Por João Filho de Paula Pessoa
Em 1936 o sub-grupo do Cangaceiro Gato foi atacado na Fazenda Picos/Al, pelo
ten. João Bezerra. No combate Inacinha, companheira de Gato, que estava
grávida de 08 meses, foi baleada nas nádegas, tendo a bala atravessado seu
corpo, sem contudo atingir o bebê.
Gato tentou carrega-la, mas devido o peso e
lesão não conseguiu, deixando-a para trás e fugindo para salvar sua vida. Logo
após, Gato, o mais cruel e mortífero dos cangaceiros, que já tinha matado seu
cunhado deixando sua irmã viúva e grávida, e mais sete pessoas de sua própria
família, e tentado cortar a língua de sua mãe, resolve resgatar sua amada,
convidando Corisco e Moderno para um ataque à cidade de Piranhas para tal fim,
onde acreditava que Inacinha estava presa.
No caminho Gato disseminou um rastro
de horror, sofrimento e morte por onde passou, matou todos que encontrou à sua
frente, pelo menos onze pessoas inocentes e ainda sequestrou um jovem de quinze
anos na entrada da cidade a quem indagou se alí havia “macacos” (soldados),
tendo o jovem respondido que não, pois tinha visto o Delegado e seus oito
soldados fugirem da cidade ao perceberem a chegada dos cangaceiros, deixando os
moradores desguarnecidos e a mercê da própria sorte, que sem alternativas se
armaram e se entrincheiraram em suas casas para se defender.
Ao entrarem na
cidade, os cangaceiros foram recebidos à bala e acreditando que eram soldados,
Gato achou que o rapaz tinha mentido e o sangrou na mesma hora na frente das
súplicas de sua mãe, no entanto, logo após, o enlouquecido Gato levou um tiro
certeiro na coluna, estraçalhando-a que o deixou moribundo, sendo carregado em
agonia por seus companheiros na fuga, vindo a morrer dolorosamente três dias
depois nas brenhas da caatinga.
Inacinha não estava em Piranhas e sim em Olho
D´água do Casado, chegando à Piranhas somente após o ataque, ficando pouco
tempo presa em virtude do ferimento e da gravidez avançada, mas tempo
suficiente para conhecer e se engraçar por um soldado chamado “pé na tábua” com
quem se casou após a prisão. O filho de Gato nasceu e foi doado.
(João Filho de
Paula Pessoa, Fortaleza/Ce) 10/12/2019.
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