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sexta-feira, 11 de maio de 2018

A COMUNA DE ANTONIO CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS DE 1896/1897

Por Luiz Serra

CANUDOS. Uma guerra brasileira na pós-República, que eliminou entre 25 e 30 mil patrícios às margens do leito "serpeante" do Vasa-Barris, cinco mil militares e mais de 20 mil jagunços tombaram. No meio da caatinga o peripatético Antônio Conselheiro constituiu a maior vila do sertão baiano daqueles tempos:o arraial do Belo Monte. Milhares de jagunços e militares foram enterrados naquele chão ressequido da caatinga baiana.

Tudo começou para muitos num equívoco pueril de compra de madeiras para construção da igreja nova, que poderia ser solucionado via de diálogo com autoridade local. No confrontar o líder messiânico do arraial do Belo Monte, a turba de fanáticos reagiu a seu modo, e nos dias seguintes foram relatados pequenos saques a armazéns nas vilas das redondezas.

Cenário que um dia foi a da guerra do fim do mundo...Canudos...milhares de jagunços e militares foram enterrados no chão ressequido da caatinga baiana... História Ilustrada

Havia o chefe-geral, o marechal dos jagunços, João Abade e os chefes-de-piquete, que lideravam até 30 jagunços armados de foice, facão e espingardas lazarinas, como Pedrão da Várzea da Ema e Zé Venâncio, o terror da Volta Grande.

O sertão tingiu de sangue. Custosos e inapeláveis avanços de quatro expedições do Exército brasileiro com batalhões de infantaria e artilharia reforçados com pelotões das polícias do Amazonas, do Rio Grande do Norte e de São Paulo, além de uma guarnição de jagunços da polícia baiana.

Foto da Quarta Expedição parte do 24º Batalhão de Infantaria.... alguns soldados com as vestes rotas e descalços, pela jornada de fome, sede e combates intensos no sertão baiano, por que passaram.....set 1897... Fotógrafo correspondente da guerra, Flávio de Barros (Biblioteca do Exército).

Consideradas três derrotas fragorosas das forças republicanas e a derradeira – a custo – conseguiu abater os conselheiristas sob os bicos de aço dos canhões Krupp.

Memorável referência literária: Os Sertões de Euclides Pimenta da Cunha.
TRECHOS de nosso próximo Ensaio:

“Na realidade no espaço ocupado do arraial de Canudos era uma antiga fazenda de gado com uma edificação em estado de abandono. O vasto terreno pertencia ao município de Monte Santo e, por volta de junho de 1893, Antônio Conselheiro iniciou a ocupação do local junto a seus prosélitos, estabelecendo uma comunidade de cerne religioso e mesclado ao discurso contra Republicano. De pronto substituiu o topônimo do lugar de Canudos por Belo Monte”.

Foto de mulheres sertanejas que defenderam o arraial do santo Conselheiro... facões jacaré... História Ilustrada.

“O arraial do Belo Monte ficava de entradas abertas. Não se reclamava antecedentes de quem chegava. Se chegou até lá é por que veio de “alma liberta”, num dos ditos da seleta de santo Conselheiro. Além do mais acolhiam o desejo de contemplar a imagem de Cristo. Nisto chegavam famílias de retirantes, gente maltrapilha e sofrida, também indivíduos de má fama, acorriam para lá. A todos era oferecido um teto. A comuna tinha suas obrigas, incumbências e preceitos do chefe do povo, João Abade, como assistir aos ofícios e ladainhas, e no cotidiano eram vedados comportamentos como os referentes a embriaguez, por exemplo”.

Sobreviventes repetiam que o peregrino só vivia de "fazer o bem" e os exortava "à salvação das almas". Tudo constituiu-se numa inversão de conceitos, e a destruição daquele que passara a incomodar a sociedade do litoral foi determinada.

Sobreviveram Pedrão, à esquerda, que foi da Guarda Católica do Conselheiro, além de chefe-de-piquete nas batalhas, e o jagunço Manoel Ciríaco, ambos chegados a quase cem anos... História Ilustrada

As expedições (primeira) tenente Pires Ferreira (1896); (Segunda) Major Febrônio de Brito (1897); (Terceira) Coronel Moreira César (1897); e (quarta) General Arthur Oscar (1897), fizeram o esforço heroico e ingente de defender a República contra a guerrilha quase invicta de Conselheiro.

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