Por Geraldo Maia do Nascimento
Quinta
feira, 12 de julho de 1951. Uma notícia ecoa pelo ar, deixando o Estado
do Rio Grande do Norte e principalmente a cidade de Mossoró em pavorosa:
num desastre aéreo ocorrido às 9:0h da manhã daquele mesmo dia, morria um dos
mais ilustres dos seus filhos, o Governador Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia.
Junto com o governador morreram também o agrônomo Felipe Pegado Cortez,
Secretário da Agricultura, José Borges de Oliveira, Diretor Geral do
Departamento das Municipalidades e José Gonçalves de Medeiros, Diretor da
Imprensa Oficial. O desastre ocorreu no Rio do Sal, nas proximidades do campo
de pouso de Aracaju, em Sergipe, com o avião de prefixo PP-LPG da Linhas Aéreas
Paulistas, LAP. Naquele dia Mossoró chorou; não podia acreditar que uma das
maiores promessas políticas do Estado acabava de morrer em desastres,
quando ocupava o cargo de governador a menos de seis meses. Jerônimo Dix-Sept
Rosado Maia nasceu em Mossoró a 25 de março de 1911 e pertencia a uma das mais
ilustres famílias da região oeste. Era um homem de trabalho, industrial de
aguda percepção, de contagiante otimismo realizador e popularidade, o que o
tornava a esperança de um governo admirável. Havia sido eleito como terceiro
Prefeito constitucional de Mossoró, tomando posse a 31 de março de 1948, tendo
renunciado em 1950 para assumir o cargo de Governador do Estado do rio Grande
do Norte, o que ocorreu em 31 de janeiro de 1951. O motivo da viagem que estava
realizando era o de conseguir um empréstimo de 30 milhões de Cruzeiros, que
serviriam para reforçar os serviços de água em Natal, que na época era muito
precário, como também abastecer as cidades de Caicó e Mossoró. Os serviços
terminaram sendo feitos por seu sucessor no governo, Sylvio Pizza
Pedrosa, que cumpriu fielmente o programa traçado. O povo do Rio Grande do
Norte presta homenagem ao seu ilustre filho, através de um monumento em bronze
na principal praça pública de Mossoró. Esse monumento, que fica na Praça
Vigário Antônio Joaquim, em frente a Catedral de Santa Luzia, é o maior e mais
importante monumento histórico da cidade. Foi executado pelo Liceu de Artes e
Ofícios de São Paulo, sob a direção do professor Otoni Zorline, sob a
supervisão do professor Pedro Suzana e pesa 54.978 Kg. A inauguração se
deu no dia 30 de setembro de 1953, com a presença do Governador Sílvio Pizza
Pedrosa, na qualidade de chefe do executivo potiguar e orador oficial da
cerimônia, em companhia de vários auxiliares de administração e representações
do Tribunal de Justiça do Estado, Assembléia Legislativa e Prefeitos de
vários municípios do Estado. Proferiram discursos o Dr. José Fernandes Vieira,
juiz de Direito da Comarca, que falou em nome da Comissão promotora e do poder
público municipal, O vereador Manuel de Aguiar Gusmão, representando o
município de Ceará Mirim, sede da idéia do monumento, levantada na Câmara
daquela cidade pelo vereador Antônio Eduardo Freire, discursando ainda o Padre
Francisco de Sales Cavalcanti, representando o Governo Diocesano de Mossoró.
Encerrando a cerimônia falou o então Deputado Federal Jerônimo Dix-huit Rosado
Maia em nome da família do Governador homenageado. Na frente do pedestal, numa
grande placa de bronze está escrito: "Governador Jerônimo Dix-Sept rosado
Maia. Morto na tragédia aviatória de Aracaju, a 12 de julho de 1951, quando, em
missão do seu cargo e no benefício de sua gente, viajava à Capital da
República, com o objetivo da solução de serviços e problemas do Estado, cujas
condições econômicas e sociais o flagelo das secas, mais uma vez agravava,
devastando a terra potiguar. Nele se conjugaram idealismo e ação, espírito
público e solidariedade humana, capacidade de resistência e destino de
comando-transfigurado, pela contagiante irradiação popular e o doloroso
sacrifício em plena ascensão, numa legenda e num exemplo que o Rio Grande do
Norte sempre recordará com emoção, confiança e orgulho. Homenagem do povo.
" Do lado direito do pedestal, em outra placa de bronze: "Eis porque
Mossoró resistiu sempre sustentada em Deus e no estoicismo da sua gente. Gente
digna de levar-se a uma cruzada, a uma expedição, a toda empresa que necessite
de fé." Edgar Barbosa. Na parte posterior do monumento, em placa de
bronze: "Mário Negócio, Felipe Cortez, José Borges e José Gonçalves,
Secretário Geral e Auxiliares Geral do Governo desaparecidos, o primeiro, em
Tacima, a 30 de março de 1951 e os demais, juntamente com o Governador
Dix-Sept Rosado, no desastre aviatório de Aracaju, a 12 de julho do mesmo
ano. A eles que, animados de acendrado amor à terra comum, pela qual
sacrificaram a vida, legando aos pósteros um magnífico exemplo de virtudes
cívicas, este preito do Rio Grande do Norte. A memória de todos os seus
companheiros de infortúnio é também aqui reverenciado". Acima dessa placa
encontra-se quatro medalhões em alto relevo, representando os homenageados
acima. Do lado esquerdo do monumento encontra-se outra placa em bronze contendo
os dizeres: "O povo de Ceará Mirim foi pioneiro desta homenagem.
Encarregou-se da realização deste monumento uma comissão central constituída de
Dr. José F. Vieira, Manuel L. Nogueira, Raimundo Rebouças filho, Francisco V.
de M. Mota, Jorge de A. Pinto, Dr. Vicente da Mota Neto, Lauro da Escóssia, Dr.
Vicente de Almeida, Dr. José A . Rodrigues, Jorge F. de Andrade, Capitão Manuel
A . Freire, Lauro do Monte rocha, Jaime Hipólito Dantas e Cleide
Siqueira". Outra grande homenagem prestada a Dix-Sept Rosado foi quando no
dia 25 de junho de 1951, poucos dias depois de sua morte, era aprovada a lei
municipal nº 16, da mesma data, mudando o nome do município de São Sebastião
para Governador Dix-Sept Rosado. Sessenta e seis anos depois do trágico
acidente, Mossoró volta a lembrar da figura ímpar que foi Dix-Sept Rosado,
reafirmando para futuras gerações: " Nele se conjugaram idealismo e
ação, espírito público e solidariedade humana, capacidade de resistência e
destino de comando-transfigurado, pela contagiante irradiação popular e o
doloroso sacrifício em plena ascensão, numa legenda e num exemplo que o Rio
Grande do Norte sempre recordará com emoção, confiança e orgulho. Homenagem do
povo. "
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