Por Medeiros Braga
Viu
de perto o *Monsenhor
A Revolução Francesa,
A Tomada da Bastilha,
Da Guilhotina, a rudeza,
Conheceu com otimismo
A rede do iluminismo
Com a sua luz acesa.
*Arruda Câmara
Conclusão do CORDEL
200 ANOS DA REVOLUÇÃO
PERNAMBUCANA
(Composto por 96 estrofes)
“Pernambuco era a mais rica
De todas capitanias
Dois tipos de “ouro branco”
Tinha, de grandes valias:
O açúcar e o algodão
E em menor proporção
Mais outras mercadorias.
Com cem engenhos de cana
Era um grande produtor;
Muitos tropeiros traziam
Algodão do interior.
Pelo porto do Recife
Conseguia-se, com cacife,
Divisas do exterior.
Já estava no Brasil
Toda família real,
Escapando à invasão
Ocorrida em Portugal
Quando abriu Napoleão
Seus mares, sem reação,
Com sua esquadra naval.
Vieram, mas, não deixaram
Para lá sua mordomia,
Seus luxos continuaram
Esnobando a cada dia.
Eram milhares de nobres
Indiferentes aos pobres
Que no Brasil já havia.
Pra bancar a confraria
Pelo Rio de Janeiro
Elevava-se o imposto
Coletando mais dinheiro;
Reduzia-se o fomento
Aumentando o sofrimento
No mundo canavieiro.
Quanto à questão política
Passara por insurreições,
O Quilombo dos Palmares
Que deixou boas lições,
Teve mais alguns embates
Como a Guerra dos Mascates
Entre dois grupos mandões.
E assim sempre passando
Por tanta contenda ainda
Foram os povos ganhando
Uma experiência infinda.
Chegaram até a pensar
No fato de proclamar
A Independência de Olinda.
Mas, ainda não havia
Bom nível de consciência,
Era embate de chefões
Com a sua prepotência,
Só mais tarde, mais notários,
Que chegaram uns ideários
Falando de independência.
Dentre as causas principais
Destacam-se a influência
Das ideias iluministas,
Seu humanismo e decência,
Também, a gastança tal
Pela Família Real
Como uma consequência.
Para reforçar as causas
Por uma revolução
A seca de dezesseis
Apressou sua eclosão.
E a rica capitania
Em desgraça, então, caía
Com seu povo já sem pão.
Isso foi o que se deu
Em solos pernambucanos,
Políticos, religiosos,
Repletos de desenganos
Arrebataram as massas
E discutiram nas praças,
Em concordância, seus planos.
Outras castas diferentes
A elas se incorporavam,
Camponeses explorados
Que nos feudos trabalhavam,
Também índios e escravos
Que lutando como bravos
As razões assimilavam.
A revolução pra Páscoa
Estava sendo prevista,
Tudo foi bem planejado
Pra todo país, em vista,
Do extremo Sul ao Norte
Estava lançada a sorte
Ante a sonhada conquista.
Porém, houve um incidente
De imensidão notória,
O brigadeiro Manuel
Joaquim, com a sua vanglória,
Quis prender o capitão
José de Barros, então,
E atingiu a história.
Este com tremenda fúria
Desembainhou a espada
Esgrimiu ao brigadeiro
Matando-o na desfechada,
Sabendo-se da reação
Do poder, a revolução
Veio a ser antecipada.
Em Recife, aquele ataque
Não encontrou resistência,
Pelo Rio Dom João VI
Não tomou logo ciência,
Mas, Estados programados
Não estavam preparados
Com tamanha eficiência.
Mas, ali onde eclodiu
Sem tal perca triunfou,
Os líderes logo chegaram,
Um governo se instalou,
Escrevendo a nova história,
Uma junta provisória
O processo iniciou.
São 96 estrofes que formam o cordel. Vem destaque dos líderes, heróis e mártires: Peregrino de Carvalho, Amaro Coutinho, Padre João Ribeiro, Leão Coroado, Padre Roma, Frei Caneca, Bárbara de Alencar e tantos outros.
“Era o VIGÁRIO TENÓRIO
Da Ilha Itamaracá,
No governo foi um membro
Do conselho popular,
Com oratória eloquente
Conseguiu muito aderente
Que passava a lhe apoiar.
Ele foi um timoneiro
Em um mar de tempestade,
Pagou caro suas ideias
E sonhos de liberdade,
Teve suas mãos cortadas,
Suas costas arrastadas
Pelas ruas da cidade. “
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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