Por: Sara Saraiva
Participar da
experiência do Cariri Cangaço
Parayba tornou-se mais que especial devido ao livro 'Vingança, não', do Padre
Pereira Nóbrega. Tive a oportunidade de lê-lo dias antes do evento!
Sou apenas uma
iniciante no assunto, não tenho embasamento teórico. Li o livro com olhos
leigos, sem críticas, apenas sentimento. E foi paixão à primeira página. Fiquei
cativada de tal modo que cheguei a me emocionar em certos capítulos e criei uma
enorme empatia pela família Pereira, por sua luta , e principalmente, pela
mensagem que eles passam. Assim, pisar no solo onde essa história aconteceu
tornou-se algo mágico.
Visualizar os
detalhes, embora ruídos pelo tempo, da casa de Chico Pereira e imaginar a ansiedade
de Maria Egilda, a angústia de Francisco Pereira, a chegada dos cangaceiros, os
cercos da polícia... Transportar a imagem que criamos a partir da leitura e ver
que tudo foi tão real... É fascinante. Não há outra palavra para descrever a
sensação além dessa.
Sarinha e
Manoel Severo, Casa de Chico Pereira
Vivo em meio a
textos rápidos na internet e uma juventude que desconhece a própria história.
Participar desse evento, para mim, foi como um despertar. Observar a seriedade
e o compromisso com que os fatos passados são discutidos e analisados trouxe-me
uma grande curiosidade acerca do Cangaço e da história do nordeste em geral.
Resgatá-la, estudá-la e entender o contexto em que se desenrolaram os
acontecimentos é uma forma de reconhecer erros, refletir, compreender
realidades e mais, evoluir.
A obra de Padre
Pereira, por exemplo, foi-me uma grande oportunidade de reflexão. Embora narre
uma história de violência, há uma moral esplêndida divulgada logo no título do
livro. Uma vez que a própria sociedade induzia a vingança, e que os
interesses políticos e econômicos influem mais que o âmbito humano, ver a
determinação de Jarda em conduzir seus filhos, com sucesso, a um caminho de
perdão, apesar de toda injustiça acometida a família, é um exemplo de
persistência e humanidade. Ressalto, deste modo, um trecho do livro que
descreve bem esse valor:
"Vingar-se
é menos do que humano, porque é próprio das feras. Perdoar é mais do que
humano, porque é próprio de Deus.''
Sara Saraiva
Fortaleza
http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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