Um dia destes eu estava olhando nos meus arquivos as questões ligadas ao judiciário potiguar do início do século XX e comecei a perceber que, tal como agora, a impunidade corria solta.
São inúmeros os casos, principalmente de assassinatos e estupros, que não davam em nada.
Os processos até corriam nas varas judiciais, onde figuravam sobrenomes da mais fina flor da nossa sociedade agrária.
Mas percebi que o número de condenações não eram muitos e o efetivo encarceramento uma raridade.
Observando este material, cada vez mais tenho a convicção que cadeia no Brasil sempre foi feita para pobres.
Observando este material, cada vez mais tenho a convicção que cadeia no Brasil sempre foi feita para pobres.
Pelo menos hoje em dia, nós os pobres mortais sem sobrenome importante, temos um aliado; as câmeras de vídeo existentes em sistemas de segurança e em milhares de celulares.
Quando notícias informando que motoristas embriagados mataram e deixaram enlutadas milhares de famílias brasileiras, eu observo que este pessoal aparenta não ter medo nem da polícia e nem da cadeia. Mas percebam a reação desta gente quando ficam diante de uma câmera, ou quando uma equipe de reportagem aparece. É um tal de esconder a cara, baixar o rosto e enfiar a cabeça na camisa para se esconder. Nessa hora, para esta gente, bate um arrependimento danado de ter colocado a sua imagem nas redes sociais da internet.
Vejo que o medo do escárnio social perante a opinião pública, a perda financeira com a imagem arranhada e o falatório, é o que realmente parece dar um freio neste pessoal que pensa, ou tem certeza, que o céu é o limite.
Na maioria das vezes, diante de uma câmera, não dá para eles sacarem o bom e velho “-Sabe com quem está falando?”.
Deste jeito vamos cada vez mais abdicar do uso da justiça. A mesma justiça que deixa a impressão de ser sempre lenta, parcimoniosa, ingrata e muitas vezes fraca. Devemos então pedir, clamar, que cada vez mais existam câmeras em todos os lugares para termos uma certa noção de proteção e que algum tipo de justiça será feito?
Admito que sou um completo descrente da justiça e me pergunto se será melhor temos mais câmeras espalhadas em toda parte, do que contarmos com o trabalho de juízes e promotores?
Aqui em Natal tenho acompanhado o caso da jovem Rhana Diógenes, que teve o braço partido por um verdadeiro cavalo batizado, em uma boate da zona sul da cidade.
Percebi, acompanhando a imprensa local, que o elemento que praticou este ato nefasto, tentou de todas as maneiras desqualificar a bela jovem de 19 anos, de compleição física muito mais limitada que seu agressor. O negócio foi tão sujo, que certamente a pedido do agressor, escancaradamente alguns blogs defenderam o que parece ser indefensável.
Mas conforme foram sendo divulgadas as imagens das câmeras internas do local da agressão, foi como uma maré que foi virando e o agressor sofre um verdadeiro tsunami de escárnio. Chega a ser ridículo ver esta pessoa correr assustado para fora da casa noturna, mostrando o quanto é covarde e já sabendo a besteira que tinha feito.
Se essas imagens não tivessem sido divulgadas, ou a câmera estivesse desligada, não duvido que muita gente estaria achando que foi a moça que quebrou seu próprio braço para incriminar o cidadão em questão.
Compreensivelmente, depois de ter o braço quase torado, a jovem Rhanna Diógenes decidiu não mostrar o rosto em um primeiro momento e ficar mais retraída.
Com toda a repercussão do caso, ela decidiu mostrar o seu rosto de frente e apresentar o que em minha opinião é a mais terrível imagem deste caso; o raio X com os ossos do seu braço quebrados em várias partes.
É uma tristeza ter de escrever este tipo de coisa.
Certamente Rhanna Diógenes não queria isso. Mas o seu caso se tornou um grande alerta em relação ao que muitas jovens estão sofrendo hoje em dia e ela fez bem em mostrar o seu rosto.
Quanto ao agressor. Mesmo surgindo outros relatos de casos de agressão praticados por esta pessoa, eu sinceramente duvido que ele vá um dia sequer pisar em uma cadeia. Bem que merecia, mas não acredito.
Ele pode até ficar livre, mas jamais vai deixar de ser responsável pelo que fez.
E isso até parece ser um bom castigo pelo que ele fez.
Mas não é!
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2011/10/24/precisamos-de-mais-cameras/
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