Kydelmir Dantas (*)
Há exatos 74 anos morriam o Rei e a Rainha do Cangaço – Virgolino Ferreira da Silva e Maria Gomes de Oliveira – LAMPIÃO e MARIA BONITA, e nove (9) de seus súditos: Luiz Pedro, Quinta-feira, Mergulhão, Alecrim, Enedina, Moeda, Elétrico, Colchete e Macela; além de um soldado, ADRIÃO Pedro de Souza.
Na boca do povo, nos jornais da época e em livros publicados posteriormente, há versões detalhadas deste fato; algumas minuciosas, outras fantasiosas. Na poesia popular, ou seja, nos folhetos de feira, o fato foi contado e é recontado até hoje... Lampião e seus seguidores vão do inferno ao céu, passando pelo purgatório, sendo ele sempre o foco das atenções.
No cancioneiro popular, sempre é referência, MULHER RENDEIRA, que é imputada ao próprio Lampião e a mesma que seu bando entrou cantando-a em Mossoró naquele 13 de junho de 1927; em 1952, registrada por Zé do Norte, para constar na trilha sonora d’O CANGACEIRO, filme que recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1953. Até o ex-cangaceiro VOLTA SECA foi levado a gravar um LP, hoje já em CD, com este título CANTIGAS DE LAMPEÃO, onde interpreta várias canções, sempre precedidas de uma apresentação.
Há muitas músicas cujo tema é o cangaço, mais das vezes sempre o foco é o cangaceiro injustiçado, poucas são destinadas aqueles que combateram o cangaço, algumas sobre as poucas derrotas do Rei Vesgo das Caatingas nordestinas: SINA DO CANGACEIRO (Paulo Gutemberg – Costa Neto), gravada pelo Trio Irakytan; TOMADA DE MOSSORÓ (Ary Monteiro – José Batista), gravada por Marinês e sua Gente; LAMPIÃO, ERA BESTA NÃO! (Solange Veras – Luiz Gonzaga), gravada por Luiz Gonzaga; LAMPIÃO FALOU (Venâncio - Aparício Nascimento) gravada por Luiz Gonzaga, no LP ‘A Festa’, de 1981. A letra desta última é histórica, ei-la...
Eu não sei porque cheguei
Mas sei tudo quanto fiz
Maltratei fui maltratado
Não fui bom, não fui feliz
Não fiz tudo quanto falam
Não sou o que o povo diz
Mas sei tudo quanto fiz
Maltratei fui maltratado
Não fui bom, não fui feliz
Não fiz tudo quanto falam
Não sou o que o povo diz
Qual o bom entre vocês?
De vocês, qual o direito?
Onde está o homem bom?
Qual o homem de respeito?
De cabo a rabo na vida
Não tem um homem perfeito} bis
De vocês, qual o direito?
Onde está o homem bom?
Qual o homem de respeito?
De cabo a rabo na vida
Não tem um homem perfeito} bis
Aos 28 de julho
Eu passei por outro lado,
Foi no ano 38,
Dizem que fui baleado.
E falam noutra versão,
Que eu fui envenenado.
Eu passei por outro lado,
Foi no ano 38,
Dizem que fui baleado.
E falam noutra versão,
Que eu fui envenenado.
Sergipe, Fazenda Angico,
Meus crimes se terminaram.
O criminoso era eu
E os santinhos me mataram.
Um lampião se apagou,
Outros lampiões ficaram.} bis
Meus crimes se terminaram.
O criminoso era eu
E os santinhos me mataram.
Um lampião se apagou,
Outros lampiões ficaram.} bis
... E ATUALÍSSIMA...
O cangaço continua
De gravata e jaquetão.
Sem usar chapéu de couro,
Sem bacamarte na mão.
E matando muito mais,
Tá cheio de lampião.
De gravata e jaquetão.
Sem usar chapéu de couro,
Sem bacamarte na mão.
E matando muito mais,
Tá cheio de lampião.
E matando muito mais,
Tá assim de lampião.
E matando muito mais
Na cidade e no sertão.
E matando muito mais,
Tá sobrando Lampião.
E matando muito mais,
Tá sobrando Lampião.
Foram felizes seus compositores quando se inspiraram para fazê-la... Foi muito oportuna a gravação do Rei do Baião.
Mossoró (RN), 28 de julho de 2012.
(*) Pesquisador e poeta. De Nova Floresta–PB, radicado em Mossoró–RN.
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