Seguidores

sábado, 3 de dezembro de 2011

Memorial Antônio Conselheiro: o lugar dos vencidos!

Por: Luís Osete · Juazeiro, BA
Luís Osete
Canudos - BA - Monumento de Homenagem aos Conselheiristas
Plantas catalogadas e descritas por Euclides da Cunha no livro “Os Sertões”. Pilar, tijolos e pedras do alicerce da Igreja Velha de Bom Jesus. Armas pederneiras em sílex usadas pelos conselheiristas. Crânios humanos de possíveis combatentes e objetos de utensílios domésticos do ano da graça de 1897. Essas são algumas relíquias possíveis de serem observadas numa visita ao Memorial Antônio Conselheiro.

Museu, biblioteca, salão de vídeo, auditório, painéis, mostruários, expositores e um belo Jardim compõem o Memorial, inaugurado em homenagem aos 100 anos do Massacre, Guerra, Movimento, Revolução, Insurreição ou como vocês queiram chamar a história da maior Epopéia Nacional.

Na exposição Arqueológica, objetos encontrados nos Sítios Arqueológicos trazem o relato mais completo do cotidiano de batalha, identificando locais de acampamento, hospitais de sangue, zonas de combate, trincheiras etc.

Fragmentos de granadas, garrafas, frascos, botões, numeração indicativa de batalhão, fivelas, estojos e projéteis de fuzis Manlicher e Comblain são reflexos de estratégias de sobrevivência no momento em que ocorreram os embates entre o exército brasileiro e os defensores de Canudos.

Uma urna com o protótipo de um soldado morto no campo de batalha traz o emblema de uma lira inscrito na farda, algo que, para um observador cuidadoso, é um indicativo de que se trata de um músico da cavalaria. E assim os vestígios espalhados pelo Memorial vão sendo preenchidos de significados.

Para quem chega ao Memorial munido de um bom conhecimento da História do Brasil, o crânio de uma pessoa negra pode ser indicativo de que o Movimento de Canudos estava abrigando negros ex-escravos que continuavam sendo perseguidos ou explorados por grandes fazendeiros ou coronéis da região.
Na ala reservada para o Museu Arqueológico estão expostas máscaras da réplica da cabeça de Antônio Conselheiro e uniforme militar, objetos estes usados no filme “Guerra de Canudos” (1997), de Sérgio Rezende.
Interior do Museu Arqueológico
Além disto, fotos de pessoas como João de Régis, o descendente de conselheiristas que mais contribuiu para a divulgação dos fatos referentes ao conflito, estão espalhadas pelas paredes e em locais de fácil acesso, bem visíveis e em bom estado de conservação.

Na área externa que ladeia o Memorial é possível nos defrontarmos com descendentes dos maiores adversários enfrentados pelo exército brasileiro. Umbuzeiro, umburana, xiquexique, catingueira, mandacaru, bromélia, angico, favela, quipá (espécie de cacto que tem espinhos extremamente agressivos ao corpo humano) são só alguns exemplares das armadilhas que a própria natureza criou no teatro de operações.
Jardim Euclidiano João de Régis
Entre as mais de 50 espécies de plantas da flora sertaneja que se encontram no “Jardim Euclidiano João de Régis”, uma se destaca pela simplicidade e importância simbólica: O Canudo-de-pito, uma planta cujos galhos têm forma de canudo, muito utilizada na confecção de cachimbo. Está nela a origem do nome do lugar. Como está na clarividência da inscrição de uma placa junto ao monumento de homenagem aos conselheiristas a origem do Memorial: “Os vencidos também merecem um lugar na História. Não devem ficar no anonimato.” (José Calazans).

guia/memorial-antonio-conselheiro-o-lugar-dos-vencidos

Nenhum comentário:

Postar um comentário