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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Revendo - Filhos e viúva do ex-cangaceiro Asa Branca

Por: José Mendes Pereira e Adryanna Karla Paiva Pereira Freitas
Adryanna Karla Paiva Pereira Freitas, minha filha,  e eu, fizemos uma entrevista com a viúva do ex-cangaceiro Asa Branca, a dona Francisca da Silva Tavares, que reside há muitos anos em Mossoró, à Rua Epitácio Pessoa, no bairro Bom Jardim, sobre a vida do  Asa Branca e a sua convivência com ele.
Dona Francisca da Silva Tavares nos recebeu com um sorriso franco e aberto, e com isso, sentimos-nos a vontade, além do mais uma  senhora simpática, prestativa  e educadíssima.

Viúva do cangaceiro Asa Branca Francisca da Silva Tavares
Antonio Luiz Tavares era o verdadeiro nome do ex-cangaceiro "Asa Branca". Filho de Antonio Luiz e de dona Maria da Conceição. Ele natural de Cajazeiras do Rio do Peixe, no Estado da Paraíba.
Nasceu no dia 10 de Janeiro de 1902 e faleceu de problemas cardíacos em Mossoró, no dia 02 de Novembro de 1981, sendo que os seus restos mortais repousam no Cemitério São Sebastião em Mossoró, aos fundos do túmulo de José Leite de Santana, o ex-cangaceiro Jararaca.

Túmulo do cangaceiro Asa Branca
Antonio Luiz Tavares ficou órfão de pai aos dois meses de vida,  quando um sujeito assassinou o seu patriarca. Depois de crescido e de compreender a causa de sua orfandade, já que o assassino  era protegido de um chefe político de Cajazeiras do Rio do Peixe, e não fora punido, Asa Branca vingou o crime quando ainda tinha 13 anos de idade.
 
Túmulo de Jararaca - O túmulo do Asa Branca está por traz
Com medo de ser preso ou talvez morto dentro da cadeia, já que ainda não tinha maioridade, e como se defender de abusos  por policiais, o jeito foi fugir daquela região, procurando lugar para se ocultar das autoridades militares e judiciais.
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Bando de Lampião
Em 1922, Lampião fez uma visita à propriedade em que ele estava recolhido, e lá o encontrou. Ao ver que ele gostava de armas de fogo,   logo o convidou para participar da sua saga. Não tendo outra solução foi obrigado a aceitar o convite e entrar no bando, e nele o jovem foi apelidado de Asa Branca, cujo o levou para sua cova,  deixando o nome de batismo para traz. 
O ex-cangaceiro do bando de Lampião passou cinco  anos com o grupo, praticando de todos os  assaltos que o bando fazia. Participou do assalto a Apodi, e outros e outros, e esteve no ataque a Mossoró, atirando contra a trincheira da Estrada de Ferro.

Promotor Abel Freire Coelho

Logo após a frustrada invasão a Mossoró Asa Branca foi preso pela polícia do Ceará e recambiado para Mossoró, quando foi condenado pelo então promotor Abel Freire Coelho, a cumprir uma pena de 10 anos.

Jornalista Tomislav Femenick
Segundo o jornalista Tomislav Femenick, certa vez o ex-cangaceiro foi convidado para participar de uma reunião no Rotary Clube de Mossoró, e lá se encontrou com Abel Freire Coelho, é  que lá no ambiente, acusador e acusado trocaram apertos de mãos como se nada tivesse acontecido.  O acusado "Asa Branca", mesmo tendo passado tanto tempo por traz das grades,  não guardou ódio do seu acusador. 
O jornalista Tomislav Femenick disse em um dos seus artigos que  Asa Branca era conhecido como um cangaceiro de bons modos e de trato amável. Porém, enquanto permaneceu no bando, ele vivenciou todas as peripécias que faziam parte do cotidiano dos cangaceiros: ataques, saques, sequestros, mortes, agruras e, também, fugas.
CASAMENTOS
O ex-cangaceiro Asa Branca fez matrimônio por duas vezes. Ainda na Cadeia Pública de Mossoró casou-se pela primeira vez com dona Sebastiana Venâncio. Ela natural de Mossoró, e com ele teve três filhos, os quais são: José Luiz Tavares, Jeová Luiz Tavares e Dijanete Luiz Tavares. Mas posteriormente o casamento foi de água abaixo, quando os dois resolveram não mais conviverem juntos, e cada um procurou o seu destino.
2º. CASAMENTO
O segundo casamento foi realizado com dona Francisca da Silva Tavares. Natural de Brejo do Cruz, no Estado da Paraíba. Ela nasceu no dia 21 de Novembro de 1937, e é  filha de Máximo Batista de Araújo e de Dona Severina Guilermina Silva, ambos paraibanos. Mas o casamento com dona Francisca da Silva só aconteceu  dezessete anos depois que ambos já viviam juntos.

Aniversário dos 70 anos de dona Francisca Silva Tavares
Com o ex-cangaceiro de Lampião, Dona Francisca da Silva Tavares teve nove filhos, e destes, apenas quatro estão vivos, os quais são:
Antonio Esmeraldo Tavares - O Cride - nascido no dia 10 de Novembro de 1957, na cidade  de São Bento, no Estado da Paraíba. Tem como profissão, Motorista.
Francisco Tavares da Silva - nascido no dia 14 de Abril de 1959, na cidade Caridade, no Estado do Ceará. Este foi assassinado aos 24 anos de idade, por um primo, por coisas banais.
Maria Gorete Tavares Barbosa - nascida no dia 1º. de Junho de 1960, em Caridade, no Estado do Ceará. Esta exerce a profissão de artesã de Biscuit.
Maria da Conceição Tavares da Silva - nascida no dia 25 de Fevereiro de 1963, em Caridade, no Estado do Ceará. Exerce também a profissão de artesã de Biscuit.
Máximo Neto Batista - nascido no dia 04 de Maio de 1964, em Caridade, no Estado do Ceará. Reside atualmente em São Paulo e exerce a profissão de Motorista.
Os demais filhos do casal não foram citados aqui porque faleceram ainda criancinhas.
Como  Francisca da Silva Tavares conheceu o "Asa Branca"
No ano de 1954, dona Francisca já era casada e mãe de um filho. Mas nesse período ela contraiu uma doença, ficando por alguns meses  sem andar. Procurando recursos para se livrar da maldita doença que ora a perseguia, soube que na região havia um curandeiro, já de idade. Não foi tão difícil, pois dias depois um velho fazia as curas ao pé de sua cama. O tempo foi se passando, finalmente dona Francisca se livrou da maldita e desconhecida doença. 
Com aquele contato de reza vai, reza vem, os dois findaram  consumidos de paixões, e dona Francisca passou a desejá-lo. E no ano de 1955, resolveu abandonar  o seu marido e um filho de sete meses, fugindo com o curandeiro, cujo destino de apoio, Mossoró.
Mas veja bem leitor, quem era o curador. Antonio Luiz Tavares, o ex-cangaceiro "Asa Branca", que deve ter aprendido as milagrosas rezas com o seu ex-comandante, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Pelo que se ver é que dona Francisca da Silva fez o mesmo papelão que fez a rainha do cangaço, Maria Bonita, quando abandonou o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, para acompanhar o afamado Lampião.

José Miguel da Silva - Zé de Neném
A única diferença entre as duas é que Maria Bonita tornou-se cangaceira, e  Dona Francisca jamais participou de cangaço.
Mas  assim que o seu pai, o Máximo Batista tomou conhecimento que ela havia fugido com o rezador, isto é, o "Asa Branca", mandou dois dos seus funcionários procurá-la por todos os recantos de Mossoró.
Já fazia três dias da permanência do casal em Mossoró, e assim que Asa Branca soube que estava sendo procurado, resolveu fugir às pressas com a companheira para Fortaleza, capital do Ceará. Lá, desempregado, foi assistido por um médico, o doutor Lobo, que logo solucionou o seu problema e o empregou em uma mina de ametista.
De Fortaleza foram morar em Itapipoca, posteriormente para Caridade, e lá o casal teve quatro filhos, mas sempre trabalhando na agricultura.
Anos depois a família mudou-se para Macaíba, já no Estado do Rio Grande do Norte. Com alguns anos passados, Asa Branca resolveu retornar a Mossoró, onde aqui criou a sua família e viveu os seus últimos dias de vida.
Nos anos 70, o Dr. José Araújo, ex-dentista e diretor de algumas escolas de Mossoró, juntamente com João Batista Cascudo Rodrigues, conseguiram um emprego na FURRN, atualmente UERN, e Asa Branca trabalhou nela até morrer.
CASAMENTO FEITO ÀS PRESSAS PARA SE EMPREGAR
Como Asa Branca necessitava se empregar, e era necessária a sua documentação para ter direito aos benefícios do INSS, e não querendo retornar a sua terra natal, Cajazeiras do Rio do Peixe, na Paraíba, foi feito um casamento às pressas. Ele resolveu ir à cidade  de Porta Alegre, no Estado do Rio Grande do Norte, e lá fez novos documentos.
De documentos em mãos, foi feito o seu casamento com dona Francisca da Silva Tavares, no dia 14 de Janeiro de 1974, no 4º. Cartório Judiciário em Mossoró, Nº. 6.256, fls. 256, do livro B-16, do Registro Civil de Casamento, assinado pelo tabelião Joca Bruno da Mota.

Foto em seu túmulo
Quando as pessoas o perguntavam quantos ele havia matado, ele respondia: "-Quem sabe é São Miguel, porque é ele quem pesa as almas". 
Nem a sua esposa ele revelou quantos, mas de certeza foram dois: o assassino do seu pai, e um carcereiro em Mossoró. É claro que no bando ele matou muito mais, mas jamais confirmou o total de mortos pela maldita mira do seu mosquetão.               
FAMÍLIA BEM ESTRUTURADA
A família de Asa Branca e dona Francisca é composta de: 04 filhos, 17 netos e 28 bisnetos.
Segundo as pessoas vizinhas dos familiares do ex-cangaceiro,  o Asa Branca, as quais conversamos com elas, todas foram unânimes  e disseram que eles cresceram naquele bairro Bom Jardim, amigos de todos, honestos e trabalhadores e dignos de respeito. Nada desabona a família de Antonio Luiz Tavares, o ex- cangaceiro Asa Branca.



José Mendes Pereira e Adryanna Karla Paiva Pereira Freitas

2 comentários:

  1. Anônimo19:12:00

    Quando dizem que em Mossoró muita coisa funciona diferente ainda tem gente que não acredita.
    E para confirmar de uma vez por todas eu reproduzo logo abaixo um trecho do texto escrito acima, provavelmente de autoria de um mossoroense.
    Pois bem, de acordo com o texto, lá em Mossoró quem condena as pessoas é o promotor de justiça e não o juiz. Certamente o povo da terra de Santa Luzia deve ter outras leis penais e processuais.

    "Logo após a frustrada invasão a Mossoró Asa Branca foi preso pela polícia do Ceará e recambiado para Mossoró, quando foi condenado pelo então promotor Abel Freire Coelho, a cumprir uma pena de 10 anos".

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  2. Amigo anônimo:

    Você tem razão, mas eu voulhe explicar:

    As leis penais aplicadas em réus em Mossoró, são iguais as que são aplicadas no território nacional. Lógico, que quem assina a condenação a um réu, é o juíz, mas quem acusou o cangaceiro Asa Branca foi o promotor de justiça, por essa razão dizemos que foi condenado pelo promotor a cumprir dez anos de cadeia. Sem um promotor de acusação, não haverá condenado. Mas o seu comentário tem sentido.

    Continue acessando este blog e fazendo os seus comentários, pois todos serão postados.

    Muito Grato

    José Mendes Pereira

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