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terça-feira, 31 de março de 2020

A BELA SEM ROSTO


Por João Filho de Paula Pessoa

No Cangaço Lampiônico, em sua segunda metade, houve uma grande participação de mulheres, foram dez anos de participação feminina no cangaço, foi o tempo de maior beleza ornamentária do cangaço, participaram muitas mulheres neste período, cada um com sua própria história, com suas próprias alegrias, tristezas, vidas e mortes. 

Conta-se que de todas as mulheres cangaceiras que existiram a mais bela de todas, dona de uma beleza única e encantadora, foi Lídia, mulher de Zé Baiano, raptada por este aos 15 anos e morta violentamente por ele aos 19 anos, tendo vivido quatro anos no Cangaço, sendo considerada a mais bonita de todas as mulheres que por lá passaram, conforme apuração histórica. 

No entanto, embora exista este mito de sua beleza maior na história do cangaço, não restou nenhum único registro seu, nenhuma foto, apesar do grande acervo fotográfico do cangaço. Tal fato se deu, segundo seus familiares, devido todos os seus pertences, lembranças, fotos, documentos e registros terem sido guardados num baú de madeira, na casa de taipa de seus pais e com o tempo as traças, formigas e umidade acabaram com tudo ao mesmo tempo, não se salvando nada do baú de Lídia, não restando assim nenhuma lembrança material sua. Daí o fato de não conhecermos o rosto da mais bela das cangaceiras. João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 16/01/2020.


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