Por:
Geraldo Maia do Nascimento
No
início, a cidade não tinha um lugar específico para que os negociantes pudessem
exercer as suas atividades. Encontravam-se e negociavam armando suas bancas nas
sombras das árvores ou sob uma palhoça que fazia vezes de mercado, e que ficava
na praça central da cidade. E permaneceu assim por muitos anos até que em 23 de
agosto de 1875 a Câmara Municipal de Mossoró, através da Lei nº 739, autorizou
a construção de uma casa destinada ao mercado da cidade a ser feita mediante
contrato com quem melhores vantagens oferecessem.
Foi
assim que em 12 de julho de 1877, dois anos após a autorização, durante a
administração do Prefeito Francisco Gurgel de Oliveira, os construtores Antônio
Secundes Filgueira e José Alexandre Freire de Carvalho fizeram entrega do
prédio do Mercado, que iria substituir a palhoça que fazia vezes de tal, sem as
mínimas condições de higiene, onde eram expostas carnes e outros gêneros. Esse
primitivo mercado foi construído no mesmo local onde ainda hoje se encontra o
Mercado Municipal de Mossoró, no centro da Cidade. Possuia seus
estavelecimentos de cereais com portas para o exterior. O mercado de carne
funcionava em galpão na parte interna. Suas entradas principais davam para as
praças fronteiriças.
O
Mercado Municipal tinha, no passado, um papel muito importante na vida de uma
cidade, porque era no Mercado que se encontravam os comerciantes que abasteciam
as cidades dos mais diversos produtos que iam desde os cereais, carnes e
frutas, até roupas, produtos de couro, cerâmica (utilitárias e decorativas) e
uma infinidade de guloseimas, sem esquecer as tradicionais barracas de pinga e
comidas sertanejas (buchadas, rabadas, cuscus e outros pratos típicos).
Por
30 anos esse prédio serviu de Mercado, sem que fosse feito qualquer
melhoramento. E a estrutura foi se desgastando, comprometendo até mesmo a
qualidade dos produtos alí expostos, já que havia acúmulo de lixo, cuja
fedentina incomodava a todos que por ali passava. Fazia-se necessário
providenciar, de imediato, as melhorias nas instalações. Essa era a opinião de
todos.
Na
administração do Coronel Antônio Secundes Filgueira (Totô Filgueira), cuja
intendência era formada por Francisco Tavares Cavalcanti, Luís Colombo, Abel
Chagas, Rodolfo Fernandes e Enéas Almeira (1905 – 1907), a Prefeitura de
Mossoró teve um trabalho muito grande para reconstruir o mercado público, que
segundo o historiador Câmara Cascudo, naquela época era um pardieiro oscilante
que infectava os arredores.
Essa
reforma, que custou aos cofres públicos a importância de Rs. 37.517$180, dotou
Mossoró de um excelente prédio trabalhado pelo mestre Francisco Paulino da
Silva.
O
novo prédio tinha uma fachada muito bonita, como podemos ver na foto que
ilustra este texto, e se ainda existisse, com certeza, continuaria sendo um
orgulho arquitetônico da cidade.
Mais
30 anos se passaram até que fosse feita outra reforma no Mercado, mas dessa vez
não pelo desgaste físico, mas pela necessidade de ampliação de sua área. Com o
crescimento da cidade o espaço foi ficando pequeno. Era preciso uma nova
reforma, com ampliação do espaço. E isso aconteceu a partir da administração do
Padre Luís Mota (1936 – 1945). Para essa nova reforma, o velho mercado foi
praticamente demolido, inclusive as suas belas fachadas, para ceder lugar a um
outro, mais amplo e mais moderno, mas nem de longe com a beleza do anterior. A
inauguração do novo prédio se deu em 1937.
O
jornalista Lauro da Escócia, em seu livro “Memórias de um Jornalista de
Província”, dá uns dados interessantes: Por essa época, 1937, era administrador
do mercado o Sr. Abel Duarte. O zelador era Zezinho da velha Aninha Cocorote e
o descarregador de carne da carroça era Marcelino.
O
Mercado Público Municipal de Mossoró que conhecemos hoje já não tem as
finalidades para o que foi criado. O seu interior é apenas um centro de venda
de roupas populares, havendo apenas algumas lanchonetes que poderiam lembrar os
tempos passados. Já não ha mais açogues, nem frutas ou verduras. São outros
tempos; outros costumes!
Geraldo
Maia do Nascimento
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