Por Jerdivan Nóbrega de
Araújo
Carlos Cesar:
o maior Jogador de Futebol de Pombal. O Craque pombalense que não foi jogar no
Benfica de Portugal por morrer de medo de viajar de avião.
Meu Cesar:
Até os dias de
hoje, é o destaque maior do futebol Pombalense. Das “peladas" de pés
descalços no campinho da antiga Rua de Baixo, por trás do velho Posto de
Puericultura, logo passou a integrar times mais competitivos, formados par
estudantes da extinta Ginásio Diocesano de Pombal. Depois, sempre revelando
grande habilidade domínio da bola, técnica refinada, bom prepara físico e
envolvente como os demais companheiros de equipe, é elevado, ainda vem, a
admiração maior da principal time da cidade de Pombal, o São Cristóvão E.C.
Em 1967 o
futebolístico, Bernardino de Castro Bandeira, leva-o para o Estudante F. C. da
cidade de Cajazeiras, acontecendo ali o seu primeiro contrato profissional,
passando a ser um dos grandes destaques do futebol da terra do Padre Rolim,
Rivalizava a qualificação de melhor jogador da época com Perpétua, a grande
craque Cajazeirense. Tempos depois, jogou na Nacional de Patos, Calores do Ar
de Fortaleza, Campinense e Treze de Campina Grande, Náutico do Recife, ande era
cobrador oficial de pênaltis. Jogou ainda no Santos F.C. de João Pessoa e
concluiu seus últimas dias como jogador profissional de futebol no América da
cidade de Esperanças-PB, onde jogou, trabalhou, constituiu família e atualmente
reside.
Carlos César
Carlos César é
formado em Administração de Empresas, filho do casal, de saudosa memória,
Severino Pedro e Maria Cesarina de Sousa.
MEU CESAR
Maciel Gonzaga
de Luna
Nenhum outro
esporte conseguiu influenciar tanto a cultura do povo brasileiro quanto o
futebol. Alguém já disse com muita propriedade que o futebol está presente na
linguagem do cinema, da música, do teatro, da dança, do rádio, da televisão, da
literatura clássica, da prosa é tudo mais. É a paixão nacional.
Na década de
50 e início da década de 60, a nossa Pombal viveu um apogeu em termos de
futebol, com o São Cristóvão Futebol Clube, sob o comando de Eurico Donato
(Mixuruca) e "Cabina" do Bar. Tivemos memoráveis partidas contra
equipes de Caicó, Currais Novos, Parelhas, Souza, Itaporanga, Piancó, entre
outros municípios do Alto Sertão da Paraíba. A nossa hegemonia era clara e
evidente.
Não perdíamos
para ninguém jogando em casa, graças à força de atletas como Nêgo Adelson
(goleiro), Agnelo, Zaqueu, Perequeté, Chico Sales, João Rapadura, Tuzin, Lacon,
Bosco, Carrinho de Dr. Lourival e o maior de todos eles, Carlos César, entre
outros. Mais adiante falarei um pouco sobre esta última personalidade.
Antes, porém,
não faz mal relembrar um pouco da minha infância em Pombal, quando acompanhei
de perto essa época de ouro. Ainda criança, muitas vezes entrei no campo do São
Cristóvão pelos buracos abertos por nós na cerca de aveloz. Já dentro do campo,
era t colocado para fora por "Cabina", que era o homem que cuidava da
parte financeira do time. Também, muitas vezes, ainda pequeno, não tinha
autorização de meus pais para ir sozinho para o estádio e Mané. Preto, um
funcionário do DNER, que portava um enorme rádio de pilha, talvez o primeiro
que chegou à cidade, fazia às vezes de meu tutor. Presenciei muitas vezes o
embate Mané Preto x Mané Maluco, sobre quem seria o melhor jogador do mundo.
Mané Maluco, que era um Santista doente, dizia que inegavelmente o
"rei" era Pelé.
A contestação
de Mané Preto era de que o "rei" seria Servilio, do Palmeiras. Como
logo cedo me apaixonei pelo Corinthians de São Paulo, paixão esta que continua
até hoje, apesar dos pesares, assim, acreditava em Mané Preto 'e não levava em
consideração a sabedoria de Mané Maluco. Pelé, para mim não era o maior do
mundo. Penitencio-me, estava redondamente enganado.
Já mais crescido,
para entrar no campo gratuitamente, utilizei uma estratégia que deu certo.
Dirigia-me até o Grupo Escolar, onde os jogadores do São Cristóvão trocavam de
roupa antes da partida, e lá me candidatava a cuidar da roupa e pertences de
qualquer u deles. Com o tempo, me aproximei de Zaqueu, que tinha uma pequena
tenda de consertar sapatos ao lado do Mercado, ganhei a s confiança e passei,
em todo jogo, a ser o seu roupeiro particular assim, entrava com ele no estádio
sem pagar nada.
Mas, eu tinha
uma obrigação a cumprir: quando ele (que era zagueiro) fizesse uma jogada,
teria de gritar: "Valeu, Zaqueu!".
- Gritava
tanto que ficava rouco.
E o nosso
futebol Tinha grandes estrelas: a maior delas, como já disse anteriormente, foi
Carlos César, um verdadeiro camisa 10, o que aliás, está faltando hoje no
futebol brasileiro. Ainda menino já dava sinais de que seria um grande jogador
por ter intimidade com a bola e saber fazer gols. No São Cristóvão, ganhou o
apelido dado por Eurico Donato, de "Meu César". Por que? Simplesmente
porque quando ele fazia uma de suas jogadas geniais e complementava-a com o
gol, o seu velho pai Severino Pedro, que tinha uma mercearia na Rua do
Comércio, comemorava abraçando-se a torcedores e amigos aos gritos:
- Foi meu
César... Foi meu César.. Foi Meu César".
O nome pegou e
me parece, Carlos Cesar não gostava muito.
Na segunda
metade da década de 60, foi embora para jogar no Estudante de Cajazeiras, que
disputava o Campeonato Paraibano. Jogou somente uma temporada e no ano
seguinte, já estava no Campinense Clube, que à época, era a maior força do
futebol do Estado.
No final dos
anos 60, fui morar em Campina Grande e por força do destino, no bairro de São
José - o bairro onde fica o campo do Treze F. Clube. Novato na cidade grande,
sem conhecer praticamente nada na terra da Borborema, ouço um carro de som
anunciar a realização de um jogo amistoso entre Treze x Campinense no Estádio
Presidente Vargas. Não perdi tempo, lá estava. Queria rever "Meu
César".
Quando a
Raposa entrou em campo, fiquei no alambrado gritando: "Meu César ... Meu
César...". Ele notou que seria alguém de Pombal, olhou e me viu. Veio até
o local, me cumprimentou e perguntou o que eu estava fazendo ali. Respondi que
agora morava em Campina, onde tinha vindo estudar. Segurando a minha mão,
disse: "Tudo bem, qualquer coisa pode me procurar". Aquelas palavras
me marcaram muito e a partir daquele momento, tomei logo uma decisão: seria um
"raposeiro" (como é conhecido o torcedor do Campinense).
José Tavares de Araújo Neto e o espetacular ex-jogador Carlos
César
E fui sim, um
raposeiro apaixonado durante todo o tempo em que morei na Rainha da Borborema,
até mesmo sem nenhuma vergonha de dizer que só comecei a torcer pelo Campinense
por causa de Ias César. Trabalhando no rádio e em jornais, no setor esportivo,
sempre abri espaço para Carlos César. Éramos amigos! Quando nos encontrávamos,
a conversa era sempre sobre as coisas de Pombal, a querida terra. "Meu
César" era um jogador fenomenal, elegante com a bola no pé. Um verdadeiro
maestro, que comandava o seu time dentro de campo. Contava-me um amigo de nome
"Joca Pincel", que morava no bairro de José Pinheiro, onde fica o
Estádio Plínio Lemos "antiga casa do Campinense" que após os
treinamentos diários, o técnico Joaquim Felizardo (já falecido) colocava uma
garrafa em cima do travessão (que era de madeira e ainda quadrado) para os
jogadores tentarem acertar com a bola. O nosso pombalense acertava mais da
metade das tentativas e com isso aprendeu a cobrar faltas com maestria e assim,
fez muitos gols e deu muitas alegrias à torcida raposeira.
Nos anos 70, Carlos
César foi vendido pelo Campinense Clube ao Náutico de Recife. Lá, também se
destacou. Como havia se casado com uma jovem da cidade de Esperança, distante
20 KM de Campina, já em fim de carreira foi jogar no time local que disputava o
Campeonato Estadual. Era a sensação! Ouvi muitas vezes o comentarista esportivo
Humberto de Campos (meu amigo particular), que já não está mais- entre nós,
dizer: "Carlos César, sozinho, joga mais do que todo o time
adversário". Podia ser treze, Campinense ou qualquer outra equipe.
A última vez
que o vi, já não jogava mais futebol e trabalhava em uma Loja de
Eletrodomésticos na cidade de Esperança que pertencia ao Presidente do América
F.C.
Não sei - e
aqui peço desculpas - se Pombal gerou outro jogador de futebol melhor do que
Carlos César. Acho que não, pois com a bola nos pés, ele não deixava nada a
dever a craques como Roberto Revelino, Paulo César Cajú e outros da sua época.
P mim, o filho de Severino Pedro foi um dos melhores jogadores futebol que vi
jogar. Meu querido Carlos César, onde você estiver receba os meus cumprimentos
e a minha admiração que será se eterna.
(Fonte:
Datas, Fatos e Fotos do Futebol pombalense (1920 a 1990, Verneck Abrantes,
2010).
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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