Por Osvaldo Abreu (Abreu)
Alto da Compadecida, 30 de janeiro de 2021
Incrível muita gente a falar de mim,
Mas sempre a tirar proveito,
Fala que fui ruim
E se acha bom sujeito.
A humanidade sempre vai ser assim,
Atire um umbu quem não tem defeito?
Vivi na época do sertão sofrido,
Pobre a fugir da fome e seca,
O pobre era morto e ferido,
Vida de compaixão, falta de pão na mesa.
O sertanejo não era ouvido,
O coronel podia tudo com certeza.
Acusa-me de arruaceiro,
Fui almocreve sertão afora,
Na estrada, fui tropeiro.
Sonhei em tocar viola,
Mas fui sanfoneiro.
Já toquei pra senhor e senhora.
A Justiça não pode ser demorada,
Vi morrer minha mãe e meu pai.
A injustiça deixa a alma revoltada,
Triste do homem que perde a paz,
Fica perdido tal qual um cego na estrada.
Com a intranquilidade tudo se desfaz.
Sou Virgolino, sou Lampião...
Continuo a existir.
Tudo não se vai no caixão,
Há um além de muito brilho e luzir.
Sou herói ou bandido, é a discussão,
Noutro mundo estou, que é o seu seguir.
LAMPIÃO -1936
Foto de Benjamin Abraão
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