Fotos: Ricardo Morais – @imagemepoesia.
Vamos Ter Algo Que Realmente Valorize e Democratize Com a População Natalense a Sua Rica História, Ou Uma Mera “Exposição de Banners”?
Rostand Medeiros
Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Tenho acompanhado através da imprensa as idas e vinda relativas ao destino do prédio e da área histórica da RAMPA, um dos locais mais representativos da história da aviação e da Segunda Guerra Mundial no Rio Grande do Norte.
O Governo do Estado informa através da imprensa que o Complexo Cultural da Rampa terá 2.800 m² de área construída, salas para exposições, bar, café, loja de lembranças e souvenires, banheiros, mirante, píeres, deck e etc.
Tenho igualmente lido, ouvido e visto muita preocupação, justíssima por sinal, sobre a destinação financeira dos recursos para a transformação da velha RAMPA, no bairro de Santos Reis, em Natal. Leio muito sobre a questão da participação limitada dos artistas locais, sobre um possível favorecimento de artistas de fora, com a aquisição de obras caríssimas, sem ligação com o significado do local.
Todas as informações e preocupações sobre aquele espaço são relevantes e interessantes para o debate. Mas não tenho visto maiores referências, sobre algo muito relevante – COMO FICARÁ A DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO HISTÓRICA DAQUELE QUE SEGURAMENTE É UM DOS LOCAIS MAIS REPRESENTATIVOS DA HISTÓRIA DA AVIAÇÃO E DA SEGUNDA GUERRA NESSE ESTADO?
Percebo que o tema da aviação histórica e da participação de Natal na Segunda Guerra Mundial é um dos (poucos) momentos históricos mais comentados e referenciados pelos natalenses, independentemente de sua condição social e nível de escolaridade.
Talvez muitos imaginam que os temas referentes a história da aviação no Rio Grande do Norte sejam restritos a um segmento limitado e abonado da população de Natal. Isso para mim é puro engano.
Nunca deixei de conseguir em minhas pesquisas, principalmente nas áreas de Santos Reis e Rocas, ótimas entrevistas com pessoas que testemunharam a chegada e passagem dos “mais pesados que o ar”.
A área histórica da RAMPA, assim como as áreas históricas da Base de Parnamirim, são os locais mais representativos desses momentos tão intensos e importantes na história potiguar. É imprescindível e fundamental que essa história não fique relegada a algo sem profundidade e qualidade. Tenho medo que a informação histórica sobre a RAMPA fique restrita a uma mera “exposição de banners”.
E logo, em dezembro de 2022, vai acontecer o centenário da chegada da primeira aeronave ao Rio Grande do Norte, quando amerissou nas águas tranquilas do Potengi o hidroavião de Pinto Martins. Como isso será lembrado?
Como serão lembrados os voos históricos e heroicos que utilizaram Natal como local de destino, ou ponto de apoio. Voos realizados por homens e mulheres de dezenas de nações, onde em todas seus nomes e seus feitos são lembrados e rememorados com veneração e respeito?
Se houve algo durante a primeira metade do Século XX que colocou o nome de Natal em destaque a nível mundial, foi a sua ligação com a aviação mundial, proporcionada pela sua invejável posição estratégica na área do “Cinturão do Atlântico”.
Por essa história e por essa memória, tem que existir nesse novo complexo da RAMPA elementos concretos claros que valorizem esse momento e estejam à altura de sua história!
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