Por: Geraldo Maia do Nascimento
O mês de dezembro nos leva a meditação, a autocrítica, a um balanço do que aconteceu no ano. O que ganhamos o que perdemos, o que fizemos e o que deixamos de fazer, são algumas das indagações que nos fazemos nesses momentos. E quase sem querer extrapolamos esses pensamentos para o que aconteceu a nossa volta, baseado no que lemos, presenciamos ou apenas assistimos na TV, seja na cidade, no estado, no país ou no mundo. O ano que está findando, por exemplo, foi muito rico em acontecimentos. Tivemos escândalos que não deram em nada, ou nada que terminou em escândalo, e assim os meses foram passando. Lembramos também dos que se foram, alguns por nos serem caros, deixaram saudades. E dos que chegaram. É o círculo da vida.
Nos últimos anos, alguns grandes do país de Mossoró, com quem tive a satisfação de conviver, mudaram de plano espiritual, deixando na cidade a sensação de vazio. Cito dois apenas como exemplo: o professor Vingt-un Rosado e Maurício de Oliveira, que nos deixou tão precocemente. Maurício, que no meio cultural encabeçou movimentos como a criação de teatros em Mossoró, foi presidente da extinta Cooperativa Caiçara de Artistas (Coocar) e fundador do Grupo Vina. Como bandeira de luta foi um ardente defensor do rio Mossoró, que antes era rio livre; travesso. Corria majestoso em suas enchentes, formando grandes redemoinhos, cortando barrancos às suas margens, arrastando troncos de árvores em suas águas barrentas e veloz. Travessuras essas que fizeram com que os nativos que aqui habitavam o chamassem de mô-çoroc, vocábulo indígena que pode ser traduzido como rio destruidor. Hoje, no entanto, pela ação do homem, permanece parado, preso entre muros de concreto, sendo contaminado pelos restos que o homem descarta, morrendo lentamente. Essa foi uma das batalhas de Maurício. Pelo rio, lutou o bom combate; não teve tempo, porém, de assistir a vitória. Mas com o seu exemplo, outros assumiram a luta e a batalha continua.
Foi assim também com o Professor Jerônimo Vingt-un Rosado, o “Seu Vinte e um”, como Câmara Cascudo o tratava, que nos deixou no dia 21 de dezembro de 2005. Fico pensando se a coincidência do dia da sua morte com o seu nome não teria sido a maneira que “O Grande Arquiteto do Universo” achou para que ele fosse sempre lembrado. O amor a sua terra era tão grande que ele não a via como um simples chão do interior nordestino. Para caber seu amor, precisaria de um país, e assim ele criou o “Pais de Mossoró”, e a ele dedicou sua vida. Se fez mecenas nesse país; nele semeou livros. E assim nasceu o Boletim Bibliográfico e a Coleção Mossoroense. E como bom semeador, continuou plantando, e bibliotecas foram surgindo mundo afora, bibliotecas essas que ele tratou a vida toda de adubar com o envio de novos livros. Foi essa também a maneira que ele achou de homenagear as pessoas que ele admirava, emprestando o nome dessas pessoas às suas bibliotecas. E até eu, cujo único mérito foi ser seu amigo, tive meu nome ligado a uma biblioteca em Mossoró, que embora desmerecida a homenagem, me levou as lágrimas à grandiosidade do seu gesto.
Tal como Maurício, Vingt-un era também Agrônomo. Talvez o apego a terra tenha refletido quando da escolha de suas formações universitárias. Ambos professor, e como professores influenciaram pessoas. O quanto influenciaram não sabemos. Como disse Henry Adams, “Um professor influi para a eternidade; nunca se pode dizer até onde vai sua influencia\". Sabemos que deixaram discípulos, e que foram muitos.
Às vezes nos achamos no direito de questionar Ao Grande Arquiteto do Universo: Por que os sábios se vão, quando ainda têm tanto a ensinar? O poeta Antônio Francisco, num momento de divina inspiração, decifrou o mistério, e divulgou esse mistério num poema que ele chamou de “A Resposta” que assim conclui: “
E forçando o cordão do pensamento,
numa curva da linha eu vi o nó.
E com ele a janela da verdade,
e a resposta pra tudo é uma só:
Quando falta um artista lá no céu,
Jesus manda buscar em Mossoró!”.
Boas Festas!!!
numa curva da linha eu vi o nó.
E com ele a janela da verdade,
e a resposta pra tudo é uma só:
Quando falta um artista lá no céu,
Jesus manda buscar em Mossoró!”.
Boas Festas!!!
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Geraldo Maia do Nascimento
"Blog do Mendes e Mendes"
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