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sábado, 22 de julho de 2017

12 DE JULHO DE 1951: O DIA EM QUE MOSSORÓ CHOROU

Por Geraldo Maia do Nascimento

Quinta feira,  12 de julho de 1951. Uma notícia ecoa pelo ar, deixando o Estado do Rio Grande do Norte e principalmente a cidade de Mossoró em pavorosa:  num desastre aéreo ocorrido às 9:0h da manhã daquele mesmo dia, morria um dos mais ilustres dos seus filhos, o Governador Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia. 


Junto com o governador  morreram também o agrônomo Felipe Pegado Cortez, Secretário da Agricultura, José Borges de Oliveira, Diretor Geral do Departamento das Municipalidades e José Gonçalves de Medeiros, Diretor da Imprensa Oficial. O desastre ocorreu no Rio do Sal, nas proximidades do campo de pouso de Aracaju, em Sergipe, com o avião de prefixo PP-LPG da Linhas Aéreas Paulistas, LAP. Naquele dia Mossoró chorou; não podia acreditar que uma das maiores promessas políticas do Estado acabava de morrer em desastres,  quando ocupava o cargo de governador a menos de seis meses. Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia nasceu em Mossoró a 25 de março de 1911 e pertencia a uma das mais ilustres famílias da região oeste. Era um homem de trabalho, industrial de aguda percepção, de contagiante otimismo realizador e popularidade, o que o tornava a esperança de um governo admirável. Havia sido eleito como terceiro Prefeito constitucional de Mossoró, tomando posse a 31 de março de 1948, tendo renunciado em 1950 para assumir o cargo de Governador do Estado do rio Grande do Norte, o que ocorreu em 31 de janeiro de 1951. O motivo da viagem que estava realizando era o de conseguir um empréstimo de 30 milhões de Cruzeiros, que serviriam para reforçar os serviços de água em Natal, que na época era muito precário, como também abastecer as cidades de Caicó e Mossoró. Os serviços terminaram sendo feitos por seu sucessor no governo,  Sylvio Pizza Pedrosa, que cumpriu fielmente o programa traçado. O povo do Rio Grande do Norte presta homenagem ao seu ilustre filho, através de um monumento em bronze na principal praça pública de Mossoró. Esse monumento, que fica na Praça Vigário Antônio Joaquim, em frente a Catedral de Santa Luzia, é o maior e mais importante monumento histórico da cidade. Foi executado pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, sob a direção do professor Otoni Zorline, sob a supervisão do professor Pedro Suzana e pesa 54.978 Kg. A inauguração  se deu no dia 30 de setembro de 1953, com a presença do Governador Sílvio Pizza Pedrosa, na qualidade de chefe do executivo potiguar e orador oficial da cerimônia, em companhia de vários auxiliares de administração e representações do Tribunal de Justiça do Estado,  Assembléia Legislativa e Prefeitos de vários municípios do Estado. Proferiram discursos o Dr. José Fernandes Vieira, juiz de Direito da Comarca, que falou em nome da Comissão promotora e do poder público municipal, O vereador Manuel de Aguiar Gusmão, representando o município de Ceará Mirim, sede da idéia do monumento, levantada na Câmara daquela cidade pelo vereador Antônio Eduardo Freire, discursando ainda o Padre Francisco de Sales Cavalcanti, representando o Governo Diocesano de Mossoró. Encerrando a cerimônia falou o então Deputado Federal Jerônimo Dix-huit Rosado Maia em nome da família do Governador homenageado. Na frente do pedestal, numa grande placa de bronze está escrito: "Governador Jerônimo Dix-Sept rosado Maia. Morto na tragédia aviatória de Aracaju, a 12 de julho de 1951, quando, em missão do seu cargo e no benefício de sua gente, viajava  à Capital da República, com o objetivo da solução de serviços e problemas do Estado, cujas condições econômicas e sociais o flagelo das secas, mais uma vez agravava, devastando a terra potiguar. Nele se conjugaram idealismo e ação, espírito público e solidariedade humana, capacidade de resistência e destino de comando-transfigurado, pela contagiante irradiação popular e o doloroso sacrifício em plena ascensão, numa legenda e num exemplo que o Rio Grande do Norte sempre recordará com emoção, confiança e orgulho. Homenagem do povo. " Do lado direito do pedestal, em outra placa de bronze: "Eis porque Mossoró resistiu sempre sustentada em Deus e no estoicismo da sua gente. Gente digna de levar-se a uma cruzada, a uma expedição, a toda empresa que necessite de fé." Edgar Barbosa. Na parte posterior do monumento, em placa de bronze: "Mário Negócio, Felipe Cortez, José Borges e José Gonçalves, Secretário Geral e Auxiliares Geral do Governo desaparecidos, o primeiro, em Tacima, a 30 de março de 1951 e os demais, juntamente com o Governador Dix-Sept  Rosado, no desastre aviatório de Aracaju, a 12 de julho do mesmo ano. A  eles que, animados de acendrado amor à terra comum, pela qual sacrificaram a vida, legando aos pósteros um magnífico exemplo de virtudes cívicas, este preito do Rio Grande do Norte. A memória de todos os seus companheiros de infortúnio é também aqui reverenciado". Acima dessa placa encontra-se quatro medalhões em alto relevo, representando os homenageados acima. Do lado esquerdo do monumento encontra-se outra placa em bronze contendo os dizeres: "O povo de Ceará Mirim foi pioneiro desta homenagem. Encarregou-se da realização deste monumento uma comissão central constituída de Dr. José F. Vieira, Manuel L. Nogueira, Raimundo Rebouças filho, Francisco V. de M. Mota, Jorge de A. Pinto, Dr. Vicente da Mota Neto, Lauro da Escóssia, Dr. Vicente de Almeida, Dr. José A . Rodrigues, Jorge F. de Andrade, Capitão Manuel A . Freire, Lauro do Monte rocha, Jaime Hipólito Dantas e Cleide Siqueira". Outra grande homenagem prestada a Dix-Sept Rosado foi quando no dia 25 de junho de 1951, poucos dias depois de sua morte, era aprovada a lei municipal nº 16, da mesma data, mudando o nome do município de São Sebastião para Governador Dix-Sept Rosado. Sessenta e seis anos depois do trágico  acidente, Mossoró volta a lembrar da figura ímpar que foi Dix-Sept Rosado, reafirmando para futuras gerações:   " Nele se conjugaram idealismo e ação, espírito público e solidariedade humana, capacidade de resistência e destino de comando-transfigurado, pela contagiante irradiação popular e o doloroso sacrifício em plena ascensão, numa legenda e num exemplo que o Rio Grande do Norte sempre recordará com emoção, confiança e orgulho. Homenagem do povo. "  

Nota: O autor deste artigo não proíbe a sua reprodução em qualquer meio de comunicação, mas desde que sejam colocados o seu nome e a fonte pesquisada.

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