* Belém do São
Francisco, PE (25/04/1915) - + Salvador, BA
(07/02/1994)
Sérgia Ribeiro
da Silva, mais conhecida como Dadá, foi uma cangaceira, a única mulher a
pegar em armas no bando de Lampião.
Nasceu em
Belém do São Francisco, PE, em 1915, onde viveu seus primeiros anos de
vida e teve algum contato com índios, e uma das filhas do casal Vicente R.
da Silva e Maria R. S. da Silva. A família mudou-se para a Bahia
onde, aos treze anos, foi raptada por Cristino
Gomes da Silva Cleto, o cangaceiro Corisco,
de quem seria prima.
Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegou na sua casa, "onde fez uma baderna danada". Na época, Dadá morava na Fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.
De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: "Como é? Você não quer desmamar esta menina?". Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, "foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Polícia por toda parte". Dadá tinha, apenas 13 anos.
Cabocla bonita, esbelta, conheceu o homem da sua vida de forma violenta, em meio a caatinga árida por onde vivia errante o bando de cangaceiros. Consta que seu defloramento lhe provocara tanta hemorragia que por pouco não faleceu.
Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegou na sua casa, "onde fez uma baderna danada". Na época, Dadá morava na Fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.
De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: "Como é? Você não quer desmamar esta menina?". Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, "foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Polícia por toda parte". Dadá tinha, apenas 13 anos.
Cabocla bonita, esbelta, conheceu o homem da sua vida de forma violenta, em meio a caatinga árida por onde vivia errante o bando de cangaceiros. Consta que seu defloramento lhe provocara tanta hemorragia que por pouco não faleceu.
A relação, que
começou instintiva, transformou-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o
companheiro, que era o segundo homem, na hierarquia do bando, a chegada dos
filhos, fez com que mais que uma amante Dadá se tornasse a
companheira de Corisco,
com quem, ainda no meio das lutas veio a se casar.
Apesar da
violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com
muita ternura, afirmando: "Nos amamos muito".
Dadá teve sete filhos com Corisco, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados. Destes, apenas três sobreviveram, Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano, todos vivos. Também elogiava Lampião, dizendo que ele era um homem bom.
"Um homem
de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste
quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca
fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam vantagens
da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram."
O bando de Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, e a mais importante delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e contar. Ela era a única cangaceira que carregava um revólver calibre 38 e contribuía na defesa e ataque do grupo. Algumas outras, segundo ela, possuíam uma "pistolinha de brincadeira" apenas.
Num dos
ataques feitos pelas volantes, em outubro de 1939, na Fazenda Lagoa da Serra em
Sergipe, o Diabo Louro foi ferido em ambas as mãos, perdendo a
capacidade para atirar. Dadá, então, tornou-se a primeira e única mulher a
tomar parte ativa, e não meramente defensiva, nas lutas do cangaço.
Se o marido
era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas
tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também
era chamado "Suçuarana do Cangaço".
Trágico Final
Tendo Lampião sido
executado em 1938, Corisco,
que estava em Alagoas com parte do bando, empreendeu feroz vingança.
Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas, e expostas no Museu
Nina Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também
cortou a cabeça de muitas vítimas, então.
O cangaço
definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma
arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria
justiça passou a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.
Em
25/05/1940, Corisco e
seu bando foi cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do tenente Zé Rufino.
Dissolveram o bando, e abandonaram as vestes típicas, procurando se passar por
simples retirantes.
Uma rajada da
metralhadora rompeu os intestinos de Corisco. Dadá foi
ferida na perna direita.
O último líder
do cangaço morreu dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Miguel Calmon,
no Estado da Bahia, dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada
ao Museu Nina Rodrigues, junto às demais do bando.
Dadá, colocada
em condições infectas, teve seu ferimento agravado para uma gangrena, que lhe
restou, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o
célebre rábula baiano Cosme de Farias, representou Dadá na
Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942.
Luta Por
Direitos
Dadá passou
a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos
mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Antropológico
Estácio de Lima, localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina
Rodrigues tivesse fim.
Só a 06/02/1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição.
Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 80, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.
Teve sua vida retratada em muitos filmes, sendo que em um deles trabalhou na Supervisão Histórica e Costumes assegurando a melhor reprodução possível de sua época e história.
Só a 06/02/1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição.
Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 80, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.
Teve sua vida retratada em muitos filmes, sendo que em um deles trabalhou na Supervisão Histórica e Costumes assegurando a melhor reprodução possível de sua época e história.
Morte
Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Cemitério Jardim da Saudade, foi sepultada, às 18:10 hs, de 07/02/1994, o corpo de Sérgia Silva Chagas, a Dadá, que morreu, em Salvador, BA, aos 78 anos, na madrugada de 07/02/1994, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber.
O corpo de Dadá foi velado na capela do Cemitério Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.
Dadá casou-se novamente com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar-se como costureira. Com sua morte, fecha-se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.
Dadá Na
Cultura
2005 -
"Dadá, a Mulher de Corisco" (Savaget, Luciana - Ed. DCL)
1996 -
"Corisco & Dadá" (Filme de Rosemberg Cariry)
1982 -
"Gente de Lampião: Dadá e Corisco" (Araújo, Antônio Amaury Corrêa de)
1976 - "A
Mulher no Cangaço" (Curta-metragem de Hermano Penna)
Fonte: Wikipédia e A Tarde (08/02/1994)
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