Por: Domingos Ailton
Mais de 300 pessoas compareceram ao lançamento Anésia Cauaçu, de Domingos Ailton, na noite de sábado, dia 29 de outubro último, na Casa da Cultura Pacífico Ribeiro em Jequié, interior baiano. Homenagens foram feitas pelo autor do livro, houve apresentação de repente e do autêntico forró mesa de serra e a mesa dos trabalhos foi composta pelo e por convidados como o advogado Jorge Amado Neto, o historiador Émerson Pinto de Araújo, o escritor Álvaro Ricardo Veiga, representando a Academia de Letras de Jequié, o professor da Uneb – Campus XXI, Vitor Hugo Fernandes Martins, que escreveu a orelha do livro, o secretário de Comunicação e Relações Institucionais da Prefeitura de Jequié, Mário Alves Filho, o ilustrador Gileno Alves, autor do desenho da capa do romance e a jovem Vera trajando gibão, peneira e chapéu de couro em uma alusão a vestimenta de Anésia Cauaçu.
“Foi o lançamento de livro em Jequié que eu já vi reuniu o maior número de pessoas”, afirmou o repórter fotográfico Zenilton Meira, que há mais de 25 anos realiza cobertura jornalística na região. A Casa da Cultura Pacífico Ribeiro, localizada no centro comercial de Jequié, ficou tão lotada que não havia mais espaço para as pessoas se acomodarem. Muita gente não conseguiu entrar no recinto cultural, cujo palco foi transformado pelas decoradoras Dilza Santana e Natália Andrade em um cenário de uma venda antiga (Anésia foi proprietária de um desse tipo de estabelecimento comercial em Jequié). No cenário da venda onde havia feixe de vassouras, pratos de barros, candeeiros, balanças e pesos antigos, panelas de ferro e de barro, resta de alho e rapadura, foi local onde o repentista e cordelista Beija Flor abriu a noite de autógrafos cantando um repente de improviso. Em seguida houve execução do hino de Jequié (letra do poeta Wilson Novaes e música de Acyvando Luz) e pronunciamento do escritor Domingos Ailton, que se reportou ao seu processo de criação literária e a produção literária de Anésia Cauaçu. O romancista contou que escreveu um conto aos seis anos de idade, que teve como base a história de vida de Pedro Januário de Freitas um alagoano de Palmeira dos Ìndios, que nasceu em um tribo indígena, participou do bando de Lampião e conheceu Pe. Cícero. Domingos Ailton forneceu detalhes de como escreveu o texto ficcional, que é baseado em narrativas orais e em fontes escritas como o Jornal A Tarde. O autor do livro homenageou a memória o escritor Jorge Amado, a centenária Alvina Ferreira, que morreu aos 112 anos e conviveu com Anésia Cauaçu, Braulino Antônio de Souza, que conheceu o pai de santo Heitor Gurunga (outro personagem do romance), e o boiadeiro Antônio Ribeiro de Novaes (que revelou dados importantes que embasaram a obra). “Jorge Amado tem influenciado minha produção literária desde a adolescência. Identifico com estilo dele em valorizar a gente simples do povo, em registrar a oralidade e em revelar a dimensão da cultura popular baiana”, afirma o escritor Domingos Ailton. O advogado Jorge Amado Neto e familiares dos outros homenageados in memorian agradeceram a lembrança.
Também foram prestadas homenagens aos guardiões de memória que estiveram presente ao lançamento, a exemplo do historiador Émerson Pinto de Aráujo, o cantor Charles Meira e a mãe do autor, Helena Ribeiro de Novaes, que contribuíram com suas narrativas orais para a produção literária do romance.
No seu pronunciamento, Jorge Amado Neto lembrou de suas ligações afetivas com Jequié. A mãe e a esposa de Jorginho como ele é conhecido são de Jequié e o advogado tem um apreço muito grande pela Cidade Sol. Ele recordou também que durante as comemorações dos 80 anos de Jorge Amado, em 1992, Jequié foi uma das três cidades do interior baiano onde seu avó incluiu no seu roteiro comunicativo (as outras foram Itabuna e Ilhéus onde o autor de Gabriela nasceu e viveu a sua infância). Jorge Amado Neto destacou que a produção literária regionalista de Domingos Ailton é um exemplo para as novas gerações.
Além de compor a programação dos 114 anos de Emancipação Política de Jequié, o lançamento do romance Anésia Cauaçu, de Domingos Ailton, dia 29 de outubro, marcou o centenário do assassinato de Zezinho dos Laços e da carta patente de capitão Silvino de Araújo. O documento foi assinado pelo então presidente da República Hermes da Fonseca, em 11 de janeiro de 1911, concedendo a patente de Capitão Ajudante da 132 Cavalaria da Guarda Nacional da Comarca de Areia a Silvino de Araújo, também conhecido por Silvino do Curral Novo, um canoeiro que se tornou uma forte liderança política de Jequié na República Velha e na Revolução de 1930. A carta patente esteve em exposição durante o lançamento do romance.
As cenas do romance Anésia Cauaçu são iniciadas com a tocaia montada por José e Marcelino Cauaçu e o jagunço Macaúbas para assassinar Zezinho dos Laços, que ocorreu na vida real há exatamente cem anos, dia 26 de outubro de 1911, na Fazenda Rochedo, região da Volta dos Meiras, que hoje é denominada Catingal e pertence ao município de Manoel Vitorino.
O tradicional forró pé de som foi a trilha sonora do lançamento. Enquanto o escritor Domingos Ailton autografava os livro de uma extensa fila, músicos como João Mendes, Mário Alves Filho, Seresteiro, o grupo Xodó da Bahia, Claudinho dos Oito Baixos, Tribuna do Acordeon, Jorge Beck dentre outros tocavam o autêntico forró pé de serra..
Lançamento na Bienal em Salvador
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