Por: Dr. Lamartine Lima
Caro João de Souza Lima,
O nosso Sérgio Augusto de Souza Dantas mais uma vez nos dá provas de seus cuidados nas pesquisas que faz. Achei muito interessante as suas comparações e análises. Como você sabe, desde o ano de 1963 trabalhei com as cabeças de
Lampião, Maria Bonita,
Corisco (também o seu braço direito fraturado), Azulão, Maria de Azulão (ela teve outros apelidos), Zabelê e Canjica, e somente em duas delas encontrei fraturas cominutivas no crânio: em Lampião e em Zabelê. Quando, em 2001, exumei a cabeça de Lampião, já quase consumidas todas as partes moles pela hidrólise do carbonato de cálcio com o qual fora coberta em 1968, apareceram claramente os fragmentos das fraturas múltiplas e irregulares, que realmente comprometeram toda a estrutura do crânio, como refere Sérgio, o que comprova a ação de elementos contundentes e ainda podendo-se verificar sinais de perfuro-contusâo no lado direito da mandíbula e da base craniana fragmentada, compatível com lesão causada por tiro de fuzil, felizmente restando indene a parte do osso occipital onde estão as cristas cruciformes que formam a Torcular de Herófilo, sem a fosseta de Lombroso, o que prova aquele assassino contumaz não apresentar a famigerada marca do "criminoso nato", mais uma vez desacreditando a teoria do mestre italiano da Antropologia Criminal. Mestre Estácio de Lima, de quem fui Assistente durante muitos anos, fez com que os cangaceiros que estavam cumprindo sentença judicial na antiga Penitenciária do Engenho da Conceição, entre eles, parece-me, Volta Seca, Passarinho, Deus-te-guie, Balão, Saracura e Labareda (deste eu conheço o original do documento por ele firmado), vissem e declarassem se realmente aquela era ou não a cabeça de Lampião, e todos a reconheceram como sendo daquele seu chefe de bando.
Abraço atencioso do
Lamartine Lima
Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima
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