Por Aparício Fernando
https://www.youtube.com/watch?v=vzPBrbUL2OI
Professora Luitgarde desabafa verdades na comissão de educação que o governo insiste em esconder da população do Estado do Rio de Janeiro.
Aos 70 anos, a antropóloga Luitgarde recebe homenagem da Cátedra
A pesquisadora se aposenta após 40 anos de docência; sem as obrigações do trabalho, pretende ler mais livros e produzir artigos sobre suas paixões: o sertão e Padre Cícero
Por Roberto Bueno Mendes
Luitgarde não aceita desaforo. Criada no sertão de Alagoas, desde sempre foi atrás de seus sonhos. Autodidata, aos quatro anos já sabia ler. Levou um choque ao chegar à Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, e ver como os alunos daquela instituição sabiam -- ou nada sabiam --, sobre o Nordeste e as personagens da região. Daí começou uma militância para mostrar ao mundo as histórias do sertão e dos seus protagonistas.
O "Painel evocativo dos 70 anos de vida da antropóloga Luitgarte Oliveira Cavalcanti Barros" realizado pela Cátedra contou com a presença de amigos e admiradores da intelectual, que destacaram as contribuições da homenageada à antropologia e à valorização da identidade regional.
Destacam-se as apresentações de Magali do Nascimento Cunha, professora do PósCom da Metodista, que contou a trajetória da pesquisadora; Leonildo Silveira Campos, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade, que destacou a contribuição da professora sobre a imigração de moradores da região Nordeste para a região Sudeste como um dos fatores responsáveis pela ampliação das igrejas pentecostais; a doutoranda Sonia Jaconi, relatando os outros desafios de Luitgarde, como o de "ser mulher e ser do sertão"; por fim o mestrando Iury Parente Aragão, do PósCom, que se refere aos estudos da antropóloga sobre santificação não-canônica de fieis e religiosos, ou seja, a canonização feita pelo povo. Ao final do painel, Luitgarde fala sobre a sua dedicação de 30 anos aos estudos do Padre Cícero, e a sua relação com a religião, a família e os amigos.
PercursoNascida em Santana de Ipanema, Alagoas, em 1941, Luitgarde tem um papel importante nos estudos da religiosidade do brasileiro, especificamente na dos moradores da região Nordeste. Estudou em Maceió -- capital de Alagoas -- e depois cursou faculdade no Rio de Janeiro, na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ao se aposentar, não pretende deixar de produzir, porém, o bom é que agora não terá mais a "obrigação" de quem é ligado a uma instituição. Pretende ler os livros que ainda estão intactos em sua biblioteca e elaborar artigos sobre os assuntos que gosta.
A sua família era moradora do "polígono da seca", mas proprietária de uma fazenda e de uma mercearia; Luitgarde aprendeu a ler praticamente sozinha, ao pegar, escondida, os livros dos irmãos mais velhos, os quais já iam à escola. No fim dos anos 1960, sofreu um grande impacto ao chegar à Faculdade Nacional. Lá, ela foi hostilizada pelos alunos e, mesmo perseguida por ser nordestina e por suas convicções religiosas - ela é católica - , não desistiu de sua empreitada.
Devido a sua origem, os trabalhos de Luitgarde sempre foram voltados à religião na sociedade brasileira, principalmente, a da região Nordeste do país. Os estudos dela foram norteados pelos escritos de Antonio Gramsci e divulgados através de livros, como "A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão", cujo texto mostra os caminhos percorridos por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o mais famoso cangaceiro do Brasil e do irmão dele, que acabou se tornando religioso.
Luitgarde ainda fez críticas a alguns jornalistas que se aproveitam dos trabalhos acadêmicos, escrevem biografias de personagens importantes e não revelam os pesquisadores que às vezes dedicam suas vidas ao estudo de uma personalidade. Para ela, "pode ser comunicador, mas não pode mentir".
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