O confrade Rubens Antonio membro da comunidade do Orkut Cangaço, Discussão Técnica nos brinda com este excelente material fruto de depoimentos colhidos com moradores da cidade de Itiúba/BA como muitos já conhecem uma das cidades que fez o rei do cangaço desistir de sua temida visita.
Depoimento de Robério Pinto de Azeredo, de Itiúba:
Em Dezembro de 1929, Lampião chegou até a Fazenda Desterro, na margem esquerda do Rio Jacurici, Município de Monte Santo, ao lado norte de Itiúba. Ele se aproximou no tanque para dar água aos animais e encontrou um vaqueiro do Capitão Aristides conhecido Zezinho do Licurí Torto. Aí, perguntou quem era ele e o mesmo lhe falou que era vaqueiro do Capitão Aristides. Lampião disse que tinha uma carta para mandar para ele e redigiu-a ligeiramente para ele trazer aqui, para Itiúba, no mesmo dia, pedindo na mesma:
“Capitão Aristides mande-me três contos de réis de que preciso pagar meus coiteiros. Necessito desse dinheiro. Não bulo com seus animais, nem com suas fazendas, mande hoje mesmo.”E assinou: “Capitão Virgulino, o Lampião”
Aqui chegando, Capitão Aristides, então convocou as autoridades e resolveu armar o povo, inclusive, os negociantes daquela época. Contratou meia dúzia de soldados e determinou a seu vaqueiro que ele não voltasse lá, que ele poderia trucidá-lo. Armaram-se cento e tantos soldados e foram para a trincheira da Calçada de Pedra, para a saída da cidade que vai para Senhor do Bonfim, hoje, Filadélfia. E esses cento e tantos homens armados ficaram em piquetes, nas trincheiras, e sobre aviso, esperando a invasão. Lampião ficou esperando lá e ele não mandou o dinheiro. E o mesmo não veio, nem atacou a cidade.
Ele aí desceu em Dezembro de 1929. Eu era bem menino e vi a hora que chegou o portador na casa do Capitão Aristides. Lampião tentou entrar em Itiúba. Passou pelas cercanias duas vezes. Em 1929, ele desviou e a passagem dele foi para Queimadas. Aquele dia foi trágico. Véspera de Natal. Lampião trucidou sete soldados. Soltou os presos e depois matou um a um. Só deixou um sargento que pediu para ele não matá-lo."
Depois de dois anos, em 1931, ele voltou a passar pelas cercanias da cidade de Itiúba, precisamente, na fazenda Campinhos. Os negociantes e os mais importantes, também os operários, os camponeses, os pequenos comerciantes como Elísio Ferreira, o próprio Aristides, Manoel Pinto, irmão de Belarmino, foram convocados. Se armaram com fuzis, rifles, mosquetão e outras armas. O pai do Joãozinho do Bel foi um dos que se armaram. Suplicio, pai do seu Virgílio, que eram contratados. O comércio local contratava há muitos anos pessoas para enfrentar Lampião. Pagavam-nos por mês. Mandavam buscar homens bravos e destemidos na região de Paulo Afonso, Chorroxó, Campo Formoso, Canudos. Eu mesmo via eles aqui na rua, pra para cima e pra baixo. Os soldados não eram suficientes. Eles e os negociantes se armavam quando diziam:
- Lampião vai passando ou tá próximo em tal lugar... Ribeirão do Pombal... Jaguarari... Cansanção... Os contratados ficavam dia de sábado, domingo, na expectativa de esperar Lampião. (...) Nesse tempo, Itiúba era um arraial e quem administrava era o capitão Aristides e senhor. Belarmino, posteriormente o primeiro prefeito de Itiúba, que eram os encarregados por recomendação de Queimadas, município pelo qual Itiúba dependia. Em 1931, foi quando ele ameaçou mesmo invadir a cidade. Mandou uma carta do Desterro, do outro lado do Jacurici, e, de lá, foi para Queimadas. Ele entrou na área do Município de Itiúba, pelas cercanias de Campinhos, Ariri, até aqui no Umbuzeiro, na Varzinha e Posto do Cachorro.
Como já tinha notícias de que na cidade havia trincheiras à sua espera, aos sábados, ele mandava cabras de seu bando à feira de Itiúba, para sondar se tinha gente armada e se a cidade estava prevenida ou não, para que ele e o seu bando pudessem entrar. Pois o medo dele era encontrar moradores, contratados e os soldados armados esperando por ele e sua corja. Ele encontrou um casamento no caminho. Isso na Varzinha. Parou o cortejo do casamento e perguntou:
- Vocês vêm de Itiúba?
E o pessoal respondia:
- Venho.
-Você me diga. tem gente armada lá?
- Sim, tem muita gente armada, o pessoal do Belarmino, muita gente contratada, muita gente armada até os dentes, capitão.
Ele olhou a topografia, as montanhas e viu que eram fechadas. Porque a ordem era a seguinte... Combater aqui, dentro no arraial.
Ele parou, conversou ali com os cabras dele:
- Nós não vamos entrar não em Itiúba. Itiubinha... Itiubinha... Dessa vez você escapa...
Aqueles do seu bando que esperavam à sua volta, nas pedreiras das montanhas, espancaram uma velha, saquearam o capitão Antonio Joaquim, avô daquele Mundinho dos Carvalhais. Tomaram dinheiro deles. Mais ou menos uns três ou quatro contos de reis. Mas aqui no arraial ele não entrou. Ficou com medo dos cabras machos que aqui os esperava.”
E o pessoal respondia:
- Venho.
-Você me diga. tem gente armada lá?
- Sim, tem muita gente armada, o pessoal do Belarmino, muita gente contratada, muita gente armada até os dentes, capitão.
Ele olhou a topografia, as montanhas e viu que eram fechadas. Porque a ordem era a seguinte... Combater aqui, dentro no arraial.
Ele parou, conversou ali com os cabras dele:
- Nós não vamos entrar não em Itiúba. Itiubinha... Itiubinha... Dessa vez você escapa...
Aqueles do seu bando que esperavam à sua volta, nas pedreiras das montanhas, espancaram uma velha, saquearam o capitão Antonio Joaquim, avô daquele Mundinho dos Carvalhais. Tomaram dinheiro deles. Mais ou menos uns três ou quatro contos de reis. Mas aqui no arraial ele não entrou. Ficou com medo dos cabras machos que aqui os esperava.”
Tomei outros depoimentos, em Itiúba...
Depoimento que a professora Helena Isaura de Carvalhal, me concedeu, aos 93 anos, em Itiúba, pouco antes de falecer:
“Nós corremos de Lampião até hoje, em nossos sonhos...
“Nós corremos de Lampião até hoje, em nossos sonhos...
Lampião pintava horrores judiando, amarrando as pessoas em pés de mandacaru, matando. E, antes de matar ainda perguntava:
- Como é que você quer morrer? É deitado, sentado, ajoelhado ou em pé?
Contam os mais velhos, que, certa vez, Lampião pediu dinheiro a um jovem casal. Este se negou a dar. Lampião prendeu o marido na cauda de um cavalo e saiu correndo com o animal. A esposa acompanhou correndo até quando encontrou o bando numa fazenda tomando café. O marido continuava amarrado. Ela pediu tanto que ele soltou o homem dizendo:
- Solta esse diabo que parece que é casado de novo!..
Foi no ano de 27 que nós demos a primeira carreira. Eu tinha catorze anos. Vinha a história:
- Vem Lampião! Vem Lampião!
A gente pensava que Lampião vinha. Mas, longe, ele atacou a fazenda Triunfo. Era um lugarejo. No entanto, o medo era tanto que ninguém pensava em nada. Só em correr para escapar da tirania de Lampião e de seu bando. Aristides, parente nosso, tinha uma fazenda chamada Maravilha.
E, aí, um certo dia, ele mandou um vaqueiro que era procurador fazer um serviço lá na fazenda. E lá Zezinho Ferreira, primo de Júlio Ferreira, o vaqueiro contratador, encontrou Lampião que lhe perguntou:
- Quem é você, que vê Lampião e não muda?
Aí, ele disse:
- O Senhor é homem como eu.
Lampião achou isso uma vantagem, então disse:
- Aqui é a fazenda do capitão Aristides?
Zezinho disse:
- Sim.
Lampião perguntou:
- E ele é muito valente?
- É.
Então, Lampião disse:
- Olhe, vou fazer um bilhete.
E fez. No bilhete ele dizia:
“Aristides, eu sou o Capitão Virgulino, o Lampião.
Escrevo porque sei que você é muito forte e quero ir aí em Itiúba para lhe encontrar.”
Tentou entrar aqui em Itiúba muitas vezes, mas não conseguiu porque só há três saídas e a cidade é cercada por serras...
- Como é que você quer morrer? É deitado, sentado, ajoelhado ou em pé?
Contam os mais velhos, que, certa vez, Lampião pediu dinheiro a um jovem casal. Este se negou a dar. Lampião prendeu o marido na cauda de um cavalo e saiu correndo com o animal. A esposa acompanhou correndo até quando encontrou o bando numa fazenda tomando café. O marido continuava amarrado. Ela pediu tanto que ele soltou o homem dizendo:
- Solta esse diabo que parece que é casado de novo!..
Foi no ano de 27 que nós demos a primeira carreira. Eu tinha catorze anos. Vinha a história:
- Vem Lampião! Vem Lampião!
A gente pensava que Lampião vinha. Mas, longe, ele atacou a fazenda Triunfo. Era um lugarejo. No entanto, o medo era tanto que ninguém pensava em nada. Só em correr para escapar da tirania de Lampião e de seu bando. Aristides, parente nosso, tinha uma fazenda chamada Maravilha.
E, aí, um certo dia, ele mandou um vaqueiro que era procurador fazer um serviço lá na fazenda. E lá Zezinho Ferreira, primo de Júlio Ferreira, o vaqueiro contratador, encontrou Lampião que lhe perguntou:
- Quem é você, que vê Lampião e não muda?
Aí, ele disse:
- O Senhor é homem como eu.
Lampião achou isso uma vantagem, então disse:
- Aqui é a fazenda do capitão Aristides?
Zezinho disse:
- Sim.
Lampião perguntou:
- E ele é muito valente?
- É.
Então, Lampião disse:
- Olhe, vou fazer um bilhete.
E fez. No bilhete ele dizia:
“Aristides, eu sou o Capitão Virgulino, o Lampião.
Escrevo porque sei que você é muito forte e quero ir aí em Itiúba para lhe encontrar.”
Tentou entrar aqui em Itiúba muitas vezes, mas não conseguiu porque só há três saídas e a cidade é cercada por serras...
O Coronel Aristides Simões de Freitas, homem forte, valente, intendente, recebeu o bilhete de Lampião pedindo que mandasse dois contos de réis. E este destemido mandou dizer que ele viesse buscar. Mas Itiúba era prevenida com homens contratados nas trincheiras das três entradas esperando Lampião. Aristides se preveniu. Mandou chamar o povo do Chorroxó. Eles já tinham feito buracos nas imediações do lugarejo, para esperar Lampião. E, atendendo ao chamado do capitão Aristides, o povo de Chorroxó veio. Eram uns onze homens.
Eu me lembro de um que chamava Luiz. E era bonito e forte. Logo depois, veio esse povo do Virgílio. Aí, Aristides esperou, esperou e ele não veio. Lampião não veio. Só pode ter sido com medo. Nisso, Aristides mandou a resposta do bilhete. Mas, quando o portador lá chegou, ele não estava. Não esperou a resposta de que eles podiam vim. E foram embora. Aristides ficou com esta força de homens armados e com os contratos, guardando a cidade. Tinha uma tropa na estrada de Senhor do Bonfim e outra estação, mas lá muito adiante, quase na fazenda Estado. Só tinham três entradas, e ele, o Lampião, não veio. Fugiu.
Quando foi em outra época, em meados de 1929, ele quis entrar aqui. Chegou até a casa da Fulo, na entrada da Calçada de Pedra, por onde ele tinha que passar para entrar aqui. As tropas continuavam a postos e armadas à espera de Lampião e o seu bando. De repente, ouviu-se um trotar. Era um jumento correndo. Nesse alvoroço, os guardas pensaram que era Lampião, e aí soltaram descargas de tiros. Aí todos responderam e fechou Itiúba de tiros. E todas as outras trincheiras começaram a atirar sendo que estavam avisadas, porque pensaram que os jumentos correndo era a tropa de Lampião. E a gente aqui correu para se esconder.
Mamãe sempre corria. Já era morfina. Vivia com as cobertas no corredor. Quando diziam:
- Olha! Lampião está perto!
A gente ia se esconder na casa de Sinhá Preta. Mas, com medo dos tiros, corríamos para a Serra dos Macacos, pensando que Lampião tinha chegado. E o povo gritava:
- Lampião chegou!
E lá passamos três dias, porque podia ele chegar. Encontramos uma mulher que vinha com o chinelo na cabeça, e perguntamos:
- O que foi?
Ela disse:
- Já mataram Seu Simão, lá do Tatu, e foram para a casa de dona Amélia, do Castanho.
Eram todos tios nossos. Mamãe chega caiu do susto. Lá dormimos na cama feita de casca de feijão, mas tudo ficou em silêncio. No entanto, mamãe não quis descer. Com três dias depois, teve outro alvoroço, outro tiroteio. Aí fomos pela Fazenda Tapera, por dentro do mato. O mato grande não tinha caminho. A gente ficava cansada, mas tinha que continuar para fugir do tirano Virgulino, vulgo Lampião.
Aí, passaram-se poucos dias e Lampião entrou em Bananeiros. A notícia chegou até aqui pelos telégrafos. Mamãe quase que morre. Estávamos na escola. Nós quase não aprendemos a ler, porque eram só três anos de estudo na escola. Vivíamos fugindo.
O prédio era perto da Estação Ferroviária, local aonde Lampião iria primeiro, para cortar o sino. Porque bater o sino era um dos sinais que avisavam que Lampião estava chegando ou que estava por perto. Fugimos para a casa de Sinhá Preta, onde tinha um caldeirão. Papai dizia:
- Quando tiver tiroteio, vamos nos deitar, todos aqui atrás dessas pedras.
Quando foi certo dia, no meio da noite, estávamos limpando o tanque da nação e tinha dois bangüês para carregar o barro. Quando nós enxergamos Vovó Iaiá Bebé com os bangüês todos melados de barro. Ela não caminhava. Não era pela idade que ela tinha, mais ou menos oitenta anos. Era porque ela sofria de asma e era morfina. Ficou tropa. Aí Aristides a colocou dentro do bangüê e mandou entregá-la a papai. Aí foi quando teve outro tiroteio e avisaram que Lampião já estava na casa de Dona Fulo. E teve este tiroteio.
E teve este tiroteio. Nós, então, fomos para a Serra dos Macacos e deixamos vovó na casa de Sinhá Preta, que morava ali perto da Fazenda Umbuzeiro. Foi cômica essa história. Correu todo mundo. Só dois homens não correram o Pai do Nino Pires e Acelino. Para piorar a situação, nessa noite papai não estava em casa. Tinha ido visitar um compadre e mamãe disse:
- Como é que a gente corre?
Eu só sei que corremos. Corremos nos capinzais adentro. Que fuga louca. Ali era verdadeira luta pela sobrevivência...
Eu sei de tanta coisa.
Uma delas é que meu avô materno contava que Lampião dormiu em sua fazenda, onde foi recebido com maior respeito. O rei do Cangaço abriu as cercas da roça de meu avô e colocou os animais para comer toda plantação. No dia seguinte o cangaceiro deu dinheiro para que fizesse uma nova plantação. Lampião pernoitou na casa de meu pai, e, na hora da janta, tirou uma colher de prata que trazia. Antes de comer colocou a colher na comida para ver se não estava envenenada. Caso a colher ficasse preta era porque havia veneno. Ele tinha vontade entrar na cidade, mas o mesmo temia o Coronel Aristides Simões, que também era conhecido pela sua valentia. Aristides e a população estavam sempre armados à espera do cangaceiro do Nordeste. O Rei do Cangaço estava furioso porque queria roubar o cofre o senhor Belarmino Pinto de Azeredo, que foi o primeiro prefeito de Itiúba, e saquear a feira livre.
Lampião e seu bando chegaram na casa de uma senhora conhecida como Fulô, na zona rural de Itiúba, ameaçando entrar na cidade. Ela disse a Lampião:
- Coronel Lampião, não vá não! Eu sou amiga para lhe dizer que lá tem forças fortes, soldados e homens contratados nas trincheiras.
Desistindo da investida, seguiu para Queimadas. Cortou os fios da estrada de ferro para que ninguém mandasse telegramas avisando que estava chegando. Já em Queimadas foi para o quartel, onde prendeu o sargento e os soldados. Passou a noite dançando. Ao amanhecer o dia, seguiu novamente para o quartel e matou sete soldados, sendo um filho de Itiúba. E assim seguiram viagem para Santa Rosa..."
Mamãe sempre corria. Já era morfina. Vivia com as cobertas no corredor. Quando diziam:
- Olha! Lampião está perto!
A gente ia se esconder na casa de Sinhá Preta. Mas, com medo dos tiros, corríamos para a Serra dos Macacos, pensando que Lampião tinha chegado. E o povo gritava:
- Lampião chegou!
E lá passamos três dias, porque podia ele chegar. Encontramos uma mulher que vinha com o chinelo na cabeça, e perguntamos:
- O que foi?
Ela disse:
- Já mataram Seu Simão, lá do Tatu, e foram para a casa de dona Amélia, do Castanho.
Eram todos tios nossos. Mamãe chega caiu do susto. Lá dormimos na cama feita de casca de feijão, mas tudo ficou em silêncio. No entanto, mamãe não quis descer. Com três dias depois, teve outro alvoroço, outro tiroteio. Aí fomos pela Fazenda Tapera, por dentro do mato. O mato grande não tinha caminho. A gente ficava cansada, mas tinha que continuar para fugir do tirano Virgulino, vulgo Lampião.
Aí, passaram-se poucos dias e Lampião entrou em Bananeiros. A notícia chegou até aqui pelos telégrafos. Mamãe quase que morre. Estávamos na escola. Nós quase não aprendemos a ler, porque eram só três anos de estudo na escola. Vivíamos fugindo.
O prédio era perto da Estação Ferroviária, local aonde Lampião iria primeiro, para cortar o sino. Porque bater o sino era um dos sinais que avisavam que Lampião estava chegando ou que estava por perto. Fugimos para a casa de Sinhá Preta, onde tinha um caldeirão. Papai dizia:
- Quando tiver tiroteio, vamos nos deitar, todos aqui atrás dessas pedras.
Quando foi certo dia, no meio da noite, estávamos limpando o tanque da nação e tinha dois bangüês para carregar o barro. Quando nós enxergamos Vovó Iaiá Bebé com os bangüês todos melados de barro. Ela não caminhava. Não era pela idade que ela tinha, mais ou menos oitenta anos. Era porque ela sofria de asma e era morfina. Ficou tropa. Aí Aristides a colocou dentro do bangüê e mandou entregá-la a papai. Aí foi quando teve outro tiroteio e avisaram que Lampião já estava na casa de Dona Fulo. E teve este tiroteio.
E teve este tiroteio. Nós, então, fomos para a Serra dos Macacos e deixamos vovó na casa de Sinhá Preta, que morava ali perto da Fazenda Umbuzeiro. Foi cômica essa história. Correu todo mundo. Só dois homens não correram o Pai do Nino Pires e Acelino. Para piorar a situação, nessa noite papai não estava em casa. Tinha ido visitar um compadre e mamãe disse:
- Como é que a gente corre?
Eu só sei que corremos. Corremos nos capinzais adentro. Que fuga louca. Ali era verdadeira luta pela sobrevivência...
Eu sei de tanta coisa.
Uma delas é que meu avô materno contava que Lampião dormiu em sua fazenda, onde foi recebido com maior respeito. O rei do Cangaço abriu as cercas da roça de meu avô e colocou os animais para comer toda plantação. No dia seguinte o cangaceiro deu dinheiro para que fizesse uma nova plantação. Lampião pernoitou na casa de meu pai, e, na hora da janta, tirou uma colher de prata que trazia. Antes de comer colocou a colher na comida para ver se não estava envenenada. Caso a colher ficasse preta era porque havia veneno. Ele tinha vontade entrar na cidade, mas o mesmo temia o Coronel Aristides Simões, que também era conhecido pela sua valentia. Aristides e a população estavam sempre armados à espera do cangaceiro do Nordeste. O Rei do Cangaço estava furioso porque queria roubar o cofre o senhor Belarmino Pinto de Azeredo, que foi o primeiro prefeito de Itiúba, e saquear a feira livre.
Lampião e seu bando chegaram na casa de uma senhora conhecida como Fulô, na zona rural de Itiúba, ameaçando entrar na cidade. Ela disse a Lampião:
- Coronel Lampião, não vá não! Eu sou amiga para lhe dizer que lá tem forças fortes, soldados e homens contratados nas trincheiras.
Desistindo da investida, seguiu para Queimadas. Cortou os fios da estrada de ferro para que ninguém mandasse telegramas avisando que estava chegando. Já em Queimadas foi para o quartel, onde prendeu o sargento e os soldados. Passou a noite dançando. Ao amanhecer o dia, seguiu novamente para o quartel e matou sete soldados, sendo um filho de Itiúba. E assim seguiram viagem para Santa Rosa..."
Depoimento de Maria José de Araújo, de Itiúba:
“Meu Pai foi para roça mais minha Mãe. Aí, o Volta Seca chegou e subiu numa cerca. Aí, o Lampião tava na casa do finado Domingos. Aí, o Rafael, meu irmão que morreu de tosse braba, tinha uns cinco anos e o Marcelino, aquele que tá ali, tava brincando no cercado. E peguei todos dois e botei no quarto e fiquei segurando na mão do outro. E o Lampião chegou e falou:
- Santinha! Não faço nada com você não... Cadê o oro de mamãe?
Eu disse:
- Nós não tem oro.
Ele queria oro. Não era dinheiro não. Minha mãe tinha dois par de argola de oro e duas aliança, uma dela outra do meu pai. Eles foram coisando a casa. Também não ficou nada. Jogaram tudo no chão. Aí ele disse:
- Santinha! Pra onde foi seu pai?
- Meu pai foi pro Cagagaio.
Eu era menina e, pra dizer papagaio, dizia cagagaio. Onde é esse Cagagaio é o Papagaio. Quando meu pai chegou na casa do finado Cecílio, na casa que era do Berilo, já sabia da notícia. Lampião ta aqui no Umbuzeiro.
Chegou aqui numa roça o Lampião. E tinha uma mulher chorando e ele perguntou:
- O que é que tem?
- O cara me botou na rua.
E o Lampião amarrou o cara no cabo do cavalo. E arrastou por cima de pau e de pedra.
- É pra você ter vergonha de não fazer mal as fia aléia.
Eu sei uma música do Lampião:
“Acorda Maria Bunita
torra o teu café”
Lampião ta na revista...
Maria Bonita....
Lampião sé matava delegado, inspetor e os macacos do guverno...
“Acorda Maria Bunita torra o seu café
Lampião ta na revista
Maria Bunita já ta de pé
Faça o favor de perguntar
que me chamo Vergulino
cravo de moça cheirar”
Lampião era muito ruim. Pegou uma véia e deu uma surra. Era a Maria do Rufino, irmã do Felício. Foi nos Picos. Nos Campinhos.
- O que é que você anda fazendo?
Aí, pegou a véia e deu uma surra... Pois foi...”
- Santinha! Não faço nada com você não... Cadê o oro de mamãe?
Eu disse:
- Nós não tem oro.
Ele queria oro. Não era dinheiro não. Minha mãe tinha dois par de argola de oro e duas aliança, uma dela outra do meu pai. Eles foram coisando a casa. Também não ficou nada. Jogaram tudo no chão. Aí ele disse:
- Santinha! Pra onde foi seu pai?
- Meu pai foi pro Cagagaio.
Eu era menina e, pra dizer papagaio, dizia cagagaio. Onde é esse Cagagaio é o Papagaio. Quando meu pai chegou na casa do finado Cecílio, na casa que era do Berilo, já sabia da notícia. Lampião ta aqui no Umbuzeiro.
Chegou aqui numa roça o Lampião. E tinha uma mulher chorando e ele perguntou:
- O que é que tem?
- O cara me botou na rua.
E o Lampião amarrou o cara no cabo do cavalo. E arrastou por cima de pau e de pedra.
- É pra você ter vergonha de não fazer mal as fia aléia.
Eu sei uma música do Lampião:
“Acorda Maria Bunita
torra o teu café”
Lampião ta na revista...
Maria Bonita....
Lampião sé matava delegado, inspetor e os macacos do guverno...
“Acorda Maria Bunita torra o seu café
Lampião ta na revista
Maria Bunita já ta de pé
Faça o favor de perguntar
que me chamo Vergulino
cravo de moça cheirar”
Lampião era muito ruim. Pegou uma véia e deu uma surra. Era a Maria do Rufino, irmã do Felício. Foi nos Picos. Nos Campinhos.
- O que é que você anda fazendo?
Aí, pegou a véia e deu uma surra... Pois foi...”
Depoimento de Isaac Pinto da Silva, de Itiúba.
“Eu num vi ele. Eu não sei quantos era, mas num vieram aqui nessa casa. Aí, eles cortaram por aí e pegaram uns home. Aí, prenderam e levaram com ele, andando, andando. E, quando chegou ali por umas casas aqui mais véia do finado Teodoro, da minha avó. Aí, deixou os home e pegaram um como guia. Aí, pegaro o finado Domingos e levaram. Mas foi ligeiro que eles passaram. Eles foram com o Domingos até a Varzinha pra num perdê. Aí, quando chagou ali na Varzinha, Lampião acendeu umas velas e elas apagaram. Aí eles disseram:
- É... Itiubinha, hoje, num qué nós não...
Da Tapera eles desceram para Camandaroba. Daí foram batê na Queimadas. Chegaram lá de noite. Cortaram o fio do telegrafo. Prenderam os soldado que tinha. Soltaram os presos e deixaram os soldados presos. E dançaram a noite todinha. No outro dia, só era chamando de um e um. E era só atirando e o Volta Seca sangrano. Mataram os sete. A finada Delmira e o finado Baró iam para a Várzea da Roça de tardezinha. O Baró tinha um cavalo e ele levava a mulher na garupa. Quando viram, se toparam de testa. Eles correram.
Tomaram o cavalo. A mulher correu e foi pra debaixo da cama... Quando tinha uma notícia do Lampião, todo mundo corria afobado. A Preta teve filho na serra, no meio do mato.
O Lampião de hoje tá pior. Esses bandidos que estão espaiado no mundo, pra robá, só véve matando e robando.”
- É... Itiubinha, hoje, num qué nós não...
Da Tapera eles desceram para Camandaroba. Daí foram batê na Queimadas. Chegaram lá de noite. Cortaram o fio do telegrafo. Prenderam os soldado que tinha. Soltaram os presos e deixaram os soldados presos. E dançaram a noite todinha. No outro dia, só era chamando de um e um. E era só atirando e o Volta Seca sangrano. Mataram os sete. A finada Delmira e o finado Baró iam para a Várzea da Roça de tardezinha. O Baró tinha um cavalo e ele levava a mulher na garupa. Quando viram, se toparam de testa. Eles correram.
Tomaram o cavalo. A mulher correu e foi pra debaixo da cama... Quando tinha uma notícia do Lampião, todo mundo corria afobado. A Preta teve filho na serra, no meio do mato.
O Lampião de hoje tá pior. Esses bandidos que estão espaiado no mundo, pra robá, só véve matando e robando.”
Depoimento de Libério Pinto, de Itiúba:
“Aqui ele não fez nada. Saí eu e uma irmã minha. Ele chegou. Abriu a porta. Aí, me puxou assim pelo braço. Botou a gente assim no meio da sala. Aí, quando saíram, minha irmã. Cadê? Foi em 32... Eu tô com 78. Eu tinha uns cinco anos... Até hoje tem o perfume lá no lugar. Mas também quase que não acaba. Ele chegava derramando tudo.”
Depoimento de Agenor Rafael da Silva, então com de 85 anos, de Itiúba:
“No ano de 1929, morava na fazenda Cajazeiras, no Município de Itiúba... Lampião passou perto de onde eu morava, na fazenda Campinhos, região de Quicé. Lá, entrou em diversas casas. Em uma delas foi na de Joaquim. Nesta casa, ele agrediu o velho Joaquim. Nesse tempo não existia guarda–roupa e Lampião foi até o baú e começou a jogar os panos no chão. Quando Joaquim viu disse:
– O capitão! Não jogue os panos no chão não!
Lampião pegou o fuzil e deu uma pancada na cabeça de Antônio Joaquim. Nesta mesma casa tinha uma moça com o cabelo comprido. E Lampião virou-se para ele e disse:
– Porque não corta o cabelo para ficar bonita?
– Meu pai não gosta que eu corte o cabelo.
Então ele disse:
– Você faz muito bem em não cortar o cabelo. É muito bonito.
A moça estava com umas argolas bonitas e ele quis tirar as argolas das orelhas da moça. E o irmão da moça, por nome João, disse:
– Ô capitão dê licença. Eu tiro as argolas dela e lhe entrego.
Os cangaceiros vasculharam tudo atrás de dinheiro. Acharam o dinheiro escondido dentro de umas cabaças velhas escondidas debaixo de um painel de farinha, pois, naquele tempo não existia banco. Tinha um filho de seu Joaquim casado de novo. A casa dele ficava no terreiro do pai. Uma casa muito bonita, decente e bem construída. Os cangaceiros agarra-no e pediram dinheiro. Ele respondeu que não tinha. Passaram uma corda no pescoço dele para amarrar no cabo do cavalo e arrastar o rapaz. A esposa ficou gritando para soltarem-no que ia buscar o dinheiro. Foi até a casa e pegou quinze contos de réis e deu a Lampião que soltou o rapaz resmungando:
– Não tem dinheiro o quê?! Seu cabra descarado!
Depois desse acontecido, Lampião pediu para colocar um banco no terreiro, perto do cavalo, para ajudá-lo a subir na montaria, pois estava carregado com cartucheiras de bala, fuzil nas costas e aqueles cantis de alumínio, para carregar água. Quando ele saiu da casa de seu Joaquim, a casa ficou cheirando tão mal que tiveram que lavar a casa com água e creolina, pois os homens não tomavam banho, não mudavam de roupa cheia de poeira, sangue de gente e perfume. Lembro-me de tudo. Na época, eu tinha mais ou menos oito anos. Me escondi muito em uma roça, atrás da casa. Um dia, de madrugada, chegou alguém chamando:
- Seu João! Seu João!
Meu pai responde:
- Quem é que fala?
O rapaz respondeu:
- É João Basílio! Venho lhe avisar que Lampião vem aí!
O rapaz morava na fazenda Boa Vista. Dentro de casa, todo mundo ficou alvoroçado. Minha avó era uma mulher de uns oitenta anos e meu pai disse:
- Levanta que é pra gente correr.
– Eu não vou não. O que é que o Lampião quer comigo?
– Não, senhora! Levante e vamos embora!
Só se via gente pegar coberta. Esteira de baixo do braço. Os cachorros, amarramos a boca para não latir. Para encurtar a história, ficamos uns três dias no mato. Soubemos que ele estava em Queimadas. Voltamos para casa. O povo contava que Lampião andava com uma agenda com o nome dos fazendeiros. Quando ele passou por lá, nessa época, andava com um guia. E ele perguntava para o rapaz:
- Onde é a fazenda do Zuza da Cajazeira?
Esse Zuza era meu tio e o rapaz que andava guiando-os respondeu:
- Ah, Capitão. Já ficou muito para trás.
– E onde fica a fazenda de João Rafael?
– Ah, Capitão. Também ficou muito para trás.
– E a fazenda de Antônio Rafael?
– Ah, Capitão. Ficou muito para trás.
– Não tem nada não. Na volta, a gente passa lá...
Esses três eram irmãos. Por causa dessa conversa que meu tio soube, largou a casa muito boa e passou seis meses no mato, num rancho de palha com medo. De vez em quando, mandava um menino ir olhar lá na fazenda, se não tinha rastro de cavalo.
Depois que Lampião desceu da fazenda Campinhos, passou perto de Cajazeiras, da Fazenda Barras, no sopé da Serra do Souza. Ele foi para a Varzinha. Disseram que mandou um dos bandidos pesquisar Itiúba, mas, naquela época, estava cheio de homens. Onde tem o posto do Jackson era um grande pé de juazeiro cheio de dormentes, aqueles troncos usados na linha férrea. Ali, tinha mais de um homem armado esperando Lampião. Dizem que o bandido retornou e disse para Lampião que a cidade estava cercada e não dava para entrar, pois, se entrassem, morriam. Além dos soldados que aqui existiam, vinham pessoas de outros lugares, que o Coronel Aristides Simões mandava buscar, para reforçar a cidade. Essas pessoas eram chamadas de “contratados”. Eu sei que vieram algumas pessoas de Formosa, perto do Chorroxó, como Simplício e Berto. Capitão Aristides apoiou-os, pois viu que eram homens dispostos. Aqui ficaram e constituíram família.”
– O capitão! Não jogue os panos no chão não!
Lampião pegou o fuzil e deu uma pancada na cabeça de Antônio Joaquim. Nesta mesma casa tinha uma moça com o cabelo comprido. E Lampião virou-se para ele e disse:
– Porque não corta o cabelo para ficar bonita?
– Meu pai não gosta que eu corte o cabelo.
Então ele disse:
– Você faz muito bem em não cortar o cabelo. É muito bonito.
A moça estava com umas argolas bonitas e ele quis tirar as argolas das orelhas da moça. E o irmão da moça, por nome João, disse:
– Ô capitão dê licença. Eu tiro as argolas dela e lhe entrego.
Os cangaceiros vasculharam tudo atrás de dinheiro. Acharam o dinheiro escondido dentro de umas cabaças velhas escondidas debaixo de um painel de farinha, pois, naquele tempo não existia banco. Tinha um filho de seu Joaquim casado de novo. A casa dele ficava no terreiro do pai. Uma casa muito bonita, decente e bem construída. Os cangaceiros agarra-no e pediram dinheiro. Ele respondeu que não tinha. Passaram uma corda no pescoço dele para amarrar no cabo do cavalo e arrastar o rapaz. A esposa ficou gritando para soltarem-no que ia buscar o dinheiro. Foi até a casa e pegou quinze contos de réis e deu a Lampião que soltou o rapaz resmungando:
– Não tem dinheiro o quê?! Seu cabra descarado!
Depois desse acontecido, Lampião pediu para colocar um banco no terreiro, perto do cavalo, para ajudá-lo a subir na montaria, pois estava carregado com cartucheiras de bala, fuzil nas costas e aqueles cantis de alumínio, para carregar água. Quando ele saiu da casa de seu Joaquim, a casa ficou cheirando tão mal que tiveram que lavar a casa com água e creolina, pois os homens não tomavam banho, não mudavam de roupa cheia de poeira, sangue de gente e perfume. Lembro-me de tudo. Na época, eu tinha mais ou menos oito anos. Me escondi muito em uma roça, atrás da casa. Um dia, de madrugada, chegou alguém chamando:
- Seu João! Seu João!
Meu pai responde:
- Quem é que fala?
O rapaz respondeu:
- É João Basílio! Venho lhe avisar que Lampião vem aí!
O rapaz morava na fazenda Boa Vista. Dentro de casa, todo mundo ficou alvoroçado. Minha avó era uma mulher de uns oitenta anos e meu pai disse:
- Levanta que é pra gente correr.
– Eu não vou não. O que é que o Lampião quer comigo?
– Não, senhora! Levante e vamos embora!
Só se via gente pegar coberta. Esteira de baixo do braço. Os cachorros, amarramos a boca para não latir. Para encurtar a história, ficamos uns três dias no mato. Soubemos que ele estava em Queimadas. Voltamos para casa. O povo contava que Lampião andava com uma agenda com o nome dos fazendeiros. Quando ele passou por lá, nessa época, andava com um guia. E ele perguntava para o rapaz:
- Onde é a fazenda do Zuza da Cajazeira?
Esse Zuza era meu tio e o rapaz que andava guiando-os respondeu:
- Ah, Capitão. Já ficou muito para trás.
– E onde fica a fazenda de João Rafael?
– Ah, Capitão. Também ficou muito para trás.
– E a fazenda de Antônio Rafael?
– Ah, Capitão. Ficou muito para trás.
– Não tem nada não. Na volta, a gente passa lá...
Esses três eram irmãos. Por causa dessa conversa que meu tio soube, largou a casa muito boa e passou seis meses no mato, num rancho de palha com medo. De vez em quando, mandava um menino ir olhar lá na fazenda, se não tinha rastro de cavalo.
Depois que Lampião desceu da fazenda Campinhos, passou perto de Cajazeiras, da Fazenda Barras, no sopé da Serra do Souza. Ele foi para a Varzinha. Disseram que mandou um dos bandidos pesquisar Itiúba, mas, naquela época, estava cheio de homens. Onde tem o posto do Jackson era um grande pé de juazeiro cheio de dormentes, aqueles troncos usados na linha férrea. Ali, tinha mais de um homem armado esperando Lampião. Dizem que o bandido retornou e disse para Lampião que a cidade estava cercada e não dava para entrar, pois, se entrassem, morriam. Além dos soldados que aqui existiam, vinham pessoas de outros lugares, que o Coronel Aristides Simões mandava buscar, para reforçar a cidade. Essas pessoas eram chamadas de “contratados”. Eu sei que vieram algumas pessoas de Formosa, perto do Chorroxó, como Simplício e Berto. Capitão Aristides apoiou-os, pois viu que eram homens dispostos. Aqui ficaram e constituíram família.”
Depoimento de Isabel, do Maté, de Itiúba.
“Quando Lampião chegou no Maté foi com uma turma. Vinham montados e na carreira. Estavam sentados fora da casa do Teófilo e Piroca. Eles levantaram para correr e Lampião falou:
- Não corra! Senão eu atiro!
Perguntou ao Teófilo pelas montadas que tinha e ele respondeu:
- Só tenho umas é-é-é-guas.
Eles arremedaram Teófilo:
- Umas é-é-é-guas.
Lampião pediu água para beber a Joaquina, que estava mexendo uma comida no fogo, em uma cozinha que ficava fora da casa. Mas ela demorou para pegar a água, porque estava nervosa e trêmula. Mas ele achou que ela tinha colocado porcaria na água, e não bebeu. E jogou fora. Lampião perguntou a Joaquina o que tinha no fogo. E ela respondeu:
– Uma comida para uma doente.
Lampião arremedou-a e repetiu o que ela falou, pois Joaquina falava um pouco fanhosa.
A passagem dele no Maté já foi à noite. Ele já estava vindo da Varzinha e foi nessa passagem que ele entrou na casa de Mariinha e deu umas chibatadas nela. Dizem que ela também era gaga e quando Lampião lhe batia, ela dizia:
- Ba-ba-te, diabo!
O povo disse que ele já vinha do Umbuzeiro. Existia muita mentira. Uma época disseram que ele estava atacando Itiúba e estava uma guerra danada.
Diziam que Lampião não fazia muita perversidade. Perversos eram os seus cangaceiros. Há uma história que ele chegou em uma casa ai pra cima. Tinha alguém assobiando e Lampião colocou a pessoa para assobiar a noite inteira para os cangaceiros dançar. Quando amanheceu a pessoa estava com a boca inchada...
Em uma casa, para o lado da Pedra Vermelha, município de Cansanção, pediu para a mulher cozinhar umas galinhas para eles comer. Enquanto comiam, um dos cangaceiros reclamou que a comida estava sem sal. Lampião pediu à mulher que trouxesse um quilo de sal e fez o cabra comer todo.”
Perguntou ao Teófilo pelas montadas que tinha e ele respondeu:
- Só tenho umas é-é-é-guas.
Eles arremedaram Teófilo:
- Umas é-é-é-guas.
Lampião pediu água para beber a Joaquina, que estava mexendo uma comida no fogo, em uma cozinha que ficava fora da casa. Mas ela demorou para pegar a água, porque estava nervosa e trêmula. Mas ele achou que ela tinha colocado porcaria na água, e não bebeu. E jogou fora. Lampião perguntou a Joaquina o que tinha no fogo. E ela respondeu:
– Uma comida para uma doente.
Lampião arremedou-a e repetiu o que ela falou, pois Joaquina falava um pouco fanhosa.
A passagem dele no Maté já foi à noite. Ele já estava vindo da Varzinha e foi nessa passagem que ele entrou na casa de Mariinha e deu umas chibatadas nela. Dizem que ela também era gaga e quando Lampião lhe batia, ela dizia:
- Ba-ba-te, diabo!
O povo disse que ele já vinha do Umbuzeiro. Existia muita mentira. Uma época disseram que ele estava atacando Itiúba e estava uma guerra danada.
Diziam que Lampião não fazia muita perversidade. Perversos eram os seus cangaceiros. Há uma história que ele chegou em uma casa ai pra cima. Tinha alguém assobiando e Lampião colocou a pessoa para assobiar a noite inteira para os cangaceiros dançar. Quando amanheceu a pessoa estava com a boca inchada...
Em uma casa, para o lado da Pedra Vermelha, município de Cansanção, pediu para a mulher cozinhar umas galinhas para eles comer. Enquanto comiam, um dos cangaceiros reclamou que a comida estava sem sal. Lampião pediu à mulher que trouxesse um quilo de sal e fez o cabra comer todo.”
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