"Foi
preso pela Polícia baiana, nos limites do Ceará, depois de difícil perseguição
pelos sertões deste Estado, de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, Antônio José dos
Santos, vulgo “Gitirana”, último dos bandoleiros que infestavam o sertão.
Gitirana cercado pela polícia prometeu entregar-se, mas aproveitando o
relaxamento de perseguição fugiu, afinal, sendo detido no município
pernambucano de Salgueiros. Gitirana tem 26 anos de idade sendo já famoso por
proezas cometidas no bando de Lampião. Preso indicou à polícia o local das
caatingas onde escondera o seu armamento composto de um fuzil tipo 1908, uma
pistola automática e abundante munição para ambas."
“O GLOBO” –
07/08/1940
Gitirana, a
companheira e a filha
A Prisão de
“Gitirana” representa o fim definitivo do cangaço nos sertões da Bahia.
É breve a
história do último cangaceiro que a polícia baiana deteve.
“Gitirana”,
órfão de pais, vivia no município de Pão de Açúcar, em Alagoas, onde cresceu e
se fez homem, sob o fascínio das lendas e contos em torno dos cangaceiros.
“Lampião”, “Corisco” eram nomes de legenda cujas façanhas um grupo de jovens
ambiciosos imaginava poder reproduzir, pois só se atribuem à sedução dos feitos
de valentia e bravura dos sinistros taladores do sertão nordestino.
“Gitirana”
cujo pendor era acentuado para a vida aventurosa do banditismo, foi um dia
convidado, por um emissário de “Corisco” para participar de seu bando. Aceitou,
orgulhosos, e desde então figurou no grupo assassino, igual em crueldade ao
chefe e aos companheiros de crime. Mas teve desilusões. A vida de que ele
participou com requintada perversidade e temerária audácia ofereceu-lhe
reversos de desencanto, principalmente na parte que diz com a perseguição da
polícia. No arraial da Carira, viu, certa vez, uma cabocla de que gostou.
Levou-a consigo.
Era Maria de
Jesus que aparece na fotografia junto do cangaceiro. Talvez tenha sido por ela
que veio a abandonar os companheiros, e refugiar-se às margens do São
Francisco. Aí soube que a polícia o buscava. Voltou ao sertão para viver numa
disparada inquieta, sempre perseguido por forças volantes. Resolveu, afinal,
entregar-se e agora está recolhido à Cadeia da Bahia onde espera julgamento
pelos crimes que cometeu.
E a caatinga
ficou liberta do seu último cangaceiro.
O GLOBO –
09/08/1940
Postagem Facebook - Gentileza de Antonio Correa Sobrinho
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