Por Geraldo Maia do Nascimento
Era
integrante da Guarda Nacional de Mossoró, proprietário de terras, criador e
agricultor. Ocupou os cargos de Delegado de Polícia, Juiz de Paz, Presidente e
vereador da Câmara e o de Juiz Municipal suplente.
Simão Balbino Guilherme de Melo
Nascido
em Mossoró a 31 de março de 1816, sendo seus pais o Capitão Simão Guilherme de
Melo e dona Inácia Maria da Paixão. Era irmão do Padre Francisco Longino, o primeiro
mossoroense a ordenar-se padre, que ficou famoso por deixar a povoação em
polvorosa em virtude de uma série de fatos e acontecimentos sangrentos em luta
que sustentou ao longo dos anos com os Butragos, seus inimigos, razão pela qual
ficou conhecido como “o padre cangaceiro”.
Como político, militou nas fileiras do Partido Conservador, sendo grande amigo
do Padre Antônio Joaquim Rodrigues. Foi o segundo Presidente da Intendência,
sendo eleito para o quatriênio 1857 a 1860. Balbino, como chefe da
municipalidade, melhorou a feição urbanística da vila, como nos informa o
professor Raimundo Soares de Brito, promovendo a demolição de um velho
pardieiro de taipa que servia de mercado, além de outros serviços. Autorizou as
despesas necessárias para a abertura de uma estrada partindo da vila, na
direção de Aracati/CE, até o limite da província. Preocupou-se também com a
instrução pública, criando a primeira escola para o sexo feminino, pela lei de
número 478, de 13 de abril de 1860. Durante a sua gestão, o setor da navegação
marítima foi beneficiado com dois melhoramentos: lei do Presidente da Província
mandando construir um armazém no Pontal da Barra de Mossoró e concessão de uma
subvenção de quatro contos de reis para a Companhia Pernambucana de Navegação
Costeira, para que o porto de Mossoró (Areia Branca) fosse incluído nas escalas
do Norte. Autorizou ainda a despesa de um conto de reis para construção de um
cemitério na vila.
Há
evidências de que nesse período, Mossoró tenha recebido a visita do
Padre-Mestre Ibiapina, quando teria fundado uma Casa de Caridade nessa vila.
Essa visita é confirmada por Luís da Câmara Cascudo em uma de suas “Actas
Diurnas”. Ibiapina era um homem culto, filho de Francisco Miguel Pereira e
Teresa Maria. Formou-se em Direito, tendo ocupado cargos na magistratura e na
Câmara dos Deputados. Decepcionado, abandonou a vida civil para seguir o
catolicismo. Aos 47 anos, iniciou uma obra missionária, percorrendo a região
Nordeste em missões evangelizadoras, erguendo inúmeras casas de caridade,
igrejas, capelas, cemitérios, cacimbas d\'água, açudes. Ensinou técnicas
agrícolas aos sertanejos, atuação que inspirou no Nordeste o Padre Cícero e
Antônio Conselheiro, e defendeu os direitos dos trabalhadores rurais.
Simão
Balbino Guilherme de Melo era casado com sua sobrinha, dona Cosma Damiana da
Paixão, nascida em 7 de setembro de 1816, sendo filha de Maria da Paixão e
Alexandre José.
O
casal deixou uma descendência de oito filhos. Ele faleceu em 15 de junho de
1893 e ela em 3 de março de 1899.
Mossoró
homenageou o seu segundo governante emprestando o seu nome a uma rua da cidade.
Geraldo Maia do Nascimento
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