Por Geziel Moura
É possível
enxergar o mundo do cangaço como ambiente militarizado?
A maioria dos
cangaceiros eram forjados por homens que trabalhavam a terra e cuidavam da
pecuária, isto é, nunca participaram de treinamentos militares formais, exceção
se faz, em Jararaca e Corisco por terem servido ao exército. Entretanto, mesmo
na condição de civil, podemos pensar na militarização nos grupos ou bandos, a
partir de elementos que remetem aos usos e costumes da caserna, e que eram
praticados por aqueles.
O cangaceiro Corisco
Nessa direção,
a hierarquia militar que se constituiu em cadeia de comando, se fez presente em
tais grupos de cangaceiros, na medida em que, sempre havia a figura dos comandantes,
dos lugares-tenentes e dos subalternos, inclusive com promoções na forma criada
por eles.
Além da
hierarquia, pode-se verificar que as patentes militares se materializavam no
cotidiano do cangaço. No conhecido encontro do bando de Lampião com Padre
Cícero, em março de 1926, na cidade de Juazeiro - CE, para compor as linhas do
batalhão patriótico, fora franqueando de forma embusteira, a Virgolino
Ferreira, Antônio Ferreira e Sabino Gomes, as patentes de capitão, tenente e
sargento respectivamente, o que foi aceito de bom grado.
Lampião e Antonio Ferreira
A patente de
capitão nos parece adequada, pois no uso militar ela se configura a posto de
oficial, comum na maioria dos exércitos do mundo, e que corresponde ao
comandante de companhia de soldados, portanto não mais justo diante do ofício
de Lampião.
Outro elemento
militar que podemos destacar nos bandos, era espécie de ordem unida, que são
movimentos cadenciados, harmoniosos e equilibrados de marchas militares, cuja
visibilidade se encontra no filme de Benjamim Abraão, de 1926.
Podemos,
ainda, pensar outros elementos militares, como armamento, táticas de guerra e
atitudes militares. No entanto, para este momento me deterei em analisar a
utilização do item militar, que para mim, se tornou um dos mais emblemáticos,
as Perneiras.
É razoável
pensar que as Perneiras ou Polainas, como artefato militar, surgiu para compor
a indumentária do soldado, desde o século XVIII. Assim, sua função é/era
proteger as pernas e joelhos, pois é instalada da parte inferior do joelho até
o peito do pé.
Cangaceira Inacinha companheira de Gato
Assim, por
meios de diversas imagens, é possível ver o uso das perneiras, dentre os
cangaceiros e volantes, infestadas de ilhoses, unindo a função de segurança com
a expressão estética do cangaço.
Corisco era
contumaz utilizador das perneiras, provavelmente, o Diabo Louro a tenha
conhecida na época em que serviu ao Exército, em Aracaju, no ano de 1923, tendo
a adotada durante sua trajetória no cangaço, pura conjectura minha.
Fotos:
Benjamin Abrahão
Texto: Geziel Moura
Texto: Geziel Moura
Página:
Geziel Moura
Grupo:
Historiografia do
Cangaço
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