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terça-feira, 15 de novembro de 2011

PADRE AMÉRICO SIMONETTI

ASSU - 21/12/1929 - MOSSORÓ, 05/10/2009
PE. AMÉRICO SIMONETTI - HÁ 50 ANOS UM ARAUTO DA FÉ (PUBLICADO NO DIA 10.12.2006 - JORNAIS "O POTI" -CADERNO CIDADES PÁG. 07 E "GAZETA DO OESTE " CADERNO CIDADES PÁGINA 08)
É motivo de júbilo, para todos que o conhecem, a passagem dos cinquenta anos de sacerdócio do Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, assuense, filho do professor Alfredo Simonetti e de Dª. Maria Augusta de Sá Leitão Simonetti, ele, nascido em 21.12.1929.
Desde os 10 anos de idade, já órfão de pai, havia recebido de ambos a prática da religiosidade, sendo irmão de outro sacerdote,
o Pe. Alfredo, e de uma freira do amor divino, Irmã Angelina, ambos já falecidos.
São igualmente religiosos praticantes os seus outros irmãos José Nazareno, Salete e João Batista. Ingressou no Seminário de Santa Terezinha, em Mossoró, posteriormente cursando Teologia e Filosofia, no Seminário Central de São Leopoldo - RS. Ordenou-se e celebrou sua primeira missa, em sua terra natal (Assu-RN), em 02.12.1956, assumindo o serviço catequético da Paróquia, no auxílio ao saudoso
Monsenhor Júlio Alves Bezerra, tendo impressionado, de logo, ao bispo da época, Dom Elizeu Simões Mendes.
Com a sua transferência para Mossoró, no início do ano de 1962, e já se vão 44 anos, traz consigo, como bandeira de trabalho, a instalação de uma emissora de rádio católica para dar propagação à mensagem da igreja, até então levada através dos púlpitos dos altares e das amplificadoras de som, estas últimas já no desuso em cidades de médios e grandes portes. Como estudante do Colégio Diocesano Santa Luzia, acompanhei a sua destemida luta, sendo eu próprio escalado por
Padre Sátiro Dantas, diretor do Colégio e outro grande nome do clero no Estado, para, no âmbito estudantil, ajudá-lo. Principalmente no que diz respeito à aliança de recursos financeiros que tornassem viável a consecução do projeto. Afora as ajudas individuais das paróquias e fiéis, Padre Américo contou, apenas, com o sorriso carinhoso e santo de
Dom Gentil Diniz Barreto, bispo diocesano, que passou a gostar da novidade, mas serenamente lhe parecia de difícil alcance. Desde a criação da Diocese, em 28.07.1934, aparecia então a melhor ideia para difundir a fé. Padre Américo, depois de uma hercúlea faina só possível aos de fé, testemunhou em 02.04.1963, como seu diretor superintendente, a Rádio Rural de Mossoró ser inaugurada pela mais alta autoridade da nação - o presidente da República João Belchior Marques Goulart.
João Goulart
Passou este veículo de comunicação a realizar uma inaudita colaboração de evangelização e alfabetização, de Macau a São Miguel e Pau dos Ferros, de Alexandria a Aracati-CE, preenchendo uma lacuna no Movimento de Educação de Base - MEB, criando programas de informação, de religiosidade e de entretenimento. Bastaria a Rural para justificar o seu testemunho pela doutrina. E se nos falta hoje o santo Dom Gentil, já no convívio dos céus, vivos estão Euclides Moraes, François Paiva, Emery Costa, Seu Mané, Donato de Castro, José Nilson Rodrigues, Neuza Medeiros, Zilda Gê, além de, em nome da própria Sé, Padre Sátiro e o bispo emérito Dom José Freire, para citar alguns dos que o acompanharam na grande batalha.
Dom José Freire
Com o surgimento dos Secretariados Diocesanos, de sua lavra, surge o trabalho de Cáritas, conduzindo a missão de atender com alimentos os alojados no numeroso bloco da exclusão social, já nos anos sessenta, distante ainda do advento do atual bolsa-família, levando-lhes, à frente de tudo, a palavra de Deus. A criação do Clube da Juventude, no anexo do Santuário do Coração de Jesus, onde hoje funciona a Cúria Diocesana, para encaminhar os mais jovens na larga estrada preconizada pelo Pai, foi outro notável serviço do seu ministério.
Como vigário geral da Diocese, e como pároco de Santa Luzia, substituindo ao inesquecível catarinense - culto e profundo na religião - Monsenhor Huberto Brunning, a quem a cidade tanto ficou devendo, Padre Américo se houve com dinamismo e sem fadiga, continuando a dar brilho e encantamento à festa da nossa excelsa padroeira, virgem, mártir e heroína. Testemunhei, em algumas oportunidades, ele num mesmo dia celebrar missas em Itaú e Areia Branca, depois de fazer o seu "Comentário da Rural" e despachar assuntos inadiáveis na Cúria, sendo um incansável, obstinado em tudo que diz respeito à Igreja, até como motorista do carro que o conduzia para tantos eventos e compromissos religiosos. Na casa dos meus pais, ainda na minha juventude, foi uma presença marcante. Sempre disponível, principalmente nas nossas horas mais difíceis, como na morte prematura e trágica de um irmão meu, no vigor dos 17 anos de idade, no grave e penoso acidente de uma irmã, menina nos seus 14 anos, na angústia torturante da funesta doença e, posterior, morte dos nossos ascendentes, Padre Américo nos ajudou com uma palavra firme de fé, atenuando o nosso sofrimento e nos remetendo à resignação. A ele recorri várias vezes, uma delas para ministrar o meu matrimônio com Niná, sua conterrânea, amiga e admiradora, e no batismo do neto-filho Pedro Henrique, e o sacerdote sempre disposto a me reassentar. Eu, que desde a primeira comunhão em 1953 - sou católico fervoroso e praticante. Conheço outros exemplos, onde ele exerceu o mesmo ofício em centenas de lares. Padre Américo era, e continua sendo, a igreja presente na casa do cristão. O seu desprendimento pelos valores materiais é inconteste. A sua prática não indica qualquer contradita a minha assertiva. Em 1968 foi um dos luminares que deu a sua rica biografia para, como docente no Curso de Letras, criar a Universidade Regional do Rio Grande do Norte, tendo, em algumas oportunidades, o seu nome cotado para ser reitor, e até lançado pelo povo pobre, forte candidato a prefeito municipal, nunca tendo aceito tais nobrezas. Tanto assim que, passados alguns anos, deixou a cátedra e o salário (hoje aposentadoria) que tanta falta lhe faz na velhice, precisando da atenção de um irmão sanguíneo para ter uma modesta casa aonde, futuramente, venha a descansar. A Deus e aos homens ele sempre servirá. No evangelho - João 12.24.26 - encontramos Jesus dizendo "Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem não se apega a sua vida neste mundo, há de guardá-la para a vida eterna". Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, com os possíveis defeitos que lhe queiram atribuir, - pois ele é humano - guardou a sua vida para a eternidade. Há 50 anos é um arauto da fé.
Padre Américo faleceu na cidade de Mossoró no dia 5 de outubro de 2009, Numa segunda feira.




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