Há 77 anos, o
terrível encontro entre militares do Governo Getulista e cangaceiros liderados
por Lampião e sua esposa, Maria Bonita, estes pegos de surpresa e quase sem
nenhuma reação na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angico, em
Sergipe, pôs fim à chamada Era do Cangaço. Em meio àquelas árvores retorcidas
da caatinga, resultando num verdadeiro banho de sangue no sertão nordestino, 11
integrantes do afamado bando, incluindo o casal líder, foram mortos e tiveram
suas cabeças decepadas.
Esta tragédia
verdadeira é o tema do grandioso espetáculo ao ar livre e gratuito “O
Massacre de Angico – A Morte de Lampião”, concebido a partir do texto
dramatúrgico escrito pelo pesquisador do Cangaço, Anildomá Willans de Souza,
natural de Serra Talhada, mesma cidade onde Virgolino Ferreira da Silva, o
Lampião, nasceu.
Numa
realização da Fundação Cultural Cabras de Lampião, a montagem chega ao 4º ano
com absoluto sucesso e será apresentada de 22 a 26 de julho às 20h na antiga
Estação Ferroviária.
A frente da
encenação, que conta com mais 80 profissionais entre atores/atrizes, equipe
técnica e produção, está um mestre das grandes encenações teatrais ao ar livre
no Estado, o diretor, ator, dramaturgo e iluminador José Pimentel.
Com
cenas de relances quase cinematográficos, “O Massacre de Angico – A Morte
de Lampião” reconta a vida do Rei do Cangaço, desde o desentendimento
inicial de sua família com o vizinho, Zé Saturnino em Serra Talhada, suas terras
faziam extrema e os jovens viviam em pé de guerra por pura vaidade.
Para evitar
uma tragédia, que de fato aconteceu, seu pai, Zé Ferreira, seguiu com os filhos
para Alagoas, mas acabou sendo assassinado por vingança. Revoltados, Virgolino
Ferreira da Silva e seus irmãos entregaram-se ao Cangaço, movimento que deixou
muito político, coronel e fazendeiro apavorado nas décadas de 1920 e 1930 no
Nordeste. Temidos por uns e idolatrados por outros, os cangaceiros serviram
como denunciantes das péssimas condições sociais daquela época, tanto que a
honra e bravura de Lampião foram decantadas pelos poetas populares, ao mesmo
tempo em que o Governo o via como uma doença que precisava ser eliminada.
Foi pela decisão do então presidente da República, Getúlio Vargas (cena
presente no espetáculo), que as tropas militares conseguiram preparar, após
diversas tentativas, uma emboscada em local propício, de única entrada e saída.
Mas, até sua morte, fatos importantes da trajetória deste homem que marcou a
história do Brasil, afamado como herói e bandido, são revelados, como seu
encontro com Padre Cícero para receber a patente de capitão do Exército
Patriótico; seu amor à esposa, a quem chamava de Santina, a festa da cabroeira
dançando xaxado e coco; culminando com a traição de Pedro de Cândida, coiteiro
que foi torturado pelos militares e acabou informando o local de repouso dos
cangaceiros em terras sergipanas (Lampião foi assassinado aos 41 anos. Maria
Bonita estava com 27).
No elenco, atores de Serra Talhada, mas também do Recife,
Olinda e Limoeiro além da atriz/cantora Roberta Aureliano, que interpreta Maria
Bonita e é natural de Maceió, Alagoas, mas passou toda a infância na Capital do
Xaxado.
Venha viver conosco essa história de traição, amor e ódio.
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