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sábado, 28 de julho de 2012

CITE UM TRAIDOR, E O FATO QUE O ENVOLVEU... -

Por: Ivanildo Alves Silveira

Acrescentando mais uma postagem a esse tópico, que eu achei demais, segue o caso da Fazenda da Piçarra.

Esse é mais um dos casos que temos que ter um olhar crítico sobre o que aconteceu, pois essa “traição” se deu em circunstâncias extremas e é onde eu digo, no cangaço houve traições e “traições”.

Vamos ao ocorrido:

Passados quase um ano do fiasco de Mossoró, mais precisamente em Março de 1928, Lampião e alguns poucos asseclas, ao longo desse período houve um enorme número de deserções, chegam ao Cariri Cearense à procura de um pouso seguro para descansarem e se reabastecerem depois de meses de perseguição ferrenha. O ponto escolhido foi a Fazenda da Piçarra, um de seus coitos mais seguros por aquelas bandas e que pertencia ao Senhor Antônio, conhecido pela alcunha de Antônio da Piçarra.

Senhor Antônio da Piçarra

Ao se arrancharem, Lampião incumbiu o seu amigo Antônio de algumas encomendas, entre as quais, armas e munições.

Antônio da Piçarra era velho conhecido de Lampião, o mesmo dera guarida a Ezequiel e a Virgìnio (Moderno) antes destes lendários entrarem para o cangaço.

As ferozes volantes pernambucanas de Arlindo Rocha e Mané Neto estavam no encalço dos cangaceiros e deram na Piçarra. Sabedores da estreita ligação entre o Rei do Cangaço e o proprietário da fazenda, imprimem o seu repertório de métodos avassaladores para que Antônio desse o paradeiro dos cabras.

Em um dado momento da conversa, o sagaz Sargento Arlindo Rocha diz para Antônio:

- Seu Toim, eu até tenho paciência, mas não sei se posso segurar Mané Neto.

Daí não teve jeito e seu Antônio denunciou o coito.

Enquanto isso, o cangaceiro Sabino já se assombrava com a demora de Antônio e fala para o chefe:


- Capitão, capitão. Tô achando que Antoi da Piçarra lhe traiu, pois tá demorando além da conta. Já era tempo dele ter vortado com as encomendas e tudo...

E Lampião com total segurança responde ao seu lugar-tenente:
- De jeito nenhum. Isso não! Naquele eu confio sem medo. Se Antoi da Piçarra cavar um buraco no chão e mandar eu entrar, eu entro sem medo.

Era noite e chovia muito, as volantes fizeram o cerco ao coito e, ao estrondo de um  relâmpago, que denunciava o local onde Sabino se encontrava, começa o ataque. Nesse momento, ao clarear do relâmpago, Sabino recebe um balaço e todo o grupo abre fuga desesperadamente conduzindo o seu ferido que viria a ser sacrificado a quilômetros dali


  Local onde Sabino foi baleado

A partir desse momento, Lampião engrossara a sua lista de inimigos. E em sua lista, passara a vigorar o nome de Antônio da Piçarra. Mais uma traição que se deu pela opressão, pela ameaça e pelo medo.

Apesar de Antônio da Piçarra ter sido colocado no rol dos inimigos do Rei Cego, ele morreu de velhice muitos e muitos anos depois. De acordo com as palavras de Vilson Santana, neto de Antônio, seu avô sempre relatava o ocorrido muito cabisbaixo. Sempre se lembrava das palavras de crédito de Lampião com lágrimas nos olhos.

Grande Abraço e até a próxima.

Essa postagem teve como fonte os blogs:

1 - Lampião Aceso  
http://lampiaoaceso.blogspot.com
2 - Cariri Cangaço
http://cariricangaco.blogspot.com, foi baseada nas várias entrevistas concedidas por Vilson Santana a esses blogs e aos seus colaboradores.

As fotos também são oriundas de ambos os Blogs. Não tem como eu mencionar os proprietários das fotos de Seu Antônio e de Sabino, mas a foto do local que Sabino foi baleado é do nosso Grão-Mestre Ivanildo Silveira.

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