Sá, primo e vizinho de Gonzaga, ouvindo o
barulho que fazia os assaltantes junto ao referido portão, saiu para
enfrentá-los no muro que era comum as duas casas dele e Gonzaga.
A senhora Joaquina Izabel de Jesus, filha de dona Izabel Maria da Conceição, no dia do tiroteio foi forçada a abrir a porta de sua residência, dando entrada aos cangaceiros que dali atiravam em direção ao riacho que banha a cidade de Belmonte, dando retaguarda contra a polícia, em benefício dos cangaceiros de Ioiô Maroto.
A senhora Joaquina Izabel de Jesus, filha de dona Izabel Maria da Conceição, no dia do tiroteio foi forçada a abrir a porta de sua residência, dando entrada aos cangaceiros que dali atiravam em direção ao riacho que banha a cidade de Belmonte, dando retaguarda contra a polícia, em benefício dos cangaceiros de Ioiô Maroto.
Os bandidos pouparam a casa de negócio do coronel Gonzaga somente porque sendo
esta situada na esquina de um beco e só tendo entrada pela frente, acontecia
que a defesa ostensiva da cidade, sob o comando do bravo sargento Alencar (José
Alencar de Carvalho Pires) impedia que esse intento fosse então realizado.
Na noite anterior, ao término do tríduo religioso, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, o coronel Gonzaga acompanhou o Padre José Kehrle até a casa Paroquial, lá o reverendo interpelou-o sobre a situação deste com Ioiô Maroto, respondendo o mesmo que estava tudo terminado, pois que Antônio Maroto, irmão de Ioiô, entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviço de seu compadre Ioiô. Na ocasião, o coronel Gonzaga informou para o padre que também havia dispensado um pessoal que por precaução trazia armado em sua residência para garanti-lo. Gonzaga retardou a sua visita ao Padre José Kehrle até as 23 h em virtude de uma chuva que caiu.
Na noite anterior, ao término do tríduo religioso, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, o coronel Gonzaga acompanhou o Padre José Kehrle até a casa Paroquial, lá o reverendo interpelou-o sobre a situação deste com Ioiô Maroto, respondendo o mesmo que estava tudo terminado, pois que Antônio Maroto, irmão de Ioiô, entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviço de seu compadre Ioiô. Na ocasião, o coronel Gonzaga informou para o padre que também havia dispensado um pessoal que por precaução trazia armado em sua residência para garanti-lo. Gonzaga retardou a sua visita ao Padre José Kehrle até as 23 h em virtude de uma chuva que caiu.
O coronel Gonzaga nunca chegou a ser prefeito de Belmonte, embora esse desejo
fosse alimentado com o passar do tempo, o mesmo deixou a sua marca na cidade
como um abastado fazendeiro, o maior comerciante da região, sendo muito bem
relacionado e benquisto, trabalhando sempre em prol do desenvolvimento do
lugar. Em decorrência do problema surgido entre ele e Ioiô Maroto, Gonzaga
andou desejoso de mudar-se definitivamente de Belmonte, chegando a se ausentar
durante um mês, todavia, resolveu voltar a esta cidade, aconselhado pela
poderosa família Pessoa de Queiroz, de Recife, que era sua amiga e o
prestigiava sempre, desejando até mesmo torná-lo prefeito do município de
Belmonte. Contudo, o que se comentava na época, era que, para adquirir amizades
políticas, e por compromisso com o governo, Gonzaga tinha se comprometido a
capturar ou facilitar a captura de Sebastião Pereira e Luiz Padre. O certo é
que Gonzaga voltou para Belmonte ainda mais prestigiado, porém, a ideia da
família Pessoa de Queiroz em torná-lo prefeito abalou os alicerces das duas
facções que polarizava a política local: Carvalho e Pereira. A família
Carvalho, sob o comando do major Joaquim Leonel Pires de Alencar, não aceitaria
nunca perder o poder, adquirido na campanha de 1911 com a ascensão ao governo
do Estado do General Dantas Barreto e a família Pereira andava desgostosa em
decorrência de querelas surgidas entre Gonzaga com Sinhô Pereira e Ioiô Maroto.
De acordo com o depoimento do Sr. Sebastião Xavier de Souza: “O coronel Gonzaga não era político propriamente no município de Belmonte, todavia, dispunha o mesmo de muitos elementos como proprietário e comerciante muito rico, além de ser muito caritativo, podendo então se afirmar ser o pai da pobreza, e conhecido por sua extrema bondade. Que Ioiô Maroto e Gonzaga sempre foram muito amigos, dispondo como se dizia Ioiô Maroto da gaveta de seu compadre Gonzaga.”
De acordo com o depoimento do Sr. Sebastião Xavier de Souza: “O coronel Gonzaga não era político propriamente no município de Belmonte, todavia, dispunha o mesmo de muitos elementos como proprietário e comerciante muito rico, além de ser muito caritativo, podendo então se afirmar ser o pai da pobreza, e conhecido por sua extrema bondade. Que Ioiô Maroto e Gonzaga sempre foram muito amigos, dispondo como se dizia Ioiô Maroto da gaveta de seu compadre Gonzaga.”
Todavia, na sombra, Ioiô Maroto começou a por em prática o seu plano de
vingança. Em suas maquinações e ideias sinistras, começou a aliciar parentes e
moradores seus, cangaceiros, formando um bando capitaneado por ele próprio, a
gente de Tiburtino Inácio (filho do major José Inácio do Barro – CE), bem
conhecido também nos fastos do banditismo e a malta do célebre bandoleiro
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e resolveu atacar Belmonte e assassinar
o seu compadre Luiz Gonzaga Gomes Ferraz.
Pelas nove horas da noite do dia 19 de outubro, Ioiô Maroto saiu de sua fazenda Cristovão com seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde realizaria a empreitada na forma pretendida.
Pelas nove horas da noite do dia 19 de outubro, Ioiô Maroto saiu de sua fazenda Cristovão com seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde realizaria a empreitada na forma pretendida.
De 4 para 5 horas da madrugada, do dia 20 de outubro de 1922, a cidade de
Belmonte era despertada ao ruído de tiros que se disparavam de mais de um ponto
da rua e das suas imediações. O tiroteio ia crescendo de intensidade e duração,
dando a entender, dentro em pouco, tratar-se não de bombas que vinham sendo
frequentes por motivos dos festejos religiosos do Coração de Jesus, mas de
detonações de armas de fogo num verdadeiro assalto.
Naqueles tempos de cangaceirismo, em que ninguém tinha a propriedade e a vida seguras, as povoações, as cidades, não se eximiam desses terrores e era um ataque em regra que se fazia a Belmonte.
O cangaceiro Francisco Vereda foi o autor do disparo que deu fim ao coronel Gonzaga, como também o disparo que pegou de raspão no padre José Kehrle.
Na ocasião, grandes estragos foram realizados no casario da cidade de Belmonte, inclusive na residência do cidadão Quintino Guimarães, onde Ioiô Maroto se aquartelou com a finalidade de dirigir ele próprio o tiroteio, sendo o mesmo o responsável direto por toda a hecatombe.
Naqueles tempos de cangaceirismo, em que ninguém tinha a propriedade e a vida seguras, as povoações, as cidades, não se eximiam desses terrores e era um ataque em regra que se fazia a Belmonte.
O cangaceiro Francisco Vereda foi o autor do disparo que deu fim ao coronel Gonzaga, como também o disparo que pegou de raspão no padre José Kehrle.
Na ocasião, grandes estragos foram realizados no casario da cidade de Belmonte, inclusive na residência do cidadão Quintino Guimarães, onde Ioiô Maroto se aquartelou com a finalidade de dirigir ele próprio o tiroteio, sendo o mesmo o responsável direto por toda a hecatombe.
A casa do coronel Gonzaga foi totalmente saqueada. O prejuízo em dinheiro
ultrapassou os 5 contos de réis, sem falar na mobília quebrada, portas e
janelas, redes cortadas etc. Dentre as joias que foram todas roubadas, os
cangaceiros levaram um anel de brilhante pertencente e usado pelo coronel
Gonzaga, que dizem ter sido visto depois em um dos dedos de um cangaceiro de
chapéu desabado e alvacento, identificado como o bandoleiro Lampião.
Ainda pouco explorado, a morte do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz é considerado como um marco na história do cangaço, pois assinala o fim definitivo da era Sinhô Pereira e o início da trajetória de Lampião como líder. Fato curioso na própria história do cangaço, Lampião participar da hecatombe de Belmonte, uma vez que o mesmo não tinha praticamente nada a ver com toda aquela briga e ao mesmo tempo tinha em virtude de possuir inimigos que eram também da família do coronel Gonzaga, na região de Nazaré do Pico, em Floresta.
Ainda pouco explorado, a morte do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz é considerado como um marco na história do cangaço, pois assinala o fim definitivo da era Sinhô Pereira e o início da trajetória de Lampião como líder. Fato curioso na própria história do cangaço, Lampião participar da hecatombe de Belmonte, uma vez que o mesmo não tinha praticamente nada a ver com toda aquela briga e ao mesmo tempo tinha em virtude de possuir inimigos que eram também da família do coronel Gonzaga, na região de Nazaré do Pico, em Floresta.
De acordo com o Delegado Regional Francisco Menezes de Melo, a relação nominal
dos indivíduos que tomaram parte no assalto a cidade de Belmonte em 20 de
outubro de 1922. Consta que muitos indivíduos tomaram parte no ataque, mas
ignora-se ao certo o nome ou sinais característicos de cada um.
1 – Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto – foragido em Princesa)
2 – Virgulino Ferreira da Silva (Lampião – foragido)
3 – José Terto (Cajueiro)
4 – Antônio Carnélio
5 – José Bizarria
6 – José Theotônio da Silva (José Preto)
7 – João Porfírio
8 – Feliciano de Barros
9 – Antônio Padre (filho de Padre Pereira)
10 – Pedro José Clemente (Pedro Caboclo)
11 – Antônio Pereira da Silva (Toinho da Cachoeira)
12 – Francisco José Verêda (Verêda)
13 – Tiburtino Inácio
14 – Antônio Moxotó
15 – José Dedé (Baliza)
16 – Meia Noite
17 – José Ovídio
18 – Papagaio
19 – José de Tal (Caneco)
20 – Miguel Cosmo
21 – Raimundo Soares do “Barro”
22 – Antônio Ferreira da Silva
23 – Livino Ferreira da Silva
24 – José de Tal (Caboré)
25 – Cícero Costa
26 – Terto Barbosa
27 – José Benedito
28 – Manoel Barbosa
29 – Olímpio Benedito (Olímpio Severino Rodrigues do Nascimento)
30 – Francisco Barbosa,
31 – José Araújo (Dé Aeaújo)
32 – José Flor (Manjarra)
33 – Antônio Caboclo (Ponto Fino)
34 – Laurindo Soares (Fiapo)
35 – Manoel Benedito
36 – Antônio Pereira da Silva
37 – João Cesário (Coqueiro)
38 – Sebastião de Tal (Sebasto)
39 – Manoel Saturnino
40 – Beija Flor
41 – Pilão
42 – Lino José da Rocha
Toda essa
história foi vivida e relembrada durante o Seminário do CARIRI CANGAÇO que
aconteceu em São José do Belmonte entre os dias 11 a 14 de outubro de 2018.
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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