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sábado, 15 de dezembro de 2018

QUASE QUE O MATOU POR PIEDADE


Por José Mendes Pereira

Sei que você poderá achar que esta história é fictícia, mas não é. Muitas de minhas simples histórias aconteceram mesmo, só que eu não posso citar os nomes verdadeiros para que ninguém venha me reclamar ou me prejudicar no futuro, por isso crio nomes para os personagens das histórias que me dão direitos a me defender caso seja preciso por meras coincidências.

Eu conheci muito a pessoa que foi vítima nesta minha simples história, mas o causador do reboliço eu apenas o conhecia passando em frente à minha casinhola, mas isso em anos muitos distantes, e nunca mais o vi e nem sei se ainda é vivo.

Jorge é vendedor ambulante de roupas, sandálias, chapéus de palha, de massa, lençóis, toalhas, colchas e além de restritas redes. Dentro da cidade de Mossoró o Jorge conhece todos os bairros e sabe muito bem os bons e péssimos fregueses. Afinal, é o maior vendedor que todos os dias o Jorge bate nas portas dos mossoroenses para vender as suas mercadorias. O Lúcio é um jovem que tem mais ou menos 30 anos e é o seu ajudante de confiança, além da boa amizade que os dois mantêm que nasceu no meio das vendas, das cachaças e das farras.

Infelizmente, o Jorge agora está doente e muito doente. Procura o médico para consultá-lo e saber o que está acontecendo com ele. O médico exige exames. O Jorge faz o possível e realiza todos os exames solicitados pelo esculápio.
Com todos os exames em mãos que recebera dos laboratórios o Jorge vai à presença do médico para receber o resultado. Mas o pobre homem está condenado para morrer. Está com câncer já caminhando para fase terminal. O Jorge acama-se e não tem mais milagre que o faça ser curado.

O Lúcio está apavorado e muito apavorado. O único amigo de fé que tem vai desaparecer do mundo. Sua permanência no seu meio não demorará. O dia todo o Lúcio está pensativo. Mesmo assim, não sabe com será a sua vida de agora em diante. Não sabe fazer outra coisa a não ser ajudar o amigo. É um jovem que pouco valorizou os estudos.

O Jorge passa o dia todo em gritos. As dores que são responsáveis pela sua partida para outra esfera são terríveis, e o deixam sem sossego sobre o seu leito. Quase não dorme nada. Passa a noite toda em claro e se lastimando do que ganhara. Chama por todos os santos e nenhum aparece para ajudá-lo, pelo menos para que ele morra sem sentir dores. Os dias estão se passando e o Jorge está emagrecendo muito, e não restam em seu corpo mais do que 50 por centro de carnes.

O Lúcio acompanha aquele sofrimento com o coração partido, e sem mais esperança de uma melhora. A cada momento, o Jorge quer morrer mais rápido. Precisa se livrar daquelas dores. O medicamento que faz passar as dores não mais faz efeito.

O Jorge pede ao Lúcio que o mate o quanto antes, porque não mais suporta tamanhas dores. A Lúcio não aceita o pedido que lhe fez o Jorge e diz que não tem coragem de liquidar a vida de ninguém, principalmente a vida de um amigo.

O Jorge implora, implora até que o Lúcio se convence e decide assassinar o amigo de muitos anos, não por maldade, mas para acabar com aquele sofrimento terrível de uma vez por toda do seu amigo.

O Lúcio quer evitar, mas é novamente implorado pelo Jorge para praticar o assassinato. O Jorge se prepara para receber a morte e sabe que vai se livrar das malditas dores, mas aparecerão outras dores que talvez sejam maiores do que as dores do câncer. Mas ele está preparado para tal fim. O Lúcio vai assassiná-lo com uma faca peixeira.

Do outro lado do quarto alguém ouve toda conversa e convoca quem por ali está por perto para defender o Jorge da maldita faca que já está afiada. O Lúcio leva a faca para cima e fica querendo enfiá-la peito magro do Jorge, e é nessa hora que todos correm para evitarem a morte antecipada do Jorge.

O Lúcio sai às carreiras de dentro do quarto e se enfia no quintal da casinhola, e lá, pula o muro e vai embora sem destino. Os familiares ligam e chamam a polícia. Mas já era tarde. Nessas alturas, o Lúcio já está muito distante da li.

Após livrar o flagrante o Lúcio se apresenta às autoridades e diz o porquê de ter feito isto contra o amigo. Queria apenas acabar com aquele sofrimento do velho e seu patrão companheiro. O resto vocês sabem como aconteceu. Na justiça recebeu o que era merecido.

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