Glauco Araújo Do G1, em Paulo Afonso (BA)
Mas historiador e parentes afirmam que Lampião não era vilão. Sobrinho de Maria Bonita diz que Lampião também fazia coisas boas.
A dois dias das celebrações pelos 70 anos das mortes de Lampião e Maria Bonita, um historiador e um primo da cangaceira visitaram o povoado de Malhada da Caiçara, que fica a cerca de 38 quilômetros de Paulo Afonso (BA), neste sábado (26). No local ainda é possível encontrar parentes da mulher de Virgolino. O endereço virou ponto turístico em 2006 após a restauração da casa onde Maria Bonita viveu a adolescência.
Segundo Renato Oliveira Mendonça, 45, sobrinho da Rainha do Cangaço, há muita mitificação da figura de Lampião, principalmente quando se fala das mortes ocorridas durante o movimento do cangaço. “Lampião era uma pessoa boa também. Ele fazia o bem para muita gente. Ele foi transformado em um homem violento e agressivo por conta das histórias contadas apenas pela volante [polícia da época], mas isso não era a pura verdade.”
Mendonça lembrou ainda que até mesmo as volantes que perseguiam Lampião e seu bando cometiam crimes e depois colocavam a culpa no Rei do Cangaço. “Ele tinha mais fama do que currículo de bandido. Os policiais roubavam, estupravam e matavam. Depois era só espalhar pela cidade que tinha sido Lampião”, disse ele.
Medo após a morte
Para João de Souza, 43 anos, o medo instalado na mente das pessoas que viveram aquela época fez com que Lampião fosse temido mesmo após sua morte. Alguns cangaceiros, perto de completarem o centenário de vida, ainda seguem em silêncio.
“Muita gente deixou de falar e ainda não fala o que sabe sobre o cangaço porque ainda tem receio dos cangaceiros. Muitos me pedem para parar de ‘desenterrar’ Lampião”, disse o historiador, que lançou na semana passada o livro “Moreno e Durvinha - Sangue, amor e fuga no Cangaço”.
João de Souza é historiador e participou do projeto de restauro da casa da Rainha do Cangaço. Foto: Glauco Araújo/G1
O fato, segundo o historiador, não é querer desenterrar Lampião pura e simplesmente, mas resgatar a memória de um movimento considerado como um dos maiores símbolos da cultura nordestina. “Trabalhar com pesquisa sobre o cangaço é quase uma atividade heróica, pois muita gente ainda treme quando houve falar o nome de Lampião, principalmente os que conviveram com ele e tem histórias para contar”.
20 anos depois
O primo de Maria Bonita disse que as pessoas precisam saber de suas origens e contar as histórias que sabem ou que viveram com Lampião e o cangaço. “Eu, por exemplo, só fiquei sabendo de meu parentesco com Maria Bonita quando tinha 20 anos. Só fui conhecer meus primos e tios, todos da família de Maria Bonita, aos 40 anos.”
Mendonça conta que sua avó morreu e levou para o túmulo o que sabia sobre Lampião. “Ela mesma nunca me contou nada sobre Maria Bonita e Lampião. Quando eu tocava no assunto, ela bufava e mudava o rumo da conversa”.
Mendonça conta que sua avó morreu e levou para o túmulo o que sabia sobre Lampião. “Ela mesma nunca me contou nada sobre Maria Bonita e Lampião. Quando eu tocava no assunto, ela bufava e mudava o rumo da conversa”.
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