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segunda-feira, 2 de abril de 2018

A PRISÃO DE OTÍLIA

Por Vanessa Campos
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Mulher “macha” era ela. Presa durante um tiroteio entre a volante e o bando de Corisco nas proximidades de Jeremoabo (Bahia), numa manhã de maio de 1935, Otília foi levada  para a cadeia. Apanhou muito e foi torturada durante dias pelo tenente Saturnino   para   que revelasse os segredos do Cangaço. Não contou nada. Saturnino acabou desistindo e mandou soltá-la. Não foi processada.

Entretanto, na prisão sem agressões, deu entrevista espontânea para o Diário de Notícias, de Salvador e fez   revelações. Disse   que os cangaceiros chamavam Maria Bonita de Basé, que ela era teimosa, brigava com Lampião   por ciúmes, e o apelido era merecido. Contou ainda como foi  perseguição da polícia e a fuga dela e de Dadá, ambas grávidas para a Serra do   Periquito, em Pernambuco onde tiveram os filhos. Dadá pariu   primeiro,   no dia 11 de março e ela, dias depois.

A criança de Otília, com três dias de vida foi entregue ao padre Firmino Pinheiro,   da Paróquia de Mata Grande, Alagoas  com   um   bilhete: 

“Padre Firmino, mando esse menino para o senhor criar. Ele não tem culpa dos erros do pai. Nasceu a 21 de abril às 08 horas da noite, filho   de Mariano Laurindo Granja e de Otília Maria de Jesus. Peço ao senhor para ser o padrinho e Nossa Senhora, a madrinha. Seu criado, Mariano Granja”.

O menino recebeu o nome de José.

Otília Maria de Jesus era a companheira do cangaceiro Mariano. Entrou   no Cangaço aos 21 anos e permaneceu quatro. Baiana, morena clara, estatura média. Contam que casou novamente e estava viva até 1965.

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