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sábado, 5 de novembro de 2011

BANQUETE À MODA BRASILEIRA

Por: Rostand Medeiros

Foi o “costume bárbaro” que mais impressionou os europeus que aqui chegaram no século XVI… A morte ritualizada e a deglutição eucarística dos cativos representava o ponto culminante de uma cerimônia, cujo objetivo quase único era a vingança.


A vítima era capturada no campo de batalha e pertencia àquele que primeiro a houvesse tocado; triunfalmente conduzida à aldeia do inimigo, era insultada por mulheres e crianças (tinha de gritar “eu, vossa comida, cheguei!”). Após essas agressões, porém, era bem tratada, podendo andar livremente – fugir era uma vergonha impensável. O cativo passava a usar uma corda presa ao pescoço: era o calendário que indicava o dia de sua execução – o qual podia prolongar-se por muitas luas (e até por vários anos). Na véspera da execução, ao amanhecer, o prisioneiro era banhado e depilado; mais tarde, o corpo da vítima era pintado de preto, untado com mel e recoberto com plumas e cascas de ovos, iniciando-se uma grande beberagem de cauim – um fermentado de mandioca. Na manhã seguinte, o carrasco avançava pelo pátio dançando e revirando os olhos. Parava em frente ao prisioneiro e perguntava: “Não pertences à nação nossa inimiga? Não mataste e devoraste nossos parentes?” Altiva, a vítima respondia: “Sim, sou muito valente, matei e devorei muitos.” Replicava então o executor:”Agora estás em nosso poder, serás morto por mim e devorado por todos.” Para a vítima esse era um momento glorioso, já que os índios brasileiros consideravam o estômago do inimigo a sepultura ideal. O carrasco desferia então um golpe de tacape na nuca; velhas recolhiam, numa cuia, o sangue e os miolos – o sangue deveria ser bebido ainda quente. A seguir o cadáver era assado e escaldado, para permitir a raspagem da pele, introduzindo-se um bastão no ânus para impedir a excreção. Os membros eram esquartejados e, depois de feita uma incisão na barriga, as crianças eram convidadas a devorar os intestinos. Língua e miolos eram destinados aos jovens; os adultos ficavam com a pele do crânio e as mulheres com os órgãos sexuais. As mães embebiam os bicos dos seios em sangue e amamentavam os bebês. Os ossos do morto eram preservados: o crânio, fincado em uma estaca, ficava exposto em frente à casa do vencedor; os dentes eram usados como colar e as tíbias transformavam-se em flautas e apitos.


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