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domingo, 18 de abril de 2021

MIGUEL SARAIVA, PERSONAGEM EMBLEMÁTICO DA HISTÓRIA LAMPIÔNICA DE AURORA.

Por Por José Cícero

Quando se vai discorrer sobre as últimas duas passagens de Lampião e seu bando pelo município de Aurora no Cariri cearense e, principalmente, no que se refere a terrível trama para à invasão de Mossoró no ano de 1927 é preciso nunca esquecer do papel exercido pelo rurícola e vaqueiro Miguel Saraiva do Diamante.

Um personagem que, embora ainda hoje seja pouco conhecido e quase nunca relatado na literatura do fato, pelo menos, a altura da real importância que desempenhou para o desenrolar dos acontecimentos. Antes, durante e depois(junho e Julho) da fracassada invasão à cidade potiguar. Que, ao lado de Angico, foi um dos pontos mais relevantes e discutidos da história do cangaço nordestino

De modo que é preciso por conta desta lacuna histórica, lançar nova luz sobre a famosa reunião ocorrida na fazenda Ipueiras de propriedade de Zé Cardoso e do coronel Isaías Arruda, dois afamados coiteiros do rei do cangaço da região, assim como o coronel Santana da Serra do Mato em Jamacuru, Missão Velha.

No encontro da Ipueiras estiveram presentes, além dos dois proprietários e de Lampião com parte do seu bando, Massilon Leite e Júlio Porto, este último, como representante do potentado Décio Holanda de Pereiro.

Há rumores, inclusive, de que outros ricaços tb participaram da reunião.Uns, com interesses financeiros e outros, de caráter meramente políticos.

Presente ou não no citado encontro da Ipueiras, Miguel Saraiva foi a ponte confiável de comunicação entre Lampião e o coronel. Dado que, Virgulino nunca pernoitou de fato, nem ficava muito tempo na fazenda de Cardoso, visto que a mesma era muito próxima da cidade que já possuía a estação de trem e o aparelho de código morse, duas coisas que não agradavam o temido e experiente cangaceiro.

De modo que, todas às vezes que esteve em Aurora. Lampião preferiu a segurança do coito oferecido por Miguel Saraiva no serrote do Diamante a ficar na tal fazenda.

O serrote do Diamante era um local distante, inóspito e de difícil acesso. O que garantia segurança, melhor descanso e tranquilidade para o bando, além de ser um lugar bastante elevado que possibilitava uma boa visão do ambiente no seu entorno pelos olheiros de plantão. Como ainda, a farta alimentação oferecida por Saraiva, Cardoso e o coronel.

Desconfiado como era, Lampião num primeiro momento só confiava nas informações de Miguel Saraiva. Assim, o mesmo logo se transformou no homem de confiança do cangaceiro.

De sorte que, toda comunicação, recados, alimentos, contatos pessoais, armas e munições entre o QG da Ipueiras e o Diamante eram feitos por intermédio de Saraiva sob às ordens expressas de Lampião.

Cumpre destacar ainda que alguns jagunços de Aurora precisamente do riacho das Antes, bem como do próprio bando particular do coronel Isaías Arruda também se juntaram aos de Lampião para a empreitada do rio grande. Mas antes tiveram necessariamente que ter o confiável aval de Miguel Saraiva. Do contrário, segundo dizem, Lampião não aceitaria como forma de evitar algum engodo no aspecto de espionagem.

Existem tb algumas informações esporádicas de que durante o cerco da Ipueiras, no retorno do bando de Mossoró, Lampião com os seus, só não foi envenenado durante o episódio da comida oferecida, porque Miguel Saraiva não concordou com tal ação. Tendo alertado o rei do cangaço sobre a suposta tentativa de envenenamento. Os cangaceiros milagrosamente conseguiram se safar de ambos os planos com o objetivo de dar cabo de Lampião.

Além do cerco e do tiroteio que se seguiram e que culminou com o Incêndio da 'manga', esta foi mais uma estratégia fracassada dos que tentaram prender ou aniquilar Lampião.

Tendo assim Saraiva salvo a vida do chefe cangaceiro e por via de consequência de todos os que compunham o seu bando.

Miguel Saraiva dos Santos, leal e autêntico trabalhador do eito sertanejo da Aurora, morreu aos 62 anos de ataque cardíaco. Deixou uma grande prole familiar, quer seja, 22 filhos: 17 homens e 5 mulheres dos quais atualmente apenas 6 ainda se encontram vivos, residentes nas cidades de Aurora, Barro e Juazeiro do Norte.

# Prof. José Cícero

Escritor, poeta e pesquisador.

> foto: Miguel Saraiva e sua esposa Josefa Saraiva dos Santos.

cortesia do amigo V. Zelto, neto do casal.

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