*Rangel Alves da Costa
Não podemos temer as demoras para que as boas novas aconteçam. Mire-se no exemplo do sertanejo que mesmo cheio de aflição todo dia avista uma esperança de chuva.
Não podemos desesperançar ante os inesperados e tristes acontecimentos. Mire-se no Eclesiastes que logo acende a lua ante o pôr do sol.
Não podemos chorar além da medida nem sofrer além das dores da alma. Mire-se no exemplo do girassol que sente necessidade de encontrar a luz da sobrevivência e por isso vai girando com a face voltada ao sol.
Não podemos fugir da realidade por medo de que ela nos mostre muito além do que desejamos enxergar ou sentir. Mire-se no exemplo da história que não esconde seus erros e por isso mesmo ensina a viver o futuro.
Não podemos deixar de nos refazer, de moldar melhor nossos comportamentos, por medo de que não nos reconheçamos mais naquilo que somos. Mire-se no exemplo da Fênix que morreu no fogo para renascer das cinzas.
Não podemos deixar de semear a boa semente, não podemos deixar de cultivar aquilo que desejamos colher. Mire-se no exemplo daquele que por quarenta dias e quarenta noites vagou solitário, e em meio a tentações, pelo distante deserto.
Não podemos nos martirizar pelo amor desfeito nem pela paixão rompida. Mire-se no exemplo no destino que espera tudo acontecer para depois dizer que tudo estava errado, pois a felicidade chegará de outro modo.
Não podemos abdicar da fé pelo fato de que os pedidos e rogos em nossas orações não são contemplados no instante seguinte. Mire-se no exemplo das estações que sempre chegam no seu tempo certo de existência.
Não podemos entristecer pelo fato de que passam como nuvens as coisas boas que nos acontecem, as nossas alegrias e contentamentos. Mire-se no exemplo da flor do mandacaru que nasce tão linda ao anoitecer e já perde seu fulgor ao primeiro raio de sol.
Não podemos desacreditar nas esperanças nem deixar de sonhar os melhores sonhos, Mire-se na terra seca que guarda dentro de si uma raiz viva e ávida para novamente florescer sobre o chão.
Não podemos viver em luto eterno nem em lamentos contínuos. Mire-se no exemplo da face de Deus, pois ninguém jamais a imaginou entristecida.
Não podemos nos envaidecer nem nos orgulhar pela aparência ou pelo que possuímos. Mire-se no exemplo da pedra grande e imponente que vira pó ao chegar o seu dia e se desfaz pelo ar como um nada existente.
Não podemos pensar somente em riquezas, em acumular bens materiais, em querer sempre mais. Mire-se no exemplo do Rei Midas que tanto transformar tudo em ouro e querer sempre mais, acabou faminto e sedento pela própria ambição.
Não podemos deixar de procurar aquilo que a tantos parece ser impossível, mas que a nós será tão necessário. Mire-se no exemplo do Cálice Sagrado que em algum lugar espera ser avistado para trazer redenção ao mundo.
Não podemos ser além da beleza singela nem da humildade que fortalece o ser. Mire-se no exemplo dos lírios do campo que pela sua beleza plácida e terna subjugaram o mundo das riquezas e das vanglórias.
Não podemos desistir, nunca devemos desistir. Mire-se no exemplo do pequeno Davi, lutando apenas com a pedra da perseverança para vencer o Golias dos ódios, das falsidades, das injustiças, dos sorrisos e das palavras que nos chegam cheios de falsidade.
Então, que miremos nos exemplos da vida e do mundo. Mas principalmente em nós mesmos. Encontraremos em nós sempre o reflexo da grandeza que nos foi concedida por Deus. E que nenhum ser terreno será capaz de subjugar, pois nunca somos ou estamos sozinhos. Temos um Pai.
Escritor
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