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sábado, 21 de dezembro de 2019

PROVAÇÃO, HERANÇA E UM LONGO AMOR.


Por João Filho De Paula Pessoa‎


Durvinha e Moreno em 1936 no cangaço e em 2006 (setenta anos depois) em Belo Horizonte.

Em 1930, Moreno trabalhava na fazenda do Sr. Antonim, em Pernambuco. Certo dia chegou lá o Bando de Moderno (Virgínio), composto por ele, Luiz Pedro, Maçarico, Fortaleza e Medalha e deixaram um recado para seu patrão de que voltariam em breve para pegar duzentos mil réis. Ao retornar, o bando trazia consigo um coiteiro amarrado que os teria traído. O bando recebeu o dinheiro e ficou três dias acampado na fazenda, com o refém.

Moreno se aproximou e conviveu estes dias com o bando. Na partida dos Cangaceiros Moreno manifestou vontade de acompanhá-los. Moderno então lhe impôs uma provação de valentia para seu ingresso, que seria matar o coiteiro traidor. Moreno então, mirou uma arma no peito do refém e atirou, matando-o friamente, sendo então aceito no bando. 

Luiz Pedro deu-lhe o apelido de Moreno, vez que seu nome era Antônio, e assim, seguiu no grupo. Logo após, Durvinha, também entrou no bando como mulher do chefe Moderno, formando um bonito e amoroso casal. 

Em 1936, Moderno foi morto em combate e o bando começou a se dispersar. Moreno levou Durvinha a uma estrada para que ela retornasse à sua família. Na despedida perguntou-lhe se ela queria seguir no cangaço em sua companhia, proposta que ela aceitou e assim retornaram à caatinga. Ele reagrupou o bando novamente e assumiu a liderança com firmeza e valentia, seguindo em frente naquela vida nômade e clandestina. 

No dia da Morte de Lampião em 1938, eles estavam em Mata Grande, distante 70 km da emboscada. Apesar da morte do capitão e o declínio do cangaço seguiram firmes, sem se entregar. 

Em 1940, com a morte de Corisco, resolveram então fugir, despojaram-se de seus adereços e armas do cangaço, esconderam na caatinga e seguiram para Minas Gerais, onde viveram no anonimato por quase setenta anos. Trabalharam, tiveram filhos e viveram em paz. 

Em 2005, pressentindo a aproximação da morte resolveram contar seu segredo à seus filhos, que tornaram aquela história de sobrevivência pública, com registrados em reportagens e livros. 

Durvinha e Moreno viveram juntos por 72 anos. Ela faleceu em 2008 com 92 anos, e ele em 2010, com 99 anos, na mais longa história de amor do cangaço. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza, 20/12/2019.


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