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sábado, 3 de dezembro de 2011

O QUE SE ESCREVEU SOBRE LAMPIÃO

Por: Alvarus Oliveira
 15/10/38 - SERGIPE JORNAL
O QUE SE ESCREVEU SOBRE LAMPIÃO
Muito se escreveu sobre Lampião, o cangaceiro que a polícia nortista matou e tirou a cabeça. Sobre a ação hedionda de cortar a cabeça dos bandidos “e a fotografia correu mundo sendo quase um símbolo do Brasil, quase mais conhecido e mais divulgado que o Pão de Açúcar" foi a maior prova de barbarismo, foi o reflexo "lá fora pelo menos não devem ter compreendido assim" irreal da alma brasileira. Não sabemos mesmo como se teve coragem para tanto. Mas é caso consumado, não para os cangaceiros que terão de se vingar mais ainda do revés obtido.
Bastante se escreveu. Comparou-se até a  Napoleão o bandoleiro que deixou nome na história. Muito jogador de futebol ficou com inveja de tanta publicidade. Muito literato ficou com raiva de não ter sido bandoleiro, pois só assim a imprensa falaria mais deles e seus livros teriam a saída esgotada como se esgotaram as fotografias de Lampião vendidas pelos engraxates da cidade.
E nós ficamos, à margem, observando, lendo avidamente tudo que se diz sobre o bandoleiro que deixou de existir.
O problema do cangaceirismo? Pensamos como os que disseram que é questão de terreno. Áspera, seca, ingrata, a terra do Nordeste nada produz nada. Obriga o caboclo a roubar, para viver. Roubando é obrigado a defender-se da Justiça. Defende-se da Justiça e é obrigado a matar. Matando torna-se bandido. É esta a trajetória para o banditismo.
De que maneira se pode combater o banditismo no Nordeste? Pelas armas, cortando-se cabeças? Não. Estamos com os que disseram que o sertão precisa mais de um general Rondon que catequize os bandidos como o fez aos índios.
Agora mesmo no caso das "Bandeiras" que queriam domesticar os índios Xavantes à bala, o mesmo valoroso militar fez retroceder a turba sensacionalista, defendendo os índios.
O mesmo dever-se-ia fazer com referência ao cangaceirismo. Esta a idéia que formamos em torno do assunto.
Mas com referência às páginas que se escreveram sobre o caso coube a coroa de louros a Costa Rego. Pincelada de ouro. Pequeno artigo, sintético, mas feito numa hora de boa inspiração. Que página magnífica! Digna de figurar em qualquer antologia. Nunca lemos coisa tão boa de Costa Rego. Ficamos encantados. Guardamos sua crônica e quase a decoramos de tão bela e real. Não cremos que o redator-chefe do Correio da Manhã possa escrever tão cedo tão formosa página. Nós que temos estado contra o ilustre jornalista com referência a algumas de suas idéias, mas que o tem aplaudido quando a isso faz jus, não o deixando de ler nunca, temos, porém, imenso prazer em recomendar aos que amam as belas letras que procurem ler o que Costa Rego escreveu sobre Lampião.
E que se inscreva nas próximas edições de nossas antologias aquela página que é magnífica de beleza e de sinceridade!

*Nota do estudante e apaixonado pelos assuntos ligados ao cangaço, Archimedes Marques, gerente do site www.cangacoemfoco.com.br (01 de junho de 2011):

O presente texto escrito pelo jornalista Alvarus de Oliveira em 15/10/38 - SERGIPE JORNAL (jornal extinto há muito tempo) faz parte do livro "O fim de Virgulino Lampião” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS", de autoria de Antonio Corrêa, que rompeu meses de trabalho de pesquisa debruçado nos velhos arquivos da nossa Aracaju e além fronteiras para trazer ao público as pertinentes matérias jornalísticas de Sergipe, no período pós-morte de LAMPIÃO, em trabalho exaustivo que por certo servirá de parâmetro e ajuda em novos livros, de novos ou velhos autores, sobre esse tema que canta e encanta e que é sem sombras de dúvidas, de inesgotáveis fontes, jamais saturado, sempre em busca da verdade absoluta dos fatos que marcaram para sempre a história nordestina.

Não só recomendo a leitura do livro, como entendo ser necessário colecionar a referida obra na sua biblioteca, como sendo de excelente fonte de pesquisa e aprendizado, para tanto, sugiro a sua aquisição através contato via endereço de e-mail com o autor Antonio Corrêa Sobrinho: tonisobrinho@uol.com.br
Atenciosamente
Archimedes Marques " Archimedes-marques@bol.com.br
Autor:    Alvarus de Oliveira
Extraído do blog: "O Cangaço em Foco", do
Dr. Archimedes Marques.

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