Com 25 anos de idade, no então sertão de Goiás, Hagahús Araújo funda aquela que
foi - e continua sendo - uma das melhores obras sociais do país,
o Instituto de Menores, em Dianópolis, terra natal da sua mãe, Amélia
Póvoa.
Era o ano de
1953. A pobreza e a miséria do antigo nordeste goiano tocaram na alma do jovem
que já se via em condições de ajudar aquela região a melhorar quadro tão
desolador, através da educação. Nascido em Patos de Minas (MG) em 31 de agosto
de 1928, Hagahús já havia se destacado no trabalho junto a menores. Apenas com
formação ginasial no Colégio/Internato dos Padres Sacramentinos de Nossa
Senhora, em Patos, tornara-se um autodidata e leitor voraz e compulsivo, dono
de vastos conhecimentos para sua pouca idade. Discutia qualquer assunto com
bons argumentos, serenidade e confiança, conquistando o interlocutor e a
comunidade em que vivia com a solidariedade e humildade na assistência aos
necessitados, e com fidalguia, destemor e o dom da liderança que já
moldavam a sua personalidade, características que lhe foram sempre
marcantes.
Sinhô Pereira,
sentado; de pé: Luiz Padre
Ou uma forte
herança genética: o seu bisavô paterno, Andrelino Pereira da Silva, o
barão do Pajeú, de Vila Bela (PE), hoje Serra Talhada- de família portuguesa e
feito nobre por ato de Dom Pedro II -foi “um dos mais influentes e
poderosos políticos pernambucanos do início do século” (jornal O
Globo, 2/9/1971, em reportagem de Maura Eustáquia de Oliveira). O velho
Aristocrata acolhia todos – políticos, sertanejos e músicos – nos salões de sua
residência que contavam com cômodas gigantes “onde eram conservadas,
permanentemente limpas, 300 redes de dormir, 300 cordas de couro para armá-las,
300 travesseiros e 300 lençóis recendendo a capim cheiroso.” na descrição do
escritor Nertan Macedo.
Hagahús é
filho de Luiz Pereira da Silva, o “Luiz Padre”, o neto do barão.
Este, com apenas 16 anos e filho único, foi instado pela mãe a vingar a morte
do pai, o coronel Manoel Pereira da Silva Jacobina, o “Padre” Pereira, um
ex-seminarista (daí o apelido) filho do barão do Pajeú e morto em emboscada
pelo clã adversário. Para atender à determinação materna, Luiz se uniu ao
seu primo Sebastião Pereira, o legendário “Sinhô Pereira”, ainda
mais moço, e a outros familiares. Sinhô Pereira também era primo de Agamenon
Magalhães, depois governador de Pernambuco. Suas avós eram irmãs.
Barão do Pajeú
Padre Pereira,
avô de Hagahús, era um homem pacífico e caridoso que havia assumido a liderança
da família na região, após a morte do pai barão. Vivia para fazer o bem no
sertão do Pajeú, principalmente entre os mais humildes, que o tinham
como padrinho de pelo menos um dos seus filhos. Esta era uma forma de demonstrar
gratidão a quem se dedicava, diuturnamente, a servir ao próximo e a todos que o
procuravam. A exemplo do pai, tinha a casa sempre cheia de amigos e gente do
povo, e com comida farta. Foi o escolhido para morrer justamente por sua
bondade, por sua liderança e por não ter adversários, o que provocaria a ira da
sua poderosa família, como frisam os historiadores.
O assassinato
do Padre Pereira - de maneira covarde e brutal- gerou uma das mais cantadas,
sangrentas e históricas lutas de família nos sertões nordestinos do início do
Século XX, Pereira X Carvalho. Nesses combates, que duraram mais de uma década,
Luiz Padre e Sinhô Pereira tiveram Lampião sob os seus comandos, antes deste se
tornar o temível cangaceiro e reinar absoluto pelos sertões, após 1923.
Preocupado com
os rumos que essas lutas de família tomavam, o Padre Cícero Romão, do Ceará,
aconselhou Luiz Padre a abandonar o Nordeste. Em 1920, Luiz Padre – já com o
nome de José Andrelino ou Zeca Piauí – chega ao sertão de Goiás, mais
precisamente em São José do Duro, (hoje Dianópolis), onde se casa com
Amélia Póvoa, esta com 13 anos de idade. O primo de Zeca, Sinhô Pereira (os
pais eram irmãos), teve de retornar a Pernambuco. Só mais tarde, eles voltam a
se encontrar em São José do Duro, região também conturbada por lutas locais.
Com eles vieram remanescentes do grupo e o major José Inácio, líder político da
cidade do Barro (CE). O assassinato do major, de forma vil, gerou cruento
conflito com a facção do líder político da região, o
ex-deputado Abílio Wolney .
Dona Chiquinha
e "padre" Pereira
Mais uma vez,
os dois filhos ilustres do sertão do Pajeú decidem recomeçar uma nova vida em
outras terras, em Patos de Minas, sob as graças do coronel Farnesi Dias Maciel,
irmão do presidente Estadual, Olegário Maciel, de quem se tornam
amigos. Zeca (Luiz Padre) e Chico (Sinhô Pereira) passaram a adotar os
nomes de José Araújo e Silva e Francisco Araújo e Silva. Jamais se deixaram
fotografar com armas. Vestiam-se de maneira sóbria, não bebiam, não fumavam,
não tinham vícios, e o passado de lutas era um tabu na família que vivia apenas
para o trabalho, no interior de Minas. Os próprios filhos só tiveram
conhecimento dos antecedentes de luta dos seus genitores quando rapazes.
Em 1950/1951,
Zeca e Chico declinaram do convite do governador de
Pernambuco, Agamenon Magalhães, para retornarem à terra natal. A
família, de alguma forma, voltava ao Poder, com a eleição do ilustre parente
para o governo do Estado.Despido do sentimento do medo, até por herança
genética, Hagahús enfrentou lutas diferentes dos seus ancestrais. E movido
apenas pelo idealismo.
Agamenon
Magalhães
Os
interessados em mais informações ou em aprofundar questões aqui
tratadas poderão procurar os livros do respeitado pesquisador e escritor
tocantinense, Osvaldo Póvoa; de Nertan Macedo, Sinhô Pereira, o Comandante de
Lampião; o livro O Tronco, de Bernardo Élis;
o diário e relatos de Abílio Wolney condensados por seus
netos Abílio e Voltaire; as detalhadas anotações da história
política de Dianópolis feitas por Noélia Costa Araújo e a rica biblioteca e
arquivos da Câmara dos Deputados.
Esta é apenas
uma contribuição ao resgate da memória do nosso jovem estado, com vistas a
fomentar e incentivar o surgimento de novas personalidades que haverão de
contribuir para a consolidação do progresso e do desenvolvimento de um
Tocantins mais justo e fraterno.
FONTE:
www.dno.com.br
NOTA CARIRI CANGAÇO: Hagahús Araujo, filho de Luiz Padre é mais uma espetacular confirmação no Cariri Cangaço 2013. Por ocasião da homenagem que será prestada à sua avó, pelo Cariri Cangaço e o município de Barro do confrade Sousa Neto à Dona Chiquinha, matriarca da família e mãe de Luiz Padre é esperar para ver...Cariri Cangaço 2013 com Hagahús Araujo.
NOTA CARIRI CANGAÇO: Hagahús Araujo, filho de Luiz Padre é mais uma espetacular confirmação no Cariri Cangaço 2013. Por ocasião da homenagem que será prestada à sua avó, pelo Cariri Cangaço e o município de Barro do confrade Sousa Neto à Dona Chiquinha, matriarca da família e mãe de Luiz Padre é esperar para ver...Cariri Cangaço 2013 com Hagahús Araujo.
http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário