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sexta-feira, 1 de maio de 2020

SERESTA, AMOR E TRAGÉDIA.


Por João Filho de Paula Pessoa

Gitirana era um cangaceiro com dons artísticos, era seresteiro, repentista, fazia poemas, tocava, cantava e dançava. Entrou no cangaço em 1937, no grupo de Corisco, para vingar a morte de seu pai, morto por um volante. Em 1938 encantou-se e envolveu-se, clandestinamente, com Cristina, mulher do Cangaceiro Português, chefe de outro sub grupo. A Traição foi descoberta e discutida no bando, a regra para traição era a morte, sendo que, desta vez, o amante da história era cabra de Corisco e Português era conhecido como covarde. 

Corisco sabia que ele não trataria a coisa de “homem para homem”, pois percebeu seu conluio com Catingueira para que este matasse Gitirana em seu lugar, e sabia que seria pelas costas como já fizeram antes com um cabra de seu grupo e, como isso, intercedeu dizendo que Português cuidasse de sua mulher, que de seu cabra cuidava ele. 

O clima ficou tenso entre os bandos, Cristina pediu a Corisco para ficar em seu grupo, pois gostava de Gitirana, mas este negou dizendo que isso só pioraria a situação entre os grupos. 

Maria Bonita se manifestou pela punição de Cristina para não desmoralizar Português, Lampião apoiou Corisco, e Português ficou encarregado de aplicar sua lei e limpar sua honra por conta própria. 

Diante da tensão do caso, Corisco mudou-se de coito com seu grupo, dentre estes Gitirana. Cristina permaneceu no acampamento e alguns dias depois Lampião mandou um coiteiro conduzi-la de volta à sua casa. 

No caminho, foram emboscados por três cangaceiros e Cristina foi morta à facadas e enterrada em cova rasa, por encomenda de Português que não se fez presente no ataque. Uma semana após à morte de Cristina houve a emboscada de Angico que matou Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. 

Gitirana continuou no Cangaço com Corisco e em 1939 conheceu a jovem Maria de Jesus, com quem se afastou do bando. Em 1940 foi preso em Salgueiro/Pe e levado para Salvador/BA, onde cumpriu pena e foi anistiado pelo Governo. Morreu tempos depois de tuberculose. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 13/01/2020.


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