Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.390
Para o escritor contista Fábio Campos
Houve época em Santana do Ipanema que, por isso ou por aquilo, não aconteciam mais jogos do Ipanema e nem do Ipiranga, os times mais competitivos da cidade. Nada de programa de calouros, nada de brigas de galo, nada de banhos no rio. Talvez para quebrar a monotonia dos domingos sem diversões, jovens senhores ligados ao campo inventaram as brigas de touros, na periferia. Isso foi antes da criação do Parque de Vaquejadas Bela Vista, no Bairro Camoxinga, lugar atualmente repleto de residências, imediações do Centro Bíblico. A novidade começou a atrair apostadores e aficionados. Um pouco antes, um pouco depois o esporte voltou-se para corridas de cavalos. Começaram a surgir curiosos, desportistas, entendidos, apostadores e multidões para os eventos.
Com o sucesso das corridas, era necessário um lugar plano e longo para acomodar animais e gente. Assim foi escolhido o sítio Barroso que possuía as características necessárias, no lugar onde hoje existe o Cemitério São José. Multidão vencia ligeiro os 2 ou 3 quilômetros do Centro até ali e ficava ao longo da estrada formando um corredor. Nada de segurança, nem cordas, nem bancadas, nem cercas... Apenas a coragem do corredor humano no qual disparavam éguas e cavalos. As corridas desses animais eram sucesso absoluto com muita torcida e preferências. Uns até diziam que “o cavalo não vence a égua, porque não corre na frente de fêmea”. Mas chovia de apostas, cavalo contra cavalo, cavalo contra besta. As corridas aconteciam entre dois animais por rodada.
Diz o povo que “o que é bom dura pouco” e assim foi encurtada a duração das corridas com uma fatalidade em que se pagava para vê. Em uma dessas belas carreiras, um cidadão morador da Rua Benedito Melo (Rua Nova), de nome Jacinto Vilela, muito querido em Santana, levou peitada de um dos cavalos em ação, vindo a falecer. Houve grande comoção em Santana do Ipanema. Não lembramos se teve algum tipo de punição ou apurações dos fatos, o certo mesmo é que, com a tragédia anunciada poderia ter acontecido com qualquer outra pessoa daquela imprudente multidão. Santana de luto, fim das corridas de cavalos.
Para a juventude santanense, só existe sobre o caso, essa crônica de hoje e mais nada. Deixamos a multidão, cavalos, prado, apostas... E montamos apenas nos livros ou nas “livras” (cavalos e bestas) que nos transportaram para o FUTURO.
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