por Valdir José Nogueira de Moura
As guerras de
famílias, marcas distintivas de sociedades rurais, são tão velhas quanto a
Humanidade. No sul brasileiro, os estudiosos deram às disputas o nome de
vendeta, numa referência aos episódios da tradição européia, ocorridos
principalmente na Itália, Córsega e Espanha. No Nordeste, chamam-se questão ou
guerras de parentelas e se faziam em brigas por terras, aguadas (cursos de
água), poder político ou em razão de desfeitas de um líder a outro.
"Nessas regiões, o Estado não estava presente. São áreas distantes, de
difícil acesso. O poder estatal (colonial, imperial ou republicano) só aparece
em momentos de crise. O poder central e suas instituições são vistos como algo
externo àquelas comunidades", afirma o historiador Marco Antonio Villa, da
Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
No lendário sertão do Pajeú, mais precisamente nos municípios de Belmonte e Vila Bela (Serra Talhada) enfrentaram-se mais uma vez os Pereiras e os Carvalhos. A rivalidade entre essas famílias, ambas numerosa e de importância político-social naquela região, desde tempos idos, irrompeu em princípios do século passado, com hostilidades recíprocas, apesar de entrelaçadas em parentesco. Agravando-se dia a dia a situação entre os dois clãs por zelos políticos não querendo uma ceder à proeminência à outra.
Por causa de uma questão havida entre os Pereiras e Carvalhos no município de Belmonte ameaçaram os Pereiras do São Francisco a David Bernardino de Sá Carvalho, septuagenário abastado, por ser ele sogro de Antônio Clementino de Carvalho (Antônio Quelé). A desavença entre as duas famílias se agravou em virtude do livramento de Quelé pelo assassinato de Manoel Pereira Maranhão, fato ocorrido em tempos passados. Estas ameaças obrigaram David Bernardino manter em sua companhia pessoas armadas para sua defesa.
Porém, a guerra entre as duas famílias é reiniciada quando a família Pereira, tenta impedir que João Barbosa Nogueira, do clã dos Carvalhos, nomeado subdelegado do povoado de São Francisco exercesse o cargo e diante disso desacataram-no publicamente, ameaçando-o até de morte. Quando isto aconteceu, houve intervenção pacificadora do Padre Pereira (Manoel Pereira da Silva Jacobina).
Achavam-se as coisas neste estado quando no dia 15 de outubro de 1907 é assassinado de emboscada o coronel Manoel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira), vítima de torpe vingança dos Carvalhos. O crime aconteceu por volta das dez horas do dia, quando ele, de sua fazenda Poço da Cerca, trajando calça e paletó de brim fluminense de quadrinhos e camisa de igual tecido, a cavalo se encaminhava para a feira no vilarejo de São Francisco quando três tiros de carabina, disparados de um serrote próximo, fez tombar da montaria e rolar pelo chão. No momento da fatal emboscada, sua esposa dona Francisca Pereira da Silva (dona Chiquinha) ouviu o estampido dos tiros, mesmo com o aviso feito por Joaquim Anselmo Maranhão, ela correu em direção do local do crime, alcançando o seu marido ainda com vida, porém sem conseguir mais dizer nenhuma palavra. Naquele momento, dona Chiquinha se dirigiu para José Idelfonso e pediu para chamar os seus filhos e familiares.
Era o coronel Manoel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira) filho de Francisco Pereira da Silva (fundador da fazenda São Francisco em Vila Bela, mais tarde vila do mesmo nome, teatro de tantas lutas entre Pereiras e Carvalhos) e de Ana de Sá. Sua esposa dona Chiquinha (Francisca Pereira da Silva) era filha do Barão do Pajeú. O Padre Pereira e dona Chiquinha tiveram cinco filhos: Antônio Pereira da Silva (Antônio Padre) casado com Ana Pereira de Araújo (Santa Marôto); Luiz Pereira da Silva (Luiz Padre), tão conhecido em outras épocas no sertão como seu primo Sinhô Pereira de quem foi amigo e companheiro; Benjamim Pereira; Maria Océria, primeira esposa de Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto) e Ana Pereira. Padre Pereira recebeu esse apelido em virtude da sua passagem pelo seminário de Olinda. Frustrada a carreira eclesiástica, resolveu voltar para o sertão sem ser ordenado.
O Padre Pereira tombou ferido com três balas e trinta caroços de chumbo. As balas pegaram duas no braço e uma abaixo do peito direito, saindo duas na região renal e atingindo um caroço de chumbo o olho direito. No local do crime foram identificadas pegadas ou rastos de três pessoas diferentes, sendo uma descalça e duas de alpercatas.
A este assassinato seguiu-se no dia 18 de outubro de 1907, o assassinato de Joaquim Barbosa Nogueira (irmão de João Nogueira) na sua fazenda Barra, município de Vila Bela bem como o ataque a João Barbosa Nogueira e seu filho José Alves Nogueira em suas respectivas fazendas Serra Vermelha e Mata do Pato, onde grupos armados incendiaram cercas, casas, além de outros estragos bem mais violentos. Quando o grupo destinado a dar fim a Joaquim Nogueira chegou a sua casa este não estava e sim em casa de residência do seu pai que ficava bem próxima a sua. Todavia, quando este senhor voltava para casa, por volta das 13 horas da tarde, bem próximo ao curral, foi alvejado com tiros de bacamarte da gente que estava aquartelada na sua casa, caindo assim ferido e morto a uma certa distância em baixo de uma quixabeira, retirando-se em seguida o grupo em demanda da estrada da fazenda Várzea do Ú. O grupo era composto por Manoel Pereira da Silva (Né Dadu), filho do finado major Manoel Pereira da Silva e Sá e sobrinho do Padre Pereira, Francisco Pereira Maranhão, conhecido por Chicão, Pedro Valões, conhecido como Pedro de Dona, Libório de Purça dentre outros.
Ao assassinato de Joaquim Nogueira e danos causados nas propriedades Serra Vermelha e Mata do Pato, seguiu-se em 21 de outubro do mesmo ano, o assassinato de Eustáquio de Sá Carvalho em sua fazenda Catolé no município de Belmonte. Este senhor era cunhado de David Bernardino. Naquele momento, pelas nove horas da manhã, Eustáquio estava numa cacimba dando água aos bodes quando foi surpreendido por um grupo composto de doze homens dentre os quais Pedro de Dona, Pedro Valões, Pedro de Santa Fé, João Pereira da Silva e Francisco. O sexagenário Eustáquio Carvalho levou o primeiro tiro do cabra Pedro de Santa Fé, recebendo depois mais um tiro e seis punhaladas. Em seguida o cadáver daquele senhor foi envolto em uma rede e levado para a cidade de Belmonte para exame cadavérico e ser sepultado. Apontam informações que os mandatários desse crime foi o coronel Antônio Andrelino Pereira da Silva e Manoel Pereira da Silva (Né Dadu).
As nove da noite o cortejo fúnebre passou no terreiro da casa do velho Joaquim Lucas de Barros na fazenda Serrote seguindo também este senhor com os demais para Belmonte. Sob um clima tenso e inseguro o defunto foi velado na casa do velho Mané Cabeludo (Manoel Nunes de Barros), onde hoje é a casa de dona Edvirgens tabeliã do 2º ofícios de Notas da Comarca de São José Belmonte, e sepultado no cemitério da localidade no dia 22 de outubro de 1907. No ataque feito a João Nogueira, houve cerrado tiroteio no qual saiu ferido Luiz José da Silva e atingido no chapéu por bala Raimundo José do Nascimento, ambos do grupo de Nogueira. João Nogueira era casado com Benvenuta Benigna de Barros sobrinha de Padre Pereira, filha de Manoel Pereira da Silva e Sá (Manoel da Passagem do Meio) e de Úrsula Alves de Barros.
No período decorrido entre esses fatos principais, outros de pequena monta se deram como pega e morte de gado. Na época, o delegado de polícia não procedeu com o devido exame cadavérico do Padre Pereira, uma vez que devido a exaltação dos ânimos tão acirrados, a família não permitiu.
No exame cadavérico de Joaquim Nogueira e Eustáquio Carvalho, foram praticadas as vistorias, do primeiro pelo juiz municipal de Vila Bela, e do segundo pelo Sr. Antônio Luiz de Sena Cavalcanti delegado de polícia de Belmonte, feito juntamente com os peritos: Augusto Nunes da Silva e Manoel Sobreira de Moura.
Com esses incidentes, o ódio recíproco entre as duas famílias recrudesceu pra valer ocasionando completa mudança na política, de há muito limitada a rixas e atritos à-toas entre Pereiras e Carvalhos, transformando-os em terrível luta sangrenta e de destruição.
Praticado o assassinato do coronel Jacobina, procuraram os Pereiras envolver nas malhas da responsabilidade criminal David Bernardino de Carvalho e João Nogueira, dando como executores do assassinato Luiz de França, Manoel Tomé e Mariano Mendes de Moura. Os Pereiras a partir de então começaram a protestar publicamente que passariam a matar Carvalhos e Nogueiras para vingar a morte do Padre Pereira.
Entre diversos indícios da autoria do assassinato do coronel Jacobina, salienta-se o aviso que Vicente Gato, morador nas cercanias, deu ao referido coronel, que dias antes do crime, o dito Vicente Gato estranhou a freqüência de João Nogueira em casa de David Bernardino, sendo que no dia fatídico do crime, o cangaceiro Mariano Mendes apareceu na povoação de São Francisco e desapareceu rapidamente uma vez que era costume esse indivíduo nos dias de feira passar o dia todo naquela povoação. Vicente Gato ainda relatou que o cangaceiro Barra de Aço esteve em sua casa conduzindo duas cartas, cujo subscrito era de tinta encarnada, sendo procedente de David Bernardino para João Nogueira, dizendo ainda que ia chamar o cangaceiro Luiz de França e acrescentou que em breve ia ocorrer um azar em São Francisco que faria até as pedras chorarem. Vicente Gato disse também que soube que João Nogueira quando voltou do Massapê, fazenda de David Bernardino falou prá sua esposa: - compre roupa preta, uma vez que a mesma era sobrinha do Padre Pereira. Dizem que na carta David Bernardino solicitava a João Nogueira os serviços do seu afamado cangaceiro Luiz de França. Manoel Tomé e Mariano Mendes de Moura eram cabras de David Bernardino.
O senhor José Gomes Diniz, na época residente na fazenda Maravilha município de Belmonte, parente comum dos Pereiras, Nogueiras e Carvalhos, relatou que no domingo anterior ao crime João Nogueira foi a casa de David Bernardino passando pela fazenda Preces em casa de Praxedes Nunes de Barros e Ezequiel cunhado de Nogueira, e que sempre soube não existir amizade entre o coronel Jacobina e David Bernardino, muito pelo contrário existia acentuada intriga de família desde que Antônio Quelé, genro de David Bernardino assassinara anos atrás em Vila Bela a Manoel Maranhão sobrinho do coronel Manoel Pereira Jacobina, intriga esta agravada depois por uma questão de um tronco de um cedro tirado em terrenos disputados entre Antônio Quelé e Sinhô Marôto, este sobrinho e genro do dito coronel Jacobina. Para apaziguar esta questão veio o padre de Salgueiro bem como uma pessoa do Cariri, sendo que foi o Padre Pereira que conseguiu intervir na contenda pacificando os ânimos entre Quelé e Marôto, porém isto só aconteceu depois de acirrado tiroteio entre ambos com numeroso grupo. O Sr. José Gomes Diniz também relatou que sempre soube que existia divergências políticas entre João Nogueira e o coronel Jacobina.
Dr. Sigismundo Gonçalves era governador de Pernambuco na época destes acontecimentos. Através de uma rígida ação o mesmo nomeou em missão especial o juiz de direito que na ocasião estava na comarca de Limoeiro, Dr. Jerônimo Materno Pereira de Carvalho, para proceder com o inquérito criminal e apurar os fatos de tão terrível questão.
No lendário sertão do Pajeú, mais precisamente nos municípios de Belmonte e Vila Bela (Serra Talhada) enfrentaram-se mais uma vez os Pereiras e os Carvalhos. A rivalidade entre essas famílias, ambas numerosa e de importância político-social naquela região, desde tempos idos, irrompeu em princípios do século passado, com hostilidades recíprocas, apesar de entrelaçadas em parentesco. Agravando-se dia a dia a situação entre os dois clãs por zelos políticos não querendo uma ceder à proeminência à outra.
Por causa de uma questão havida entre os Pereiras e Carvalhos no município de Belmonte ameaçaram os Pereiras do São Francisco a David Bernardino de Sá Carvalho, septuagenário abastado, por ser ele sogro de Antônio Clementino de Carvalho (Antônio Quelé). A desavença entre as duas famílias se agravou em virtude do livramento de Quelé pelo assassinato de Manoel Pereira Maranhão, fato ocorrido em tempos passados. Estas ameaças obrigaram David Bernardino manter em sua companhia pessoas armadas para sua defesa.
Porém, a guerra entre as duas famílias é reiniciada quando a família Pereira, tenta impedir que João Barbosa Nogueira, do clã dos Carvalhos, nomeado subdelegado do povoado de São Francisco exercesse o cargo e diante disso desacataram-no publicamente, ameaçando-o até de morte. Quando isto aconteceu, houve intervenção pacificadora do Padre Pereira (Manoel Pereira da Silva Jacobina).
Achavam-se as coisas neste estado quando no dia 15 de outubro de 1907 é assassinado de emboscada o coronel Manoel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira), vítima de torpe vingança dos Carvalhos. O crime aconteceu por volta das dez horas do dia, quando ele, de sua fazenda Poço da Cerca, trajando calça e paletó de brim fluminense de quadrinhos e camisa de igual tecido, a cavalo se encaminhava para a feira no vilarejo de São Francisco quando três tiros de carabina, disparados de um serrote próximo, fez tombar da montaria e rolar pelo chão. No momento da fatal emboscada, sua esposa dona Francisca Pereira da Silva (dona Chiquinha) ouviu o estampido dos tiros, mesmo com o aviso feito por Joaquim Anselmo Maranhão, ela correu em direção do local do crime, alcançando o seu marido ainda com vida, porém sem conseguir mais dizer nenhuma palavra. Naquele momento, dona Chiquinha se dirigiu para José Idelfonso e pediu para chamar os seus filhos e familiares.
Era o coronel Manoel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira) filho de Francisco Pereira da Silva (fundador da fazenda São Francisco em Vila Bela, mais tarde vila do mesmo nome, teatro de tantas lutas entre Pereiras e Carvalhos) e de Ana de Sá. Sua esposa dona Chiquinha (Francisca Pereira da Silva) era filha do Barão do Pajeú. O Padre Pereira e dona Chiquinha tiveram cinco filhos: Antônio Pereira da Silva (Antônio Padre) casado com Ana Pereira de Araújo (Santa Marôto); Luiz Pereira da Silva (Luiz Padre), tão conhecido em outras épocas no sertão como seu primo Sinhô Pereira de quem foi amigo e companheiro; Benjamim Pereira; Maria Océria, primeira esposa de Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto) e Ana Pereira. Padre Pereira recebeu esse apelido em virtude da sua passagem pelo seminário de Olinda. Frustrada a carreira eclesiástica, resolveu voltar para o sertão sem ser ordenado.
O Padre Pereira tombou ferido com três balas e trinta caroços de chumbo. As balas pegaram duas no braço e uma abaixo do peito direito, saindo duas na região renal e atingindo um caroço de chumbo o olho direito. No local do crime foram identificadas pegadas ou rastos de três pessoas diferentes, sendo uma descalça e duas de alpercatas.
A este assassinato seguiu-se no dia 18 de outubro de 1907, o assassinato de Joaquim Barbosa Nogueira (irmão de João Nogueira) na sua fazenda Barra, município de Vila Bela bem como o ataque a João Barbosa Nogueira e seu filho José Alves Nogueira em suas respectivas fazendas Serra Vermelha e Mata do Pato, onde grupos armados incendiaram cercas, casas, além de outros estragos bem mais violentos. Quando o grupo destinado a dar fim a Joaquim Nogueira chegou a sua casa este não estava e sim em casa de residência do seu pai que ficava bem próxima a sua. Todavia, quando este senhor voltava para casa, por volta das 13 horas da tarde, bem próximo ao curral, foi alvejado com tiros de bacamarte da gente que estava aquartelada na sua casa, caindo assim ferido e morto a uma certa distância em baixo de uma quixabeira, retirando-se em seguida o grupo em demanda da estrada da fazenda Várzea do Ú. O grupo era composto por Manoel Pereira da Silva (Né Dadu), filho do finado major Manoel Pereira da Silva e Sá e sobrinho do Padre Pereira, Francisco Pereira Maranhão, conhecido por Chicão, Pedro Valões, conhecido como Pedro de Dona, Libório de Purça dentre outros.
Ao assassinato de Joaquim Nogueira e danos causados nas propriedades Serra Vermelha e Mata do Pato, seguiu-se em 21 de outubro do mesmo ano, o assassinato de Eustáquio de Sá Carvalho em sua fazenda Catolé no município de Belmonte. Este senhor era cunhado de David Bernardino. Naquele momento, pelas nove horas da manhã, Eustáquio estava numa cacimba dando água aos bodes quando foi surpreendido por um grupo composto de doze homens dentre os quais Pedro de Dona, Pedro Valões, Pedro de Santa Fé, João Pereira da Silva e Francisco. O sexagenário Eustáquio Carvalho levou o primeiro tiro do cabra Pedro de Santa Fé, recebendo depois mais um tiro e seis punhaladas. Em seguida o cadáver daquele senhor foi envolto em uma rede e levado para a cidade de Belmonte para exame cadavérico e ser sepultado. Apontam informações que os mandatários desse crime foi o coronel Antônio Andrelino Pereira da Silva e Manoel Pereira da Silva (Né Dadu).
As nove da noite o cortejo fúnebre passou no terreiro da casa do velho Joaquim Lucas de Barros na fazenda Serrote seguindo também este senhor com os demais para Belmonte. Sob um clima tenso e inseguro o defunto foi velado na casa do velho Mané Cabeludo (Manoel Nunes de Barros), onde hoje é a casa de dona Edvirgens tabeliã do 2º ofícios de Notas da Comarca de São José Belmonte, e sepultado no cemitério da localidade no dia 22 de outubro de 1907. No ataque feito a João Nogueira, houve cerrado tiroteio no qual saiu ferido Luiz José da Silva e atingido no chapéu por bala Raimundo José do Nascimento, ambos do grupo de Nogueira. João Nogueira era casado com Benvenuta Benigna de Barros sobrinha de Padre Pereira, filha de Manoel Pereira da Silva e Sá (Manoel da Passagem do Meio) e de Úrsula Alves de Barros.
No período decorrido entre esses fatos principais, outros de pequena monta se deram como pega e morte de gado. Na época, o delegado de polícia não procedeu com o devido exame cadavérico do Padre Pereira, uma vez que devido a exaltação dos ânimos tão acirrados, a família não permitiu.
No exame cadavérico de Joaquim Nogueira e Eustáquio Carvalho, foram praticadas as vistorias, do primeiro pelo juiz municipal de Vila Bela, e do segundo pelo Sr. Antônio Luiz de Sena Cavalcanti delegado de polícia de Belmonte, feito juntamente com os peritos: Augusto Nunes da Silva e Manoel Sobreira de Moura.
Com esses incidentes, o ódio recíproco entre as duas famílias recrudesceu pra valer ocasionando completa mudança na política, de há muito limitada a rixas e atritos à-toas entre Pereiras e Carvalhos, transformando-os em terrível luta sangrenta e de destruição.
Praticado o assassinato do coronel Jacobina, procuraram os Pereiras envolver nas malhas da responsabilidade criminal David Bernardino de Carvalho e João Nogueira, dando como executores do assassinato Luiz de França, Manoel Tomé e Mariano Mendes de Moura. Os Pereiras a partir de então começaram a protestar publicamente que passariam a matar Carvalhos e Nogueiras para vingar a morte do Padre Pereira.
Entre diversos indícios da autoria do assassinato do coronel Jacobina, salienta-se o aviso que Vicente Gato, morador nas cercanias, deu ao referido coronel, que dias antes do crime, o dito Vicente Gato estranhou a freqüência de João Nogueira em casa de David Bernardino, sendo que no dia fatídico do crime, o cangaceiro Mariano Mendes apareceu na povoação de São Francisco e desapareceu rapidamente uma vez que era costume esse indivíduo nos dias de feira passar o dia todo naquela povoação. Vicente Gato ainda relatou que o cangaceiro Barra de Aço esteve em sua casa conduzindo duas cartas, cujo subscrito era de tinta encarnada, sendo procedente de David Bernardino para João Nogueira, dizendo ainda que ia chamar o cangaceiro Luiz de França e acrescentou que em breve ia ocorrer um azar em São Francisco que faria até as pedras chorarem. Vicente Gato disse também que soube que João Nogueira quando voltou do Massapê, fazenda de David Bernardino falou prá sua esposa: - compre roupa preta, uma vez que a mesma era sobrinha do Padre Pereira. Dizem que na carta David Bernardino solicitava a João Nogueira os serviços do seu afamado cangaceiro Luiz de França. Manoel Tomé e Mariano Mendes de Moura eram cabras de David Bernardino.
O senhor José Gomes Diniz, na época residente na fazenda Maravilha município de Belmonte, parente comum dos Pereiras, Nogueiras e Carvalhos, relatou que no domingo anterior ao crime João Nogueira foi a casa de David Bernardino passando pela fazenda Preces em casa de Praxedes Nunes de Barros e Ezequiel cunhado de Nogueira, e que sempre soube não existir amizade entre o coronel Jacobina e David Bernardino, muito pelo contrário existia acentuada intriga de família desde que Antônio Quelé, genro de David Bernardino assassinara anos atrás em Vila Bela a Manoel Maranhão sobrinho do coronel Manoel Pereira Jacobina, intriga esta agravada depois por uma questão de um tronco de um cedro tirado em terrenos disputados entre Antônio Quelé e Sinhô Marôto, este sobrinho e genro do dito coronel Jacobina. Para apaziguar esta questão veio o padre de Salgueiro bem como uma pessoa do Cariri, sendo que foi o Padre Pereira que conseguiu intervir na contenda pacificando os ânimos entre Quelé e Marôto, porém isto só aconteceu depois de acirrado tiroteio entre ambos com numeroso grupo. O Sr. José Gomes Diniz também relatou que sempre soube que existia divergências políticas entre João Nogueira e o coronel Jacobina.
Dr. Sigismundo Gonçalves era governador de Pernambuco na época destes acontecimentos. Através de uma rígida ação o mesmo nomeou em missão especial o juiz de direito que na ocasião estava na comarca de Limoeiro, Dr. Jerônimo Materno Pereira de Carvalho, para proceder com o inquérito criminal e apurar os fatos de tão terrível questão.
http://www.belmontediario.com.br/2015/03/a-morte-do-padre-pereira-e-velha-rixa.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário