Por Rostand Medeiros
Hoje o Mundo
celebra os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Sem dúvida esta
é uma data significativa e importante para todos. Já para mim essas
comemorações trazem as lembranças do meu amigo Emil Anthony Petr.
O grande amigo
Augusto Maranhão discursando no lançamento do nosso livro “Eu não sou herói-A
História de Emil Petr”.
Emil nasceu em
1919, na pequena comunidade de Deweese, no estado americano de Nebraska, era
católico, descendente de tchecos e durante a Segunda Guerra Mundial serviu na
USAAF.
No grande
conflito mundial foi primeiramente designado para o 57th Fighter Group (57º
Grupo de Caça), na área de Boston. Quando estava para seguir com a sua unidade
para o deserto do norte da África, ele conseguiu a aprovação para cursar a
escola de formação de navegadores, em San Marco, no Texas. Em 1943, após
conseguir a patente de segundo tenente, foi designado para atuar em
bombardeiros B-24. Mas não era o fim de sua preparação. O tenente Petr seguiu
para a base aérea de Langley, Virginia, onde se especializou na tarefa de
bombardeio por radar.
Emil Anthony
Petr, segundo tenente da USAAF, honra por ter escrito sua biografia.
Em abril de
1944 chegou a sua transferência para a 15ª Air Force (15ª Força Aérea), no sul
da Itália, para atuar no esquadrão 139, do 454th Bomb Group (454 Grupo de
Bombardeiros), que ficava baseado no campo de San Giovanni, próximo a cidade de
Cerignola, no sul da Itália.
Durante o
trajeto para a Europa o tenente Emil esteve no Brasil, mas não em Natal. Passou
pelas cidades de Belém e Fortaleza, onde guardou boas lembranças. “-Não era
para ter conhecido Natal na época da guerra, mas foi para cá que optei por
viver e me casar”.
Material de
jornais antigos foram utilizados na feitura deste livro
No 454th Bomb
Group havia uma seção específica de pessoas que trabalham com sistemas de
radar. Quando Emil foi escolhido para uma missão de bombardeio, ele me disse
que era extremamente focado em seu trabalho. Porque ele sabia que qualquer erro
poderia comprometer todo o grupo de aeronaves e suas tripulações.
De abril a
setembro de 1944, Emil participou de 38 missões sobre a Europa ocupada e
alcançou o posto de segundo tenente. Em uma delas, ao atacarem a fábrica da
Messerschmitt, em Bad Voslau, na Áustria. O bombardeamento desta estratégica
unidade fabril rendeu ao 454th Bomb Group uma citação do presidente dos Estados
Unidos e o tenente Emil estava lá.
Mas no dia 13
de setembro de 1944, quando na sua 39º missão, a de número 117 do 454th Bomb
Group, cujo objetivo era uma refinaria na cidade alemã de Odertal, seu B-24 foi
atingido pela artilharia antiaérea alemã. Ninguém da sua tripulação morreu, mas
a maioria foi capturada, entre estes o tenente Emil.
Feito
prisioneiro, Emil foi levado para o campo de prisioneiros Stag Luft III, em
Sagan (atual Zagan, na Polônia) e o sofrimento foi grande.
Meses depois
as tropas russas estavam avançando a partir do leste e começaram a se aproximar
do campo. Segundo os livros relativos à Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler
mandou evacuar Stalag Luft III, pois além de não querer que estes aviadores
aliados fossem libertados pelos russos, havia a intenção de utilizá-los como
reféns.
Em 31 de
Janeiro os homens seguiram para o Stalag Luft VIIA, em Moosburg. Durante dois
dias de viagem, os aviadores foram levados em vagões de transportar gado. As
necessidades fisiológicas eram feitas ali mesmo, em pé e para dormir só
escorados uns nos outros e a viagem durou dois dias. Moosburg era uma
verdadeira pocilga, onde os alemães amontoaram mais de 140.000 prisioneiros
aliados, entre estes alguns brasileiros. Finalmente os prisioneiros foram
libertados pelos soldados da 14ª Divisão Blindada, do 3º Exército da U.S. Army,
comandados pelo general George Patton.
Discursando
junto com o meu amigo Augusto Maranhão, no lançamento do meu livro “Eu não sou
herói-A história de Emil Petr”
Depois de
retornar aos Estados Unidos, Emil tentou a universidade de Lincoln, sem sucesso
e foi trabalhar em uma empresa de construção da família. Mas este americano de
origem eslava, de profunda devoção católica, decidiu trabalhar como um
voluntário em obras assistenciais na América Latina, através de um programa
criado pelo Papa João XVIII.
O destino o
trouxe a Natal em 1963, onde conheceu Dom Eugênio de Araújo Sales (na
época Bispo da capital potiguar) e se incorporou no programa SAR – Serviço de
Assistência Rural. Através deste trabalho manteve contatos e participou de
ações em Recife junto com Dom Helder Câmara e teve oportunidade de estar ao
lado da irmã Dulce, de Salvador.
Emil teve
oportunidade de conhecer o sertão potiguar, os aspectos ligados aos
trabalhadores rurais nordestinos e veio a ser casar com a assistente social
Célia Vale Xavier, assistente social com curso de especialização na Costa Rica
e Colômbia, nascida em Caicó, que havia sido indicada pelo Monsenhor Walfredo
Gurgel, seu antigo mestre, para trabalhar no SAR junto com Dom Eugênio, na
elaboração do pioneiro projeto de educação radiofônica através da Emissora de
Educação Rural, mais conhecida como Rádio Rural de Natal.
Eu tive a
honra de escrever sua história e concluir o livro “Eu não sou herói – A
história de Emil Petr”, lançado em 2012 pela editora potiguar Jovens Escribas.
Na época do
lançamento deste trabalho, o meu grande amigoAugusto Maranhão, que produzia o
interessante programa televisivo “Conversando com Augusto Maranhão” e
gentilmente realizou uma entrevista comigo e com Emil Petr. É esta entrevista
que trago agora a todos, para marcar os 70 anos do fim da guerra na Europa e
lembrar meu amigo Emil.
No dia 31 de
outubro de 2012, em meio a muitos convidados (inclusive com a presença de
parentes de Emil que vieram dos Estados unidos), estivemos no Iate Clube de
Natal para o lançamento deste nosso trabalho. Ali, em meio a muitas emoções, o
nosso grande amigo Augusto Maranhão proferiu um belo discurso sobre o nosso
trabalho.
Infelizmente
Emil Petr faleceu em 2013.
Por isso
valorizo tanto os momentos que estive ao seu lado. Foram momentos muito
agradáveis e que não deixam minha memória, pois Emil era uma pessoa
maravilhosa, grande figura humana, que deixou uma marca difícil de ser apagada
na memória de muita gente no Rio Grande do Norte.
Meus
agradecimentos mais do que especiais a grande figura humana de Augusto Maranhão
e ao amigo Leonardo Dantas pela cessão deste material.
Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.com.br/2015/05/08/entrevista-ao-amigo-augusto-maranhao-no-lancamento-do-meu-livro-eu-nao-sou-heroi-a-historia-de-emil-petr/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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