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sexta-feira, 4 de março de 2022

A MORTE DO SARGENTO DELUZ – PARTE IV

 Por José Mendes Pereira


Diz o escritor Alcino Alves Costa que nada desabonava a conduta do militar junto a Lampião, ou qualquer outro cangaceiro, assim como existiam  volantes acusados de envolvimentos amigáveis com cangaceiros. O que se sabia, era que o sargento Deluz era respeitado no meio militar, e mantinha pequenas amizades com influentes figurões da época. Dizem que ele era protegido de um senhor chamado Ercílio Britto, de outro Antônio Britto e outros e outros com estreitas amizades.
Se o Deluz não tivesse criado tamanha desavença com os familiares de Dalva, sua esposa, tudo teria dado certo, mesmo ele sendo um bruto... 

O conflito tinha tomado força e seria muito difícil, os envolvidos, tanto de um lado como do outro, abrir mão dos seus direitos. Todos queriam que a paz voltasse a reinar, e estavam preocupados, e sabiam que aquela confusão não iria terminar bem. 

Os filhos de João Marinho só gostavam mesmo era de trabalhar nos roçados, campeando o gado da fazenda, e vez por outra, correrem atrás de bois brabos naquelas caatingas. Os filhos do fazendeiro eram afamados derrubadores de touros que  faziam tremer o chão daquele sertão do cipó-de-leite, do xiquexique...

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Toda aquela infelicidade começou assim que Dalva resolveu casar com o Deluz. Mas não foi só isso. O irmão dos Marinhos, que chegara do Rio de Janeiro, havia morrido de repente, num desmaio durante uma carreira que fizera atrás de umas bestas. E depois deste acontecimento, o velho João Marinho estava ficando alquebrado com tantas provações. Mas ele e os filhos não iriam baixar a cabeça para o sargento Deluz. 

O delegado era um todo poderoso, mas João Marinho e os filhos não eram covardes, para aceitarem tamanha humilhação. O sargento Deluz decidiu, e logo resolveu demarcar as suas terras, porque era casado com a filha do fazendeiro, por isso, se achava com direito para tal fim. Mas os do Brejo não aceitavam que isso fosse feito.

E com gênio bastante forte, dona Maria Gomes, esposa do João Marinho, e sogra do sargento Deluz, inconformada com a atitude do genro, disse sem medir o tamanho das palavras, que ele estava querendo roubar-lhes as terras que pertenciam ao João Marinho. Agora o bicho tinha aumentado de tamanho, acusação perigosa.  Essa situação já era de se esperar. Mesmo os Marinhos sendo família calma e tranquila, não iriam deixar que aquela confusão fosse mais adiante, sem uma solução, ou pacífica ou talvez pior, morte no meio daquela gente.

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Ao saber da acusação que fizera dona Maria Gomes contra si, o sargento Deluz tomou uma decisão: Intimidá-la para repetir o que havia dito contra ele. E sendo ele bruto e o grande poderoso daquela região, por ser delegado do destacamento, ainda afirmou que assim que ela se apresentasse aos seus pés na delegacia, dar-lhe-ia uma surra. Aquelas palavras ditas pelo o sargento Deluz não iriam ficar só naquilo. Dona Maria Gomes além de ser a matriarca daquela conceituada família, pertencia aos Gomes de linhagem famosa.

 O delegado podia ficar sabendo que a sua intimação iria ser cumprida e honrada, mas, em vez de dona Maria Gomes ficar em sua frente, lá na delegacia, quem iriam ficar diante dos seus olhos, era o João Marinho e os seus filhos. E foi assim que aconteceu. João Marinho e dois filhos o Totonho e o Jonas foram atender a injuriosa intimação de um delegado poderoso, desajustado e arrogante.

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Assim que o João Marinho chegou ao quartel em companhia dos dois filhos, o delegado estava tirando um pouco da sujeira dos seus pés, e ao vê-los, ficou um pouco surpreso, e se perguntando consigo mesmo, que  tinha intimidado a sogra, e apareceram o sogro e dois filhos!

- Delegado Deluz, a Maria não pôde vim, assim eu vim com meus filhos para apanharmos da autoridade.

O delegado não teve tempo de responder nada, porque o João Marinho e os filhos  atracaram o famoso xerife, derrubando-o ao chão e dominando-o por completo. O João Marinho tinha enlouquecido e estava dominado pelo ódio. E num momento, puxou um canivete e tentou sangrar o genro. Mas os dois filhos Totonho e Jonas não deixaram que o pai assassinasse o seu genro sargento Deluz. Felizmente, os soldados chegaram ao local e apaziguaram aquela terrível situação sem se intrometerem na confusão de parentes. Os policiais retiraram o sargento do local. Os Marinhos montaram em seus cavalos e retornaram para o Brejo.

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Um dos casos que tinha acontecido muito antes deste agarra, agarra do João Marinho  e filhos contra o sargento Deluz, foi com a geniosa Mariinha, irmã da Dalva do Deluz, e esposa do João Maria Valadão. Aproveitando que um soldado de nome Quixabeira fora à fazenda do marido Valadão, no Olho D’água, receber um carneiro (possivelmente doado ao sargento Deluz), Mariinha agrediu com todo tipo de palavras o cunhado Deluz.

Sabedor das ofensas o Delegado Deluz mandou intimar o concunhado, e pede que ele dê uma surra na sua esposa. A proposta do delegado não foi aceita pelo Valadão, e lhe disse que jamais tocou um dedo na esposa. E achava que o delegado estava mesmo era ficando maluco. Dada a resposta, o Valadão saiu da presença do Deluz e foi embora. O militar ficou remoendo o ódio dentro de si, e ainda, prometeu que a família de Dalva, sua esposa iria pagar caro por isso.

Continuarei amanhã!

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