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sábado, 8 de julho de 2017

GENTES DAS RUAS DE POMBAL: DÉCADA DE 1970. "MEU CESAR"

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Carlos Cesar: o maior Jogador de Futebol de Pombal. O Craque pombalense que não foi jogar no Benfica de Portugal por morrer de medo de viajar de avião.

Meu Cesar:

Até os dias de hoje, é o destaque maior do futebol Pombalense. Das “peladas" de pés descalços no campinho da antiga Rua de Baixo, por trás do velho Posto de Puericultura, logo passou a integrar times mais competitivos, formados par estudantes da extinta Ginásio Diocesano de Pombal. Depois, sempre revelando grande habilidade domínio da bola, técnica refinada, bom prepara físico e envolvente como os demais companheiros de equipe, é elevado, ainda vem, a admiração maior da principal time da cidade de Pombal, o São Cristóvão E.C.

Em 1967 o futebolístico, Bernardino de Castro Bandeira, leva-o para o Estudante F. C. da cidade de Cajazeiras, acontecendo ali o seu primeiro contrato profissional, passando a ser um dos grandes destaques do futebol da terra do Padre Rolim, Rivalizava a qualificação de melhor jogador da época com Perpétua, a grande craque Cajazeirense. Tempos depois, jogou na Nacional de Patos, Calores do Ar de Fortaleza, Campinense e Treze de Campina Grande, Náutico do Recife, ande era cobrador oficial de pênaltis. Jogou ainda no Santos F.C. de João Pessoa e concluiu seus últimas dias como jogador profissional de futebol no América da cidade de Esperanças-PB, onde jogou, trabalhou, constituiu família e atualmente reside.

Carlos César

Carlos César é formado em Administração de Empresas, filho do casal, de saudosa memória, Severino Pedro e Maria Cesarina de Sousa.

MEU CESAR

Maciel Gonzaga de Luna

Nenhum outro esporte conseguiu influenciar tanto a cultura do povo brasileiro quanto o futebol. Alguém já disse com muita propriedade que o futebol está presente na linguagem do cinema, da música, do teatro, da dança, do rádio, da televisão, da literatura clássica, da prosa é tudo mais. É a paixão nacional.

Na década de 50 e início da década de 60, a nossa Pombal viveu um apogeu em termos de futebol, com o São Cristóvão Futebol Clube, sob o comando de Eurico Donato (Mixuruca) e "Cabina" do Bar. Tivemos memoráveis partidas contra equipes de Caicó, Currais Novos, Parelhas, Souza, Itaporanga, Piancó, entre outros municípios do Alto Sertão da Paraíba. A nossa hegemonia era clara e evidente.

Não perdíamos para ninguém jogando em casa, graças à força de atletas como Nêgo Adelson (goleiro), Agnelo, Zaqueu, Perequeté, Chico Sales, João Rapadura, Tuzin, Lacon, Bosco, Carrinho de Dr. Lourival e o maior de todos eles, Carlos César, entre outros. Mais adiante falarei um pouco sobre esta última personalidade.

Antes, porém, não faz mal relembrar um pouco da minha infância em Pombal, quando acompanhei de perto essa época de ouro. Ainda criança, muitas vezes entrei no campo do São Cristóvão pelos buracos abertos por nós na cerca de aveloz. Já dentro do campo, era t colocado para fora por "Cabina", que era o homem que cuidava da parte financeira do time. Também, muitas vezes, ainda pequeno, não tinha autorização de meus pais para ir sozinho para o estádio e Mané. Preto, um funcionário do DNER, que portava um enorme rádio de pilha, talvez o primeiro que chegou à cidade, fazia às vezes de meu tutor. Presenciei muitas vezes o embate Mané Preto x Mané Maluco, sobre quem seria o melhor jogador do mundo. Mané Maluco, que era um Santista doente, dizia que inegavelmente o "rei" era Pelé.

A contestação de Mané Preto era de que o "rei" seria Servilio, do Palmeiras. Como logo cedo me apaixonei pelo Corinthians de São Paulo, paixão esta que continua até hoje, apesar dos pesares, assim, acreditava em Mané Preto 'e não levava em consideração a sabedoria de Mané Maluco. Pelé, para mim não era o maior do mundo. Penitencio-me, estava redondamente enganado.

Já mais crescido, para entrar no campo gratuitamente, utilizei uma estratégia que deu certo. Dirigia-me até o Grupo Escolar, onde os jogadores do São Cristóvão trocavam de roupa antes da partida, e lá me candidatava a cuidar da roupa e pertences de qualquer u deles. Com o tempo, me aproximei de Zaqueu, que tinha uma pequena tenda de consertar sapatos ao lado do Mercado, ganhei a s confiança e passei, em todo jogo, a ser o seu roupeiro particular assim, entrava com ele no estádio sem pagar nada.

Mas, eu tinha uma obrigação a cumprir: quando ele (que era zagueiro) fizesse uma jogada, teria de gritar: "Valeu, Zaqueu!".

- Gritava tanto que ficava rouco.

E o nosso futebol Tinha grandes estrelas: a maior delas, como já disse anteriormente, foi Carlos César, um verdadeiro camisa 10, o que aliás, está faltando hoje no futebol brasileiro. Ainda menino já dava sinais de que seria um grande jogador por ter intimidade com a bola e saber fazer gols. No São Cristóvão, ganhou o apelido dado por Eurico Donato, de "Meu César". Por que? Simplesmente porque quando ele fazia uma de suas jogadas geniais e complementava-a com o gol, o seu velho pai Severino Pedro, que tinha uma mercearia na Rua do Comércio, comemorava abraçando-se a torcedores e amigos aos gritos:

- Foi meu César... Foi meu César.. Foi Meu César".

O nome pegou e me parece, Carlos Cesar não gostava muito.

Na segunda metade da década de 60, foi embora para jogar no Estudante de Cajazeiras, que disputava o Campeonato Paraibano. Jogou somente uma temporada e no ano seguinte, já estava no Campinense Clube, que à época, era a maior força do futebol do Estado.

No final dos anos 60, fui morar em Campina Grande e por força do destino, no bairro de São José - o bairro onde fica o campo do Treze F. Clube. Novato na cidade grande, sem conhecer praticamente nada na terra da Borborema, ouço um carro de som anunciar a realização de um jogo amistoso entre Treze x Campinense no Estádio Presidente Vargas. Não perdi tempo, lá estava. Queria rever "Meu César".

Quando a Raposa entrou em campo, fiquei no alambrado gritando: "Meu César ... Meu César...". Ele notou que seria alguém de Pombal, olhou e me viu. Veio até o local, me cumprimentou e perguntou o que eu estava fazendo ali. Respondi que agora morava em Campina, onde tinha vindo estudar. Segurando a minha mão, disse: "Tudo bem, qualquer coisa pode me procurar". Aquelas palavras me marcaram muito e a partir daquele momento, tomei logo uma decisão: seria um "raposeiro" (como é conhecido o torcedor do Campinense).

José Tavares de Araújo Neto e o espetacular ex-jogador Carlos César

E fui sim, um raposeiro apaixonado durante todo o tempo em que morei na Rainha da Borborema, até mesmo sem nenhuma vergonha de dizer que só comecei a torcer pelo Campinense por causa de Ias César. Trabalhando no rádio e em jornais, no setor esportivo, sempre abri espaço para Carlos César. Éramos amigos! Quando nos encontrávamos, a conversa era sempre sobre as coisas de Pombal, a querida terra. "Meu César" era um jogador fenomenal, elegante com a bola no pé. Um verdadeiro maestro, que comandava o seu time dentro de campo. Contava-me um amigo de nome "Joca Pincel", que morava no bairro de José Pinheiro, onde fica o Estádio Plínio Lemos "antiga casa do Campinense" que após os treinamentos diários, o técnico Joaquim Felizardo (já falecido) colocava uma garrafa em cima do travessão (que era de madeira e ainda quadrado) para os jogadores tentarem acertar com a bola. O nosso pombalense acertava mais da metade das tentativas e com isso aprendeu a cobrar faltas com maestria e assim, fez muitos gols e deu muitas alegrias à torcida raposeira.

Nos anos 70, Carlos César foi vendido pelo Campinense Clube ao Náutico de Recife. Lá, também se destacou. Como havia se casado com uma jovem da cidade de Esperança, distante 20 KM de Campina, já em fim de carreira foi jogar no time local que disputava o Campeonato Estadual. Era a sensação! Ouvi muitas vezes o comentarista esportivo Humberto de Campos (meu amigo particular), que já não está mais- entre nós, dizer: "Carlos César, sozinho, joga mais do que todo o time adversário". Podia ser treze, Campinense ou qualquer outra equipe.

A última vez que o vi, já não jogava mais futebol e trabalhava em uma Loja de Eletrodomésticos na cidade de Esperança que pertencia ao Presidente do América F.C.

Não sei - e aqui peço desculpas - se Pombal gerou outro jogador de futebol melhor do que Carlos César. Acho que não, pois com a bola nos pés, ele não deixava nada a dever a craques como Roberto Revelino, Paulo César Cajú e outros da sua época. P mim, o filho de Severino Pedro foi um dos melhores jogadores futebol que vi jogar. Meu querido Carlos César, onde você estiver receba os meus cumprimentos e a minha admiração que será se eterna.

(Fonte: Datas, Fatos e Fotos do Futebol pombalense (1920 a 1990, Verneck Abrantes, 2010).

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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