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sábado, 17 de março de 2012

Mulheres Mossoroenses I - 17 de Março de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento
 

Dando continuidade à saga da mulher mossoroenses, nesse mês dedicado a mulher, trataremos hoje da professora, musicista, poetisa e jornalista, Cordélia Silva.
              
Maria das Mercês Leite, ou Cordélia Silva, nasceu em Mossoró no dia 11 de novembro de 1888, num belo dia de Domingo. Era filha legítima de Tomé Leite de Oliveira e de Maria das Mercês Leite.

Sua infância deu-se em Mossoró, sua terra natal, onde iniciou os seus estudos. A família mudou-se para Macau e depois para Alagoa Grande, na Paraíba, em 1902. E é nessa cidade paraibana que a nossa futura poetisa fez o seu curso de humanidades e música. Foi também em Alagoa Grande que começou a sua vida profissional, lecionando por vários anos. Em 1908 fundou a revista “O Batel”, que circulou por vários anos. Foi colaboradora de vários jornais e revistas da época, entre os quais podemos citar a revista “A Estrela”, de Aracati/CE, que era dirigida por sua amiga Francisca Clotilde, além dos jornais “Jornal do Comércio, de Recife/PE, “O Nordeste” e a “Imprensa” de João Pessoa/PB e em outros periódicos sulistas. 
               
“Foi Cordélia Silva de uma dedicação exemplar ao desenvolvimento cultural da mulher, dando prova exuberante de sua privilegiada inteligência, como fundadora e diretora de uma revista, em colaboração com Célia Adamantina, que era o pseudônimo de Rita de Miranda Henrique”, nas palavras de Lauro da Escóssia.
               
O historiador Raimundo Soares de Brito em suas “Notícia Biográfica de Alguns Patronos de Ruas de Mossoró, assim se expressa sobre a personalidade de Cordélia Silva: “Descendia dos troncos ilustres, que em Mossoró tiveram suas origens no Sargento-Mor José de Oliveira Leite, a primeira autoridade da então ribeira de Santa Luzia de Mossoró. Seus pais foram: Tomé Leite de Oliveira, também mossoroense e dona Maria das Mercês Leite, cearense da cidade de Pereiro”.
               
Causava admiração, na época, o fato de duas moças, numa pequena cidade do interior, conseguir sustentar por tanto tempo uma revista literária, quando na capital todas as publicações desse gênero tinha vida curta, como nos informa ainda o historiador Raimundo Soares de Brito. Tinha também predileção pela música, deixando alguns interessantes trabalhos.
               
Em dezembro de 2000, a POEMA – Poetas e prosadores de Mossoró – lançou, através da Fundação Vingt-un Rosado, o livro “100 Poetas de Mossoró”. Trata-se de uma antologia aos poetas da cidade. E como não podia deixar de ser, a nossa poetisa em foco, Cordélia Silva, se fez presente com o poema intitulado “O Batel”, um dos mais bonitos de sua criação. A própria autora gostava muito desse poema, tanto é que foi com esse nome que batizou a revista que criou em 1908.
               
Cordélia, como tantas outras mulheres mossoroenses, destacou-se por suas atuações empreendedoras, numa época de puro machismo. Amava profundamente sua terra natal, Mossoró, a qual se referia sempre com arraigado bairrismo, entusiasmo e saudade, como informou Assis Silva na apresentação que fez da poetisa para o livro “100 Poetas de Mossoró.
               
Faleceu em Alagoa Grande/PB, em 14 de abril de 1931. Mossoró prestou-lhe uma homenagem gravando seu nome em uma artéria da cidade. 

Geraldo Maia do Nascimento

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