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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A PAIXÃO E A GRATIDÃO DO PASSARINHO.

Por João Filho de Paula Pessoa

Passarinho era um cangaceiro meio solitário, embora fizesse parte do Bando de Corisco, muitas vezes andava e agia sozinho. Certa vez, em alto grau de embriagues, tentou assaltar alguns mercadores viajantes que passavam próximo ao povoado de Macambira/Ba, mas estes estavam armados e reagiram a tiros e Passarinho, embora bêbado, conseguiu fugir, no desespero de sua fuga sequestrou um jovem para lhe mostrar as melhores trilhas de saída. 

O pai deste garoto, José Cassiano ao saber do sequestro de seu filho empreendeu perseguição ao cangaceiro, em companhia de outro filho, rastejando seus passos. Ao encontrar Passarinho travaram uma intensa luta corporal, tendo Passarinho lesionado José Cassiano na perna à punhal, mas este juntamente com os filhos dominaram e amarraram o Cangaceiro. 

A orientação governamental da época era para matar o cangaceiro e decapita-lo, pois não era crime matar cangaceiro, sendo que, aquele dia específico era uma Sexta Feira da Paixão, uma Sexta Feira Santa, e a religiosidade e tradição local não permitiram aquele ato de violência e morte naquele dia. 

Desta forma, José Cassiano e seus filhos prenderam Passarinho amarrado numa casa de taipa local e mandaram avisar às autoridades, que no outro dia foram pegar aquele cangaceiro, já sóbrio e envolvo à muitos curiosos e o levaram preso e vivo à Salvador. 

Nos Anos 50, após o fim do cangaço e a anistia dos cangaceiros, Passarinho retornou ao local, especificamente à casa de José Cassiano e seus filhos, a quem pediu desculpas pelo seu ato e agradeceu por sua vida, por estes não terem lhe matado, pois tinham todos os motivos para isto e a lei à seu lado, mas mesmo assim não fizeram e ele estava vivo graças àquela família, podendo assim seguir sua vida em paz. 

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 30/12/2019


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