Por Aparício Fernando
https://www.youtube.com/watch?v=vzPBrbUL2OI&ab_channel=Appar%C3%ADcioFernando
Professora Luitgarde desabafa verdades na comissão de educação que o governo insiste em esconder da população do Estado do Rio de Janeiro.
Aos 70 anos, a antropóloga Luitgarde recebe homenagem da Cátedra
A pesquisadora se aposenta após 40 anos de docência; sem as obrigações do trabalho, pretende ler mais livros e produzir artigos sobre suas paixões: o sertão e Padre Cícero
Nascida em Santana de Ipanema, Alagoas, em 1941, Luitgarde tem um papel importante nos estudos da religiosidade do brasileiro, especificamente na dos moradores da região Nordeste. Estudou em Maceió -- capital de Alagoas -- e depois cursou faculdade no Rio de Janeiro, na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A sua família era moradora do "polígono da seca", mas proprietária de uma fazenda e de uma mercearia; Luitgarde aprendeu a ler praticamente sozinha, ao pegar, escondida, os livros dos irmãos mais velhos, os quais já iam à escola. No fim dos anos 1960, sofreu um grande impacto ao chegar à Faculdade Nacional. Lá, ela foi hostilizada pelos alunos e, mesmo perseguida por ser nordestina e por suas convicções religiosas - ela é católica - , não desistiu de sua empreitada.
Devido a sua origem, os trabalhos de Luitgarde sempre foram voltados à religião na sociedade brasileira, principalmente, a da região Nordeste do país. Os estudos dela foram norteados pelos escritos de Antonio Gramsci e divulgados através de livros, como "A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão", cujo texto mostra os caminhos percorridos por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o mais famoso cangaceiro do Brasil e do irmão dele, que acabou se tornando religioso.
Luitgarde ainda fez críticas a alguns jornalistas que se aproveitam dos trabalhos acadêmicos, escrevem biografias de personagens importantes e não revelam os pesquisadores que às vezes dedicam suas vidas ao estudo de uma personalidade. Para ela, "pode ser comunicador, mas não pode mentir".
Ao se aposentar, não pretende deixar de produzir, porém, o bom é que agora não terá mais a "obrigação" de quem é ligado a uma instituição. Pretende ler os livros que ainda estão intactos em sua biblioteca e elaborar artigos sobre os assuntos que gosta.
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