Por José Mendes Pereira
Foi nesta cidade de Brejo do Cruz, no Estado da Paraíba, que o famoso cantor José Ramalho nasceu e foi criado, entre as imediações desta Pedra de Turmalina e no terreiro da Usina, segundo diz o artista em sua linda música Avôhai.
Avôhai é um neologismo idealizado pelo cantor e compositor brasileiro José Ramalho Neto, conhecido por Zé Ramalho, e consiste na aglutinação das palavras “avô” e “pai”.
De acordo com a história divulgada na biografia do artista – “Zé Ramalho: o poeta dos abismos” – esta palavra teria surgido durante uma experiência com drogas alucinógenas.
É filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora do ensino fundamental, e Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, que era seresteiro. Quando o Zé tinha dois anos de idade, seu pai faleceu afogado em uma represa no município de Teixeira, no sertão da Paraíba, e com o desaparecimento do pai, passou a ser criado por seu avô de nome também Zé Ramalho. O avô desempenhou um importante papel paterno para o cantor.
O cantor homenageou o seu avô na canção "Avôhai". Após passar a maior parte da sua infância em Campina Grande, sua família se mudou para João Pessoa. Zé ingressou no curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba.
Na interpretação de Zé Ramalho, o “avôhai” é a sabedoria que consegue passar por gerações, seja de avô para pai, pai para filho, ou mesmo avô para filho.
“Um velho cruza a soleira / De botas longas, de barbas longas / De ouro o brilho do seu colar / Na laje fria onde coarava / Sua camisa e seu alforje / De caçador / Oh meu velho e invisível / Avôhai / Oh meu velho e indivisível / Avôhai / Neblina turva e brilhante / Em meu cérebro, coágulos de sol / Amanita matutina / E que transparente cortina / Ao meu redor / Se eu disser / Que é mei sabido / Você diz que é bem pior / E pior do que planeta / Quando perde o girassol / É o terço de brilhante / Nos dedos de minha avó / E nunca mais eu tive medo / Da porteira / Nem também da companheira / Que nunca dormia só / Avôhai! / Avôhai! / Avôhai! / O brejo cruza a poeira / De fato existe / Um tom mais leve / Na palidez desse pessoal / Pares de olhos tão profundos / Que amargam as pessoas / Que fitar / Mas que bebem sua vida / Sua alma na altura que mandar / São os olhos, são as asas / Cabelos de avôhai / Na pedra de turmalina / E no terreiro da usina / Eu me criei / Voava de madrugada / E na cratera condenada / Eu me calei / E se eu calei foi de tristeza / Você cala por calar / E calado vai ficando / Só fala quando eu mandar / Rebuscando a consciência / Com medo de viajar / Até o meio da cabeça do cometa / Girando na carrapeta / No jogo de improvisar / Entrecortando / Eu sigo dentro a linha reta / Eu tenho a palavra certa / Pra doutor não reclamar / Avôhai! Avôhai! / Avôhai! Avôhai!”
https://chrisfuscaldo.com.br/2010/02/09/a-foto-de-avohai-as-primeiras-historias-sobre-ze-ramalho-e-a-materia-do-jornal-da-paraiba/
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