Por: Rangel Alves da Costa
Depois da ceia
Esse ano
não tivemos
amoras da Pérsia
amêndoas árabes
azeitonas italianas
nem vitelo
nem vodka russa
os tempos mudaram
os tempos são outros
parecendo escassez
sem a grande mesa
imensa e farta
de verniz e brilho
de cheiro e sabor
de velas e taças
apenas o pão
apenas o vinho
apenas dois copos
apenas a chama
da noite enluarada
e apenas nós dois
do que restou
e te dou um presente
um doce beijo
um abraço apertado
uma confissão
e depois
depois de tudo
a compreensão
que a fartura da ceia
é a oportunidade
para se compreender
os limites da vida
e na falta das ilusões
sobre a mesa
sobrar mais tempo
para olhar calmamente
bem no fundo
dos teus olhos
e dizer te amo
e dizer te amo
e dizer do quanto
ainda te amo...
Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
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