Por
Aristóteles Lima(*)
Rubervânio
Rubinho Lima é um jovem escritor pauloafonsino que acaba de lançar mais um
livro. O primeiro foi “Conversas do Sertão”, uma coletânea de contos lançada em
2009. O título já indica a clara opção do escritor pelo regionalismo literário.
Histórias do povo do sertão, sua fala, vestuário, medos, alimentação, tudo
aquilo que chamamos de cor local. Agora Rubinho nos brinda com “Regionalismo
sertanejo”, uma coletânea de quatro estudos sobre seu assunto preferido. A
sequência dos livros deixa clara sua paixão pelo tema. O autor de literatura
regionalista resolve estudar sua própria linha de trabalho.
Em pauta a
atualidade da literatura regionalista, suas origens e alguns dos nomes mais
conhecidos do estilo. O regionalismo surge como afirmação da região, de suas
particularidades, em relação ao conjunto da nação. É uma das manifestações da
literatura moderna. O auge do regionalismo na literatura se dá entre os anos 30
e 50.
Graciliano Ramos, Jorge Amado e José Lins do Rego são alguns dos nomes
mais conhecidos. Uma das características principais desta literatura é a
denúncia dos problemas sociais da região: a seca, a fome, a sede, os desmandos
das elites locais, etc.
Na visão de Rubinho a vigência destes flagelos sociais ainda nos dias de hoje provoca a atualidade deste tipo de literatura.
Jorge Amado
Na visão de Rubinho a vigência destes flagelos sociais ainda nos dias de hoje provoca a atualidade deste tipo de literatura.
Rubinho Lima
Foi bom o
Rubinho tocar neste assunto porque nos dias atuais uma certa leitura
“politicamente correta” tenta desvirtuar o valor do regionalismo. Não são
poucos os que hoje tentam afirmar que Jorge Amado e Graciliano Ramos ao
escrever sobre famintos, cangaceiros e prostitutas negras estariam
estigmatizando os pobres do Nordeste.
Uma leitura mínima sobre o assunto vai
nos mostrar que estes autores eram de esquerda e que viam na literatura um meio
para divulgar o sofrimento dos oprimidos. Seus livros apareceram para um
público que não conhecia a televisão, era por meio deles que a classe média do
sul tomava consciência do sofrimento dos pobres do Nordeste. Algo parecido
aconteceu com o filme (que também é livro) “Cidade de Deus”, quando alguns o
acusaram de estigmatizar os negros que vivem na favela. De tanto se fixar no
conceito de “estigmatização” o “politicamente correto” se esquece da importância
de denúncia social. Como se o Brasil já tivesse superado suas grandes
contradições sociais ou como se não denunciar a situação dos pobres fosse
resolver seus problemas.
Graciliano Ramos
Para nós é
importante que se valorize a literatura regionalista, mas o leitor nordestino
deve ter consciência da amplitude da literatura. Se for verdade que o “sertão é
do tamanho do mundo”, como nos diz
Guimarães Rosa, podemos afirmar que a
literatura é do tamanho do universo. Um dos problemas de ser escritor no
nordeste é a cobrança para que este limite sua obra ao regionalismo. Como se o
Nordeste fosse uma maldição a qual o escritor estivesse preso. A opção pelo
regionalismo é legítima, mas outras opções também o são. O escritor é um
artista livre e decide o caminho para onde quer guiar sua arte. Se a opção pelo
sertão for feita de forma consciente, e não forçada, a arte literária sairá bem
feita. Lendo os trabalhos de Rubinho Lima dá para perceber que ele fez a opção
consciente e certa.
Guimarães Rosa
(*) Aristóteles
Lima Santana, professor de filosofia, escritor e colunista de jornal
http://www.conversasdosertao.com/2011/08/o-regionalismo-sertanejo-de-rubinho.html
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