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sábado, 12 de janeiro de 2019

A CANGACEIRA ADELAIDE SOARES E O UMBUZEIRO DA BANDIDA


Por Manoel Belarmino

Adelaide Soares filha de Pureza e Lê Soares, dos Soares do Sítio de Poço Redondo, deixou sua família junto com a sua irmã Rosinha (Maria Rosa Soares), no mesmo dia, para entrarem no Cangaço. Adelaide e Rosinha são primas da valente cangaceira Áurea Soares. Adelaide foi conviver na vida cangaceira com o cangaceiro Criança e Rosinha com Mariano.

Não demorou muito para Adelaide engravidar. Mesmo grávida, as andanças pelas caatingas eram intensas na companhia do cangaceiro Criança no bando. Os nove meses de gravidez já se completavam. O coito nas serras da Serra Negra, entre Poço Redondo e Lagoa da Serra Negra, poderia ser um lugar tranquilo para Adelaide "dar a luz" ao menino.

Todos estão ali tranquilamente acomodados no coito. Os moradores da serra já haviam levado beiju, tapioca, farinha, pé-de-moleque, e outros produtos para o bando no coito. Alguns barracos de palha de licuri já estavam ali armados. O esconderijo é seguro. Mas um tiro inesperadamente é disparado. Um tiro ecoou nas serras. Um cangaceiro, que havia entrado no Cangaço há poucos dias, de nome Serapião, inexperiente, dispara, acidentalmente, o seu rifle. Todos os cangaceiros fogem do coito às pressas. Imaginam ser uma tentativa de cerco das volantes.

As cangaceiras Adelaide e sua irmã Rosinha

Naquele corre-corre e no susto, Adelaide começa a sentir as "dores de menino". Os cangaceiros andam muito pelas caatingas. Passam pelo Boqueirão, Barra de Baixo, Risada, Surrão, Pedra D'água, e chegam na fazenda Planta do Milho onde moram duas parteiras bastante conhecidas dos cangaceiros, Dona Maria e a jovem Afonsina. As parteiras rapidamente recebem Adelaide. Fazem de tudo, rezam, oferecem chás, mas o menino não nasce. "As dores de menino" e o sofrimento da parturiente aumentam. Os cangaceiros desesperados decidem levar Adelaide em uma rede para o povoado Curituba, em Canindé de São Francisco, na tentativa de salvar a mãe e o menino. Antes de chegar no povoado, Adelaide morre. A sombra de um pé de umbuzeiro serviu para o derradeiro gemido de Adelaide.

O cangaceiro Criança acendeu uma vela de cera ali junto do corpo da sua amada, rezou e chorou. Depois os cangaceiros levaram o corpo de Adelaide para o Cemitério de Curituba, onde foi enterrado. O Cemitério de Curituba é aquele mesmo das margens do Riacho Cutituba, pertinho do Quilombo Rua dos Negros.

No local da morte da cangaceira Adelaide Soares sob aquele pé de umbuzeiro, ainda existe uma cruz. E aquele umbuzeiro é conhecido ainda hoje como "Umbuzeiro da Bandida".

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