Por Antônio Corrêa Sobrinho
Muito em breve
estarei lançando mais uma consolidação de textos jornalísticos, desta feita
sobre ANTONIO CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS.
Agora só a
apresentação.
APRESENTAÇÃO
Tenho
digitalizado artigos publicados em jornais e revistas de época, a respeito de
acontecimentos históricos e marcantes relacionados ao estado de Sergipe, terra
do meu nascimento e vida. Assim procedo, quando desejo conhecer mais amplamente
eventos do nosso passado a partir das suas primeiras versões e traduções. Isso
tem me possibilitado, por outro lado, coligir textos, em formato de livro
digital (e-book), para transmissão de conteúdo ao público leitor atual.
São frutos das
minhas pesquisas: TORPEDEAMENTOS QUE LEVARAM O BRASIL À GUERRA, O CASO DE
SERGIPE, TRAGÉDIA DE RIACHUELO, TRAGÉDIA DO RIO DO SAL, LAMPIÃO, MARIA BONITA E
O CANGAÇO SOB O OLHAR DOS LITERATOS NOS JORNAIS E REVISTAS, VIAGEM DE D. PEDRO
II À CACHOEIRA DE PAULO AFONSO, VISITA DO CASAL IMPERIAL A SERGIPE, NAUFRÁGIO
NO RIO DO SAL, O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO – O QUE DISSERAM OS JORNAIS
SERGIPANOS.
Desta feita,
apresento meu novo trabalho – ANTÔNIO CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS –
RELATOS DA IMPRENSA NACIONAL, coletânea de impressos (notícias, informes,
cartas, telegramas, ofícios, comentários, análises, relatórios, mensagens,
entrevistas, ordens do dia etc.) referentes ao célebre beato Antônio Vicente
Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, e ao conflito bélico ocorrido no final do
século XIX, nos anos de 1896 e 1897, nos sertões do estado da Bahia, no arraial
de Canudos e suas cercanias, do município de Monte Santo – material este
publicado, antes, durante e logo após o término da guerra.
Para tornar
esta coleção um documento de transmissão mais fiel possível deste trágico e
lamentável passado, sabedor que somos que “a comunicação sempre esteve
fortemente entranhada na batalha das ideias pela direção moral, cultural e
política da sociedade, ocupando posição proeminente no âmbito das relações
sociais”, procurei reunir o que a respeito, expressou a imprensa nacional em suas
variadas tendências, orientações, ideologias. Servi-me, para tanto, das
publicações de jornais de viés republicano (situacionista, neutro e
oposicionista) e monarquista, os relacionados a seguir:
A Notícia
(RJ), A República (RJ), Cearense (CE), A Notícia (SE), Gazeta de Notícias (RJ),
Cidade do Rio (RJ), A República (CE), Cidade do Salvador (BA), Correio de Minas
(MG), Diário de Pernambuco (PE), Diário do Paraná (PR), O Estado de S. Paulo
(SP), Folha do Norte (PA), Gazeta da Tarde (RJ), Dom Quixote (RJ), Gazeta de
Petrópolis (RJ), Jornal do Recife (PE), Correio da Manhã (Portugal), Jornal do
Brasil (RJ), O Progresso (SE), Gazeta de Ouro (MG), Jornal do Comércio (RJ),
Liberdade (RJ), Minas Gerais (MG), O Apóstolo (RJ), O Comércio de São Paulo
(SP), O Contemporâneo (MG), Maceió (AL), Farrapo (RS), O Imparcial (AM), O
Jacobino (RJ), O Lábaro (RJ), O Lynce (RJ), O País (RJ), O Pará (PA), O Arauto
(MG), A Lei (MG), A Gazetinha (MG), Correio Paulistano (SP), O Trabalho (AL), A
Tribuna (PR), Gutemberg (AL), Pacotilha (MA), Revista Brasileira (RJ) e Revista
Ilustrada (RJ).
São mais de
800 páginas de impressos, todos por mim digitalizados e atualizados
ortograficamente, organizados de acordo com a ordem cronológica das datas de
suas edições. Acresci Índice na parte final do livro.
Não me cabe,
aqui, fazer comentários, tampouco emitir juízo de valor sobre Antônio
Conselheiro e a guerra de Canudos, objeto que são do livro que ora anuncio.
Permito-me,
entretanto, avaliar os textos aqui coligidos como algo de considerável valor,
porquanto se trata de uma construção jornalística, e literária, produzida, em
sua maior parte, por quem presente nos campos de batalhas, acampamentos,
vivenciando o processo e a crueza da guerra – referindo-me aos jornalistas
correspondentes de jornais, que aqui os menciono inclusive para homenageá-los:
Manoel Benício, Euclides da Cunha, Ferreira da Silva, Favila Nunes, Cisneiros
Cavalcante, este último, a serviço do diário A Notícia, do Rio de Janeiro,
morto no front.
Como,
igualmente, são valiosos os escritos formulados pelos oficiais comandantes,
Claudio Savaget, Artur Oscar, Carlos Eugênio, Febronio de Brito, Carlos Teles e
outros, sujeitos constitutivos que são desta história.
Nas folhas da
Revista Brasileira, edição de outubro de 1897, neste livro à página 738 e
seguintes, o catedrático da Faculdade de Medicina da Bahia, o renomado Dr. Nina
Rodrigues, diz da loucura epidêmica de Canudos.
Outra relíquia
é o Relatório da visita a Canudos apresentado, em 1895, pelo reverendo frei
João Evangelista de Monte Marciano ao arcebispo da Bahia, sobre Antônio
Conselheiro e seus seguidores, que extrai do Jornal do Recife, de fevereiro de
1897, incluso à página 202 deste.
Valorosas
também são as publicações em si, aqui consolidadas, estas, talvez, ineditamente
reunidas, porquanto dizem respeito a um noticiário trazido a lume há mais de
125 anos, espalhado, disperso, esquecido, lido tão somente por alguns leitores
quando das edições dos jornais, visto, desde então, apenas por pesquisadores e
raros frequentadores de acervos e hemerotecas. Além do mais, estamos falando
das primeiras impressões sobre a guerra de Canudos, nascidas no contexto
histórico, social, econômico, religioso e cultural: de um Brasil
recém-republicano e de novas e ainda frágeis instituições; de monarquismo e
monarquistas ainda presentes; de estados federados, autônomos; da presidência
da República pela primeira vez nas mãos de um civil, doutor José Prudente de
Moraes; do laicismo, da liberdade para todos os cultos religiosos; da escravidão
recém-abolida; de forte crise econômica; de muita politicalha, de luta pelo
poder; de revoltas etc.
Dizer que
iniciei o livro com a informação do extinto jornal O Rabudo, editado na cidade
de Estância, Sergipe, esta que foi a primeira menção feita pela imprensa ao
beato Antônio Conselheiro, no dia 22 de novembro de 1874, 22 anos antes da
deflagração das lutas em Canudos. E que concluí com o Relatório do Inquérito
sobre o atentado praticado pelo militar do Exército, Marcelino Bispo de Melo,
contra a vida do presidente da República, no dia 5 de novembro de 1897, na
cidade do Rio de Janeiro, quando este recepcionava, no Arsenal de Guerra,
tropas que retornavam de Canudos; atentado que findou na morte do ministro da
Guerra, marechal Carlos Machado Bitencourt, quando, ao tentar salvar a vida do
Presidente, atracando-se com o criminoso, terminou sendo por este esfaqueado;
matéria colhida no jornal O Estado de S. Paulo, de 13 de janeiro de 1898.
Entre estes
dois marcos, inicial e final, estão as muitas notícias e narrativas,
reportagens, cartas, telegramas, editoriais, sobre o célebre líder religioso
Antônio Conselheiro e a guerra em Canudos, esta que tantas vidas feriram,
ceifaram e mutilaram, e também sobre os seus inesquecíveis personagens. Destaco
as reportagens dos já mencionados correspondentes, Manoel Benício e Euclides da
Cunha, este ainda sem o seu grande - Os Sertões.
Resta-me, isto
posto, convidar você, leitor, a transportar-se, pela leitura deste ANTÔNIO
CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS – RELATOS DA IMPRENSA NACIONAL, aos dias da
Canudos de Antônio Conselheiro e da fratricida Guerra. Você, por certo,
aprofundará a sua compreensão; quem sabe, reinterpretará, questionará,
ressignificará, este que foi um dos momentos mais singulares e simbólicos da História
do Brasil. Além do quê, debruçar-se sobre o que disseram estes jornais, tornará
você um dos que mais leram sobre a guerra de Canudos sem intermediários, direto
dos seus primeiros intérpretes e tradutores.
Concluo,
agradecendo à Biblioteca Nacional, ao O Estado de S. Paulo e à Universidade
Federal de Sergipe (UFS), pela disponibilização dos seus acervos digitais.
Gratidão ao meu filho Thiago Corrêa, pela diagramação e capa do livro. E um
obrigado ao meu amigo, pesquisador, escritor, professor, youtuber, acadêmico,
Robério Santos, da Itabaiana sergipana, pela sugestão do tema Guerra de Canudos
e incentivo à realização da obra.
Aracaju-SE, 15
de novembro de 2022.
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