Por José Mendes Pereira
Em
1927 Lampião resolveu invadir Alagoas, alegando que era protestando contra Zé
Lucena por ter assassinado o seu pai, e Zé Saturnino, que segundo ele, era o
causador das declinações da família Ferreira, privando o direito deles serem
felizes onde moravam, obrigando-os a fugirem de Pernambuco, e os empurrando
para as terras alagoanas.
Zé Lucena que segundo Lampião assassino u seu pai
Em
Pernambuco, ele e os seus familiares deixaram para trás tudo que haviam
adquirido com muito esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente
sonhos e muitos sonhos que pretendiam realizar.
Já
residindo em Alagoas passaram por dois grandes desgostos: o primeiro foi
quando viram a mãe cair em depressão. Ela se sentindo desgostosa com o
desrespeito do Zé Saturnino, por ter afetado o caráter de José Ferreira da
Silva, seu coração não aguentando as maldades, faleceu em 1920.
Zé Saturnino o primeiro inimigo de Lampião
O
segundo e mais doloroso foi quando viram o pai envolvido em um horroroso lençol
de sangue, todo crivado de balas pelas armas do tenente Zé Lucena.
Os
desrespeitos que surgiram contra a sua família deixaram ele e seus irmãos sem
rumo e sem decisões para enfrentarem as maldades dos perseguidores.
Dizia
o rei que o principal culpado das suas desventuras era o Zé Saturnino por não
ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais
na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreira. Se o fazendeiro tivesse
assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem
embrenhados às matas, escondendo-se dos policiais.
Foto dos escombros da
casa da fazenda Pedreira do velho Saturnino
O
rei ainda se lastimava que todos os seus antes amigos viviam passeando pelas
redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente
aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os
outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos
divertimentos que o povoado oferecia. Infelizmente teriam que passar a vida
inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras,
dormindo no chão, misturados com caranguejeiras, lacraias, cobras e no meio de
combates tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes,
fome, fome e muita fome, vivendo um horroroso
sofrimento.
Lampião
assumia o seu feito dizendo que antes da morte do seu pai já havia praticado
crimes. E em um desses, findou a vida de um sujeito que lhe roubara uma das
suas cabras. Mas que todos que o julgavam como um bandido cruel entendessem o
porquê da sua prática criminosa. Fizera isso para defender o que lhe pertencia, e em
prol de sua própria honra. Se ele não defendesse o que era seu, com o passar
dos tempos, todos iriam querer pisá-lo como se ele nada valesse na vida.
Lampião
alegava ainda que se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena
para assassinar o seu pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um
bandoleiro, e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer ou outra
coisa parecida. Ou ainda teria se casado e construído uma linda e maravilhosa
família.
E
agora, depois das grandes decepções que passaram principalmente a morte do pai,
como os irmãos Ferreira se vingariam das maldades que fizeram contra
eles?
Lampião e seus manos decepcionados fizeram um juramento: o seu luto, até a
morte, iria ser o rifle, a cartucheira e os tiroteios. E a partir dali,
decidiram que a solução seria magoar todo povo que morava em Alagoas,
vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, uma desordem a mais
não influenciava nada.
E
a partir de 11 de janeiro de 1927, partiram para bagunçarem o Estado de
Alagoas, onde destruíam tudo que viam pela frente. E geralmente rios de sangue
ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam.
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Fonte de
pesquisa:
"Lampião
Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos"
Alcindo Alves
da Costa.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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